Publicado em 05/08/2022 às 07:33:20,
atualizado em 05/08/2022 às 08:14:29
Morreu na madrugada desta sexta-feira (5), às 2h30, o apresentador, ator, escritor, diretor e humorista Jô Soares, aos 84 anos de idade. Ele estava internado desde o dia 28 de julho no Hospital Sírio Libanês, na região central de São Paulo, e tratava uma pneumonia.
A causa da morte não foi divulgada, mas o enterro e velório serão reservados à família e amigos. O anúncio aconteceu por Flávia Pedra, ex-mulher de Jô. Posteriormente, o próprio hospital confirmou a informação.
"Viva você, meu Bitiko, Bolota, Miudeza, Bichinho, Porcaria, Gorducho. Você é orgulho pra todo mundo que compartilhou de alguma forma a vida com você. Agradeço aos senhores Tempo e Espaço, por terem me dado a sorte de deixar nossas vidas se cruzarem", iniciou ela através do Instagram.
E agradeceu: "Obrigada pelas risadas de dar asma, por nossas casas do meu jeito, pelas viagens aos lugares mais chiques e mais mequetrefes, pela quantidade de filmes, que você achava uma sorte eu não lembrar pra ver de novo, e pela quantidade indecente de sorvete que a gente tomou assistindo".
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Jô começou na TV na extinta Praça da Alegria (1956-1967) em 1956. Posteriormente, atuou em Ceará Contra 007 (1965) na Record e fez parte da Família Trapo (1967-1971) também na emissora.
Ele entrou na Globo em 1971 no programa Faça Humor, Não Faça Guerra. Em 73, estreou no humorístico Satiricom em 77 integrou O Planeta dos Homens.
No ano de 1987, seu contrato com a Globo venceu e ele encarou o desafio de se mudar para o SBT, já que tinha o sonho de apresentar um prgorama de entrevistas.
Somente no ano 2000, retornou à Globo, onde ficou até 2016 com o seu Programa do Jô. "Não foi por uma questão salarial, porque a contraproposta do SBT era muito alta. Voltei pela possibilidade de fazer mais entrevistas internacionais, pelas facilidades de gravação, pelo apoio do jornalismo", justificou ele na ocasião sobre sua volta à emissora carioca.
Com o término do Programa do Jô (2000 - 2016), muitas notícias disseram que o apresentador estava magoado com a direção da Globo, entretanto, ele negou qualquer problema com os líderes do canal. O apresentador garantiu que tem excelente relacionamento com a família Marinho e chegou a ter um ano sabático após o fim do seu talk show de fim de noite.
“Minha relação com eles é ótima. Sou amigo do Roberto Irineu, quando ele ainda era o Robertinho. A gente jantava toda semana juntos. A Vanessa Pina, dos Recursos Humanos, veio aqui, ano passado, e disse: ‘Vamos fazer o seguinte: vamos fazer uma coisa assim de dois anos você ganhando…’. Eu falei: ‘Não, não quero mais nada’. Mas meus amigos sugeriram de propor um ano de contrato sabático, como as grandes empresas. Claro, ganhando menos, mas fazendo muito menos”, afirmou na época.
Em 2018, ele fez várias apresentações no Teatro Tuca, em São Paulo, com a peça A Noite de 16 de Janeiro. Na produção, ele fez o papel de um juiz e o enredo se passa em 1934 e encena o julgamento de um homicídio. Além de atuar, Jô fez a tradução do roteiro e dirigiu a trama.
“Estava pesquisando textos, procurando algum que me levasse de volta aos palcos como ator, quando esse me chamou atenção justamente pelo título. Decidi ler e adorei. Ayn Rand é genial e sou fascinado por histórias de tribunal. Também me chamou atenção o fato da plateia participar como júri. Então, achei o que queria”, contou ao portal de notícias da Globo.
Jô Soares nunca escondeu que adora futebol e é torcedor assumido do Fluminense. Em 2018, após seu contrato terminar com a Globo, ele foi convidado pelo Fox Sports e virou comentarista do Programa Debate Final. A atração era para analisar as partidas da Copa do Mundo da Rússia.
“Alguns tentaram me desqualificar como interlocutor, pois eu nunca havia estado num vestiário ou num campo, e era um mero palpiteiro (isso sou mesmo). Esperei o último programa e disse pra eles uma palavra preciosa: cautela!”, relembrou o apresentador no segundo volume do seu livro, O Livro de Jô.
Na época, ele defendeu a chegada de técnicos estrangeiros ao futebol brasileiro. “Nunca houve um ciclo tão longo de predomínio do futebol europeu nas Copas. Como não há nada a aprender com isso? Eu aprendo todo dia. Saio na rua e sempre trago uma lição nova para casa. Descubro alguma coisa nova com pessoas na rua”, disse na ocasião.
Em 2018, Jô lançou duas autobiografias - Minhas Memórias dos Outros e O Livro de Jô – e contou detalhes da sua vida. Para divulgar, ele conversou com Fábio Porchat e Pedro Bial sobre a sua carreira, mas também dialogou com a mídia impressa e virtual para detalhar do seu projeto.
“Tanto pediram para eu escrever as memórias que agora me dá um alívio, ninguém mais vai falar nisso”, brincou em entrevista ao jornal O Globo. “O primeiro volume é mais contado e o segundo, mais pessoal. Mas tudo é fruto de uma coisa só, nada foi planejado, não teve um pré-roteiro, saiu como uma corrente do inconsciente”, revelou.
Na mesma época, foi cogitado um novo programa para ele, entretanto, Jô deixou muito claro que não pensava. “Não tem porque eu sair de casa e reinventar um programa. Mas não abro mão de nenhuma perspectiva. A TV é uma janela que continua aberta, mas com outros canais de competição”.
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