Publicado em 20/02/2024 às 06:54:00,
atualizado em 20/02/2024 às 16:56:54
Sucesso em sua quinta exibição na TV brasileira, Mulheres de Areia dá à Globo uma importante resposta do público sobre novelas antigas. A reprise reverte uma certeza que perdurou por décadas: a de que a audiência rejeitaria tramas produzidas há muitos anos, por conta das limitações técnicas, da qualidade de som e imagem ou mesmo pelo estilo das histórias, por vezes mais lentas que as atuais.
Exibida originalmente em 1993, a novela das gêmeas Ruth e Raquel (Gloria Pires) foi reprisada duas vezes no Vale a Pena Ver de Novo, em 1996 e em 2011, além de uma reapresentação no Canal Viva em 2016. Agora na faixa Edição Especial, a trama de Ivani Ribeiro (1922-1995) com direção de Wolf Maya volta a registrar boa audiência.
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Além de manter a liderança isolada no horário, a atração acumula média de 12,5 pontos na Grande São Paulo, segundo dados do Kantar Ibope. Os números são bem próximos aos de O Cravo e a Rosa e Chocolate com Pimenta, que deram 14,0 e 13,0, respectivamente.
A audiência se mantém ascendente mesmo com a longa duração: reapresentada quase na íntegra, a novela está no ar desde junho de 2023 e, em janeiro, bateu recorde ao alcançar 14,6 pontos. A previsão é de que termine em 15 de março, com 188 capítulos – contra os 201 originais.
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O maior feito: quase diariamente, o clássico supera Paraíso Tropical, novela de 2007 que a Globo exibe mais tarde, no Vale a Pena Ver de Novo, em um horário com mais televisores ligados. Esta, aliás, é mais recente, apesar de também ser antiga para os padrões tradicionais de reprise do canal.
A qualidade de imagem e som, que evolui a cada época, sempre foi apontada como motivo da Globo para não reprisar novelas antigas. Isso vem de longe: nos anos 1980, quando o Vale a Pena Ver de Novo estreou, a emissora já vetava títulos em preto-e-branco.
Por muito tempo, a emissora optou por reprisar novelas mais recentes, exibida entre dois e cinco anos antes. Reportagem da Folha de S.Paulo em 1997 apontou que o Vale a Pena Ver de Novo "esnobava" boas novelas antigas com medo de afugentar a audiência.
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Isso só mudou recentemente, com uma onda de apelo à nostalgia que surgiu na década passada. Assim, tramas de sucesso da segunda metade dos anos 1990 em diante ganharam mais espaço na TV aberta. Anteriores a esse período, contudo, ainda costumam ficar na gaveta.
Mulheres de Areia abriu uma exceção. A novela produzida há mais de 30 anos é de uma era anterior ao Projac (atual Estúdios Globo, inaugurado em 1995), tem iluminação por vezes escura e resolução precária. Nada disso impediu que o telespectador se envolvesse com a história mais uma vez.
A resposta do público foi dada: boas histórias são bem aceitas, mesmo que os capítulos não estejam em HD. O próximo cartaz da faixa Edição Especial será Cheias de Charme (2012), que não é tão recente, tem 12 anos, mas bem menos do que os 31 de Mulheres de Areia.
Que o espaço também volte logo a revisitar clássicos da história da emissora, muitos com forte apelo popular. Entre eles, é possível citar Dancin’ Days (1978), Roque Santeiro (1985), Vale Tudo (1988), Que Rei Sou Eu? (1989), Tieta (1989), A Viagem (1994), A Próxima Vítima (1995) e outros.
Assista à abertura de Mulheres de Areia:
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