Publicado em 18/03/2021 às 04:49:00
A pandemia do coronavírus tem pautado grande parte das decisões artísticas da Globo em 2021, inclusive suas próximas atrações de dramaturgia. Neste momento, a cúpula do canal cogita tirar do país uma série de produções previstas para entrarem em estúdio no segundo semestre, inclusive a série sobre a trajetória da ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018 após uma emboscada.
Segundo apurou o NaTelinha, as direções da Globo e do Globoplay se reuniram para definir um cronograma de gravação para as próximas séries da TV aberta e também para o streaming, mas todos concordaram que não há condições de se estabelecer datas neste momento em que o Brasil vive no pico de mortes e de casos do coronavírus. Diante do impasse, que vem impossibilitando até a volta das novelas, já que novas reprises foram programadas, como Império (2014), que retorna à faixa das 21h depois dos capítulos finais de Amor de Mãe.
Fontes confirmaram à reportagem que durante a reunião uma proposta foi feita pelo diretor do Globoplay, Erick Brêtas, de levar algumas produções para serem gravadas em algum estúdio dos Estados Unidos. Neste momento, a plataforma tem acordo com diversas produtoras de outros países, como a Sony, para gravações de obras feitas em parceria, mas ainda sem gravações previstas para o país americano.
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A proposta de Erick teria agradado à toda a cúpula da Globo, principalmente Ricardo Waddington, porque poderia funcionar como um escape para que a Globo e também o Globoplay ofereçam conteúdo inédito garantido no fim do ano ou, no máximo, no início de 2022. Além disso, a contrapartida é a internacionalização da marca, pois as gravações ocorreriam em Hollywood ou em Toronto, onde funcionam boa parte dos estúdios.
A primeira produção apontada nos bastidores como a que pode ser levada aos EUA é a que contará a trajetória de Marielle Franco e que está sob a tutela de José Padilha, que é muito conhecido nos EUA e já tem todos os contatos necessários para fazer a produção no país, se for preciso. Com um nome forte no mercado e gravações na principal indústria de audiovisual do mundo, a cúpula global considera que pode ser o pontapé inicial para o Globoplay se firmar em terras internacionais.
A ideia, no entanto, não é vista com bons olhos pelo setor comercial por alguns impeditivos que irão encarecer a produção. A primeira delas é a contratação de estúdios e equipe técnica, que teria de ser dos EUA, já que não é possível tirar tantos profissionais da área dos Estúdios Globo. E enquanto os funcionários da emissora carioca recebem em reais, os terceirizados na Terra do Tio Sam seriam contratados em dólar, que atualmente beira os seis reais, ou seja, um encarecimento que pode deixar uma produção praticamente inviável.
Além disso, a dinâmica de gravação pode prejudicar os produtos. Uma fonte explicou ao NaTelinha que uma série leva, em média três ou quatro meses de gravação e, para deixar um elenco todo gravando por este período num país como os EUA os custos seriam altos, já que caberia à Globo pagar todas as despesas, entre alimentação e hospedagem.
A solução internacional
A mesma fonte, no entanto, explicou que o diretor do Globoplay prometeu levantar um estudo para viabilizar o projeto e a ideia dele é antecipar um projeto que estava previsto apenas para 2023, o de parcerias internacionais. Na prática, a intenção é permitir que outra emissora ou estúdio banque parte das produções e fique responsável por ela, ajudando nos custos.
Como contrapartida, essa parceria teria os direitos internacionais da produção para ela ser comercializada. Na prática, se a série sobre Marielle for feita nos Estados Unidos, em parceria do Globoplay com a AT&T, por exemplo, a série poderia ser vendida para o mundo todo pela HBO Max.
A ideia agradou, mas ainda não há uma decisão sobre o assunto e novas reuniões deverão acontecer nos próximos dias para definir a viabilidade do projeto e quais séries poderiam ser escolhidas.
Procurada pela reportagem, a Globo não se manifestou.
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