Publicado em 21/12/2022 às 06:50:00
A trajetória de Paulo Gustavo (1978-2021) é resgatada no documentário Filho da Mãe, lançado pelo Prime Video. Dirigido pela cineasta e amiga do biografado Susana Garcia, o filme enfoca a relação do ator e humorista com a mãe, Déa Lúcia, que inspirou sua personagem de maior sucesso. A homenagem diverte e também emociona, em especial quando ressalta o legado deixado pelo artista, vítima da Covid-19 aos 43 anos, em 2021.
O projeto de Filho da Mãe nasceu nos bastidores do espetáculo homônimo, em que Paulo Gustavo e Déa Lúcia apresentavam uma espécie de talk show misturado com stand up. Os dois faziam piadas sobre a relação em família e também soltavam a voz. Afinal, a dona de casa que inspirou a franquia Minha Mãe é uma Peça já foi cantora profissional.
Com a morte do humorista em meio à pandemia do coronavírus, o filme deixou de ser um mero making of e ganhou o oportuno subtítulo Um Reencontro com Paulo Gustavo. É mesmo a sensação que o documentário deixa no espectador, principalmente os fãs do ator, já carentes de seu humor sagaz e irônico, que faz falta na TV, no cinema e nos palcos.
O filme perpassa toda a trajetória do artista, desde a infância até a morte, no auge do sucesso. Um ano antes de se despedir de seu público, Paulo Gustavo levou 11,5 milhões de pessoas ao cinema para assistir a Minha Mãe é uma Peça 3, um recorde no cinema nacional. No teatro, seu último espetáculo foi justamente aquele em que atuou com Déa Lúcia, em 2019.
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Filho da Mãe adquire um claro tom de tributo. Não poderia ser diferente, dada a comoção ainda gerada pela morte de um artista tão querido, somada à ligação da diretora Susana Garcia com Paulo Gustavo – ela era sua melhor amiga. Amigos e colegas recorrentes, como Mônica Martelli e Marcus Majella, além de familiares, ressaltam não só o talento, mas o altruísmo e a generosidade do homenageado, em cena e fora dela.
Algumas ausências são sentidas entre os depoimentos, como as de Fábio Porchat e Samantha Schmutz, amigos próximos do artista e fundamentais em sua trajetória. Por outro lado, há presenças deslocadas, como um único fã, meio deslocado dos demais, e Pedro Bial, que faz as vezes de “especialista”. Ainda que com uma boa análise da importância cultural do biografado, o jornalista não tinha qualquer ligação aparente com sua história profissional ou de vida.
Com quase duas horas de duração, o longa-metragem dá conta de perpassar toda a importância de Paulo Gustavo para o Brasil de hoje, não só pelo fenômeno midiático, mas também por seu legado social. O casamento com o médico Thales Bretas, em 2015, e a chegada dos filhos Gael e Romeu, em 2019, ganham grande destaque na segunda metade.
São vários os momentos emocionantes, como no resgate de vídeos caseiros feitos no dia a dia com os filhos. A frase “Rir é um ato de resistência”, dita pelo humorista em seu último programa de TV, é ressignificada aqui. O documentário destaca a importância política, ainda que não panfletária do biografado, ao mesmo tempo que se afirma como um reencontro. É, enfim, mais uma chance de rir e resistir com Paulo Gustavo.
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