Silvio Cerceau

As obras inéditas de Gilberto Braga na Globo

Coluna de Silvio Cerceau destaca a relevância de Gilberto Braga para a dramaturgia

Três obras de Gilberto Braga ainda são inéditas - Foto: Reprodução/Globo
Por Silvio Cerceau

Publicado em 07/06/2023 às 05:35:00

O grande autor Gilberto Braga, que nos deixou em 26 de outubro de 2021, se consagrou na arte de criar e escrever novelas, dominava bem as histórias que contava. Sua última novela foi Babilônia (2015), em parceria com João Ximenes Braga e Ricardo Linhares. A trama das 21h obteve uma média de 25,8 pontos e sua estreia chegou a 33 de média. Antes de morrer, Gilberto apresentou outras obras inéditas na Globo.

A primeira novela seria para o horário das 23h, intitulada Intolerância. A trama teria 60 capítulos, que foram todos entregues, e seria uma adaptação da novela Brilhante (1981/82) que por causa da censura e diversos problemas, não foi contada como o autor queria.

Intolerância não seria um remake porque traria novos núcleos e novos personagens. O núcleo que seria mantido na íntegra era o de Francisca Newman, vivida por Fernanda Montenegro, e o de Carlos Andrade, interpretado por Cláudio Marzo (1940-2015). 50% seria Brilhante e 50% com novos núcleos.

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Outra história seria para o horário das seis: Feira das Vaidades. A novela tem coautoria de Denise Bandeira e inspirada no livro homônimo. Feira das Vaidades teve 80 capítulos escritos e entrou para a fila de produção, mas foi cancelada sob alegação que novela de época tinha um orçamento alto.

Gilberto Braga escreveu também uma minissérie em homenagem a Elis Regina. Seriam seis capítulos contando a vida de uma das maiores cantoras do Brasil. A obra não foi produzida porque o filme saiu primeiro. O diretor Dennis Carvalho foi quem encomendou esse projeto.

Após a cancelamento de Feira das Vaidades, Gilberto Braga até se reuniu com sua equipe e pensou em fazer uma adaptação da obra Intolerância para o horário das 6, mas devido a história forte isso foi descartado, e ele faleceu algumas semanas depois.

Gilberto Braga era referência na dramaturgia 

Gilberto Braga foi um dos maiores autores da sua geração, com obras que pararam o Brasil, cito Vale Tudo( 1988). Retratava a burguesia como ninguém. Suas obras tinham amor, drama, trama, humor e até o quem matou que virou uma das suas marcas. Muitas cenas icônicas que ficaram na nossa memória.

Silvio Cerceau

A leitura do testamento em Corrida do Ouro (1974), novela em que foi colaborador, causou alvoroço. Em A Escrava Isaura (1976), destaco a cena em que ela é posta a ferros por Leôncio. Em Dancin’Days (1978), a cena em que Júlia da um show dançando na discoteca.

A morte de Odete Roitman, Raquel rasgando o vestido de noiva da filha e Heleninha bêbada dançando mambo, em Vale Tudo (1988). A surra que Laura leva de Maria Clara no banheiro em Celebridade (2002) e tantas outras que ficaram tatuadas na história da dramaturgia.

Gilberto é um autor que faz muita falta. Ficamos na torcida que essas novelas inéditas sejam produzidas. Com certeza os noveleiros de plantão vão amar.

Confira as cenas marcantes de Vale Tudo:

As obras de Gilberto Braga

Anos Dourados (1986)

O Primo Basílio(1988)

A, E, I, O… Urca! (1990) – produção musical

Anos Rebeldes (1992)

Labirinto (1998)

Corrida do Ouro (1974)

Helena (1975)

Senhora (1975)

Bravo! (1975)

A Escrava Isaura (1976)

Dona Xepa (1977)

Dancin’ Days (1978)

Água Viva (1980)

Brilhante (1981)

LoucoAmor (1983)

Corpo a Corpo (1984)

Vale Tudo (1988)

Rainha da Sucata (1990) - Colaborador

Lua Cheia de Amor (1990)  - Supervisor

O Dono do Mundo (1991)

Pátria Minha (1994)

Força de um Desejo (1999)

Celebridade (2003)

Paraíso Tropical (2007)

Insensato Coração (2011)

Lado a Lado (2012) - Supervisor

Babilônia (2015)



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