“O mercado vem consumindo cada vez mais [a arte drag] e vemos que essa popularização impacta diretamente numa desconstrução social rápida, comparado a quando a arte drag ainda não ocupava esse lugar de reconhecimento.”
Publicado em 28/06/2022 às 05:47:00,
atualizado em 28/06/2022 às 07:58:59
Por ser “bonita e rosinha”, a fruta da moda foi escolhida para dar nome ao trio de drags PITAYAS, formado pelas vencedoras do talent show Queen Stars Brasil, da HBO Max. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha neste Dia do Orgulho LGBTQIA+, Diego Martins, Leyllah Diva Black e Reddy Allor compartilham os ideais do grupo, que tem influências de Luísa Sonza a Rouge e busca unir arte e resistência.
Lançado recentemente, o EP PITAYAS tem seis faixas e uma profusão de ritmos. O primeiro single foi Macetada, com clipe já divulgado (confira ao final desta matéria). Completam o primeiro projeto as músicas Chorei, Mais um Trago, Tô na Mesa do Bar, Montada e Sonza – esta última, em homenagem à madrinha Luísa Sonza, jurada no Queen Stars Brasil.
“É muito importante para a gente atrelar a nossa vivência e a resistência à nossa arte”, afirma Reddy Allor. A cantora destaca que, mesmo sendo três artistas diferentes, elas têm letras com “reflexões que, para cada uma, tem seu próprio significado e acabam reverberando de inúmeras formas, gerando força e principalmente identificação”.
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A história do grupo, formado após a vitória em reality show, lembra a do Rouge, que teve origem no Popstars, do SBT, e fez grande sucesso nos anos 2000. As PITAYAS também tiveram influência da girlband, lembrada até hoje por hits como Ragatanga e Brilha la Luna.
“Nossa trajetória tem similaridades com a do Rouge. Principalmente pela questão de juntar artistas com características e vivências bem diferentes, para dar vida a uma unidade”, destaca Leyllah Diva Black, que, na juventude, participou do processo seletivo do Br'oz, boyband também formada no Popstars.
Em meio à celebração do Dia do Orgulho LGBTQIA+, elas evocam a diversidade, sem esquecer que 2022 é um ano de eleições. “Esperamos que não só a população LGBTQIAP+ se lembre, mas que a sociedade inteira se atente a isso. Foram anos difíceis, e o desrespeito se tornou ‘natural’. Que a gente possa mudar isso”, diz Diego Martins.
Como foi definido o nome do trio, PITAYAS? Diego Martins: A gente queria muito um nome que remetesse ao belo, a uma estética bonita e que fosse um nome sonoramente bonito também. Era uma responsabilidade muito grande pois seria o nosso nome! Passamos por muitos outros até chegar nesse. Um dia, estava conversando com a Larissa [stylist do grupo] e falamos da dificuldade de achar um nome e, como brincadeira mesmo, Larissa falou “Ah, pitaia é um nome bonito, e é uma frutinha rosa e bonita também”. Achamos graça na hora, mas depois de levar esse título para uma reunião com todos da equipe, o nome reverberou super bem e ainda pensamos nele no plural, surgindo assim PITAYAS. As letras do grupo tratam questões importantes. Com "Me ama da porta pra fora/ Não olhe pra trás", podemos pensar sobre a resistência em assumir um relacionamento homotransafetivo, por exemplo. Esses questionamentos sociais fazem parte da arte de vocês? Reddy Allor: É muito importante pra gente atrelar a nossa vivência e a resistência à nossa arte. Somos três artistas diferentes, apesar de dividirmos esse projeto e, não só nessa frase, mas em várias do EP PITAYAS temos reflexões que para cada uma tem seu próprio significado e acabam reverberando de inúmeras formas, gerando força e principalmente identificação. Outro título de destaque do EP é Sonza. É uma homenagem à Luísa? O que motivou? Diego Martins: Com tantas sonoridades diferentes no EP, ainda sentíamos falta de uma música que fosse totalmente pop. Queríamos trazer um pouco do pop dos anos 2000, com referências em Britney, Aguilera, enfim. Na construção da letra percebemos que a música, além de citar a Luísa, também remetia a uma sonoridade que ela vem trazendo, e então resolvemos batizar de “Sonza” em homenagem a uma das nossas madrinhas do Queen Stars Brasil. A trajetória de vocês - um grupo formado após a vitória em reality show - lembra um pouco à do Rouge. Elas tiveram alguma influência na formação de vocês? Leyllah Diva Black: Realmente nossa trajetória tem similaridades com a do Rouge. Principalmente pela questão de juntar artistas com características e vivências bem diferentes, para dar vida a uma unidade que é as PITAYAS. Eu cheguei a participar do processo seletivo do BR'OZ. Então sim, eu era muito fã das bands… Lembro que comprei o CD em conjunto com alguns amigos e escutávamos, dançávamos e cantávamos todas as música. Temos sim referências nessas Deusas, principalmente na questão sonora, de fazer algo que comunique com a maioria das pessoas do nosso Brasilzão, e isso com certeza as meninas do Rouge fizeram e muito bem. A arte drag está crescendo no Brasil, ganhando grande visibilidade e ultrapassando a população LGBTQIA+. Vocês também percebem esse movimento? Como avaliam? Reddy Allor: Com certeza! Drag está para além da arte, virou business e está em constante evolução. “O mercado vem consumindo cada vez mais [a arte drag] e vemos que essa popularização impacta diretamente numa desconstrução social rápida, comparado a quando a arte drag ainda não ocupava esse lugar de reconhecimento.” Estamos no Mês do Orgulho LGBTQIA+. Por que é importante falar em "orgulho"? Leyllah Diva Black: É importante entendermos que ter orgulho é diferente de ser orgulhoso. Com toda opressão que nós pessoas LGBTQIAP+ sofremos de outras comunidades, chegar num lugar de destaque na sociedade por quem nós somos e também por nossas ações e habilidades é uma das maiores recompensas que podemos receber. Para isso precisamos de referências, ou seja, pessoas que nos inspirem a seguir nossos caminhos. “Seguimos orgulhosas por servirmos de inspiração para muitos seres humanos. Acreditamos que quando uma pessoa LGBTQIAP+ ganha destaque, naturalmente uma sociedade inteira ganha benefícios e isso é um grande motivo para celebrar e para sentir orgulho.” Consideram importante que a diversidade, exaltada em junho, também seja lembrada em outubro neste ano de eleições? Diego Martins: Achamos importante que a diversidade seja lembrada durante o ano inteiro. Não somente no mês do orgulho, mas que o respeito seja exercido sempre. Que em outubro possamos lembrar de tudo aquilo que não queremos e nem devemos mais tolerar. “Esperamos que não só a população LGBTQIAP+ se lembre, mas que a sociedade inteira se atente a isso. Foram anos difíceis, e o desrespeito se tornou ‘natural’. Que a gente possa mudar isso.” Confira o clipe de Macetada, do grupo PITAYAS: Vilã não morreu Mulheres de Areia: Isaura tem reencontro emocionante com Raquel Estreou na TV aos 7 Lembra dele? Ex-ator mirim, Matheus Costa virou galã e bomba na web Melhoras! Atenção De férias Fé no Pai Resumão Revoltado Policial Flora Gil Aos 77 anos Sem citar nomes Caos Batalha Renovada Oi? Tratamento contra o câncer Maternidade Entrevista exclusiva Polêmica Mostraram demais Aos 74 anos