A série também mergulha no passado de alguns personagens dos filmes, mostrando seus desfechos. Já o último episódio traz cenas da trilogia, resgata a trilha sonora e homenageia dois personagens icônicos dos anos 80.
Publicado em 17/02/2025 às 06:30:00,
atualizado em 17/02/2025 às 10:23:40
Os episódios finais de Cobra Kai estão disponíveis na Netflix desde o último dia 13. Totalizando 6 temporadas, a série tem um desfecho poético, com homenagens ao cinema dos anos 80 e a quebra de estereótipos.
A produção é uma espécie de spin-off da trilogia Karatê Kid, filme estadunidense estrelado por Ralph Macchio (Daniel LaRusso) e pelo saudoso Pat Morita (1932-2005), intérprete do sr. Miyagi.
No longa original, o estudante se muda com a mãe, recém-separada, para uma pequena cidade dos Estados Unidos, se tornando vítima de bulliying por parte de Johnny Laurence (Willian Zabbla), líder de um grupo da escola.
Cansado de apanhar, o rapaz deposita na luta marcial a sua única chance de sobrevivência, levando a rivalidade entre eles para dentro do tatame. A diferença, porém, está no método adotado por cada um.
Enquanto Johnny faz parte do Cobra Kai, dojô comandado por John Kreese (Martin Kove) que incentiva o ataque. Daniel é treinado por um velho japonês, nascido em Okinawa, que aposta na defesa como bom karatê.
Como previsto, o mocinho se sai vitorioso depois de virar saco de pancadas por quase todo o filme. Enquanto o outro rapaz assume a imagem e os riscos de ser o vilão dessa história, mesmo que tenha sido influenciado pelo seu mentor.
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Lançada em 2018, Cobra Kai marca o reencontro do bem-sucedido Daniel LaRusso com o fracassado Johnny Laurence, anos depois do campeonato disputado pelos rivais e vencido pelo mocinho.
A série meio que surge da premissa de que basta ganhar uma disputa para estar fadado ao sucesso quando levada em consideração a história de vida do protagonista com a do antagonista do filme nos dias de hoje.
Em Karatê Kid, Daniel era um menino classe média enquanto que Johnny um daqueles playboys vindo de uma família tradicional. Agora, o jogo se inverteu. Provavelmente, pelas escolhas feitas por cada um deles na fase adulta.
+ De nostalgia a clichê: cinco motivos do sucesso de Cobra Kai na Netflix
O mocinho se torna dono de uma concessionária de carros de luxo. Tem um bom casamento, dois filhos exemplares, uma casa confortável e leva uma vida toda certinha e bem estruturada.
Com Johnny a vida já não foi assim tão generosa. Tem uma ex-esposa e um filho rebelde que o culpa por abandono, o que não chega a ser mentira. Mora sozinho em uma casa de vila, não se fixa em emprego algum e vive endividado.
O gênio explosivo e subversivo continua a acompanhá-lo, assim como a calma exagerada e a tolerância são as principais características do Daniel. E é justamente essas diferenças que aproximam os dois, além da paixão pelo karatê, formando a dupla perfeita.
Quando Johnny decide reabrir o dojô Cobra Kai, dando mais significado a sua vida, desperta a rivalidade com Daniel que, meio que por pirraça, faz o mesmo com a desculpa de homenagear o sr. Myiagi, já falecido.
A partir daí, vem a disputa de território tão comum entre os "machos". LaRusso se tornou um homem arrogante, metido a dono da verdade. Johnny é mais descolado e um pouco irresponsável, estando suscetível ao erro e aos julgamentos. Ao contrário do rival sisudo, é tão cabeça fresca que encanta.
E não falo isso baseado apenas na minha opinião. A maioria das pessoas com quem conversei sobre a série, e conhecem a trilogia, concorda que a produção veio desfazer uma injustiça, tornando o vilão uma pessoa melhor e merecedora de vitórias.
Essa empatia pelos vilões costuma acontecer muito nas novelas, talvez motivada pelo incansável vitimismo dos mocinhos. Em filmes e séries, isso já não e tão comum. Mas Cobra Kai veio quebrar esse estereótipo.
+ Quarta temporada de Cobra Kai vai aprofundar relação de Daniel e Johnny
Não é que humanizaram o Johnny, mas fizeram o espectador enxergar a sua humanidade. Um Cara que erra, sofre e bate cabeça. Que foi criado para ser líder, nunca fraquejar, mas que tem as suas fraquezas como todos nós.
Assim como os defeitos do Daniel que, até então, era perfeitinho e nada complicado. Não! Ele também tem as suas falhas. A série não teve a pretensão de transformar vilão em mocinho e vice versa, mas a ousadia de mostrar que não se trata de maniqueísmo, porque ninguém é bom ou mau todo o tempo.
As cinco temporadas anteriores começavam bem, mas desandavam no último episódio pelo excesso de violência gratuita. Isso porque a rivalidade dos protagonistas acabou passando para seus filhos e qualquer lugar virava um campo de batalhas.
Assim como no filme, os alunos dos dojôs também levaram a disputa ao extremo e o que se via era uma história bem estruturada, mas que se perdia no final por conta do exagero. Cansativo e desnecessário.
Por outro lado, a ideia de juntar os dojôs em nome de um bem maior foi um acerto. Porque é aí que aflora a maturidade do protagonista com a do antagonista, a ponto deles se tornarem amigos apesar das diferenças gritantes.
Outro ponto positivo de Cobra Kai foi trazer nomes da trilogia como John Kreese, fundador do Cobra Kai e ex-mentor do Johnny, Thomas Ian Grifith (Terry Silver), um dos algozes do Daniel em Karate Kid 3, e Ali Mills (Elizebth Shue), a mocinha disputada pelos dois no primeiro longa.
A série também mergulha no passado de alguns personagens dos filmes, mostrando seus desfechos. Já o último episódio traz cenas da trilogia, resgata a trilha sonora e homenageia dois personagens icônicos dos anos 80.
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É quando a história do Daniel com Johnny lembra a de outros grandes rivais do cinema, e que também se tornariam amigos através do esporte, Rocky Balboa (Sylvester Stallone) e Apollo Creed (Carl Weathers).
Com direito ao mocinho treinando o vilão na praia, mergulhando na água e correndo pela rua enquanto é acompanhado por parte da população. Só faltou a musiquinha da vitória. Sensacional!
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