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Netflix virou gatilho para guerra pelo conteúdo no streaming

Todos querem conteúdo: a guerra movimenta bilhões de dólares

Guerra de streaming: década é promissora - Foto: Divulgação
Por Thiago Forato

Publicado em 19/05/2021 às 05:21:34

Uma nova década mal começou, mas já dá para sentir que ela será promissora na guerra dos streamings. O que ganhou contornos claros ao longo dos últimos anos - que é a tendência de grandes conglomerados de mídia lançarem suas próprias plataformas -, fica ainda mais interessante agora, sobretudo pela união da AT&T e Discovery Inc. em fazerem frente à Netflix. A maior arma é justamente o conteúdo que o novo serviço terá, unindo duas grandes marcas.

A Netflix revolucionou o mundo da televisão. Prejudicou a ordem estabelecida por Hollywood, investe quantias bilionárias em séries e filmes e chega a mais de 200 milhões de assinantes em duas centenas de países. A empresa produz parte de seu conteúdo há uma década e a ideia sempre foi ofertar o máximo que for possível. Entre erros e acertos.

Para quem quiser concorrer com essa gigante, vai ter que estar disposto a investir bilhões. O custo operacional da Netflix é astronômico. A empresa deve investir cerca de US$ 35 bilhões em conteúdo em 2035, acima dos US$ 19 bilhões estimados em 2021. Para compensar o aumento da injeção de dinheiro, não se furta em esporadicamente, aumentar o preço das assinaturas. O último reajuste por aqui, em terras tupiniquins, aconteceu em 2019.

Com um modelo de negócio assustador para alguns, a Netflix tem no streaming a sua principal fonte de receita, ao contrário de concorrentes como a Apple e Disney, por exemplo. Um dos desafios dela ao longo da década será ter que lidar com uma concorrência com preços mais modestos e uma briga incessante por conteúdo.

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Embora esteja investindo caminhões de dinheiro na produção do seu próprio conteúdo, agora há outras empresas, das quais em um passado não tão distante eram até parceiras (Disney e Warner), e agora serão eternas rivais não só na hora de produzir conteúdo, mas também no ato de tentar fechar novos contratos e ofertar ao público aquilo que há de melhor.

Sabendo disso, a Netflix tenta se antecipar. Nos Estados Unidos, fechou em abril um contrato com a Sony permitindo que ela exiba exclusivamente seus filmes no streaming para todos os seus lançamentos a partir de 2022. Além disso, ela poderá licenciar obras mais antigas da vasta biblioteca do estúdio.

A Amazon, principal concorrente da Netflix, considera fazer uma oferta de US$ 9 bilhões para adquirir a MGM, estúdio responsável por franquias como 007 e Rocky Balboa. O Globoplay, no Brasil, deixou pra lá a concorrência com a Televisa em outros tempos, se aproximou do conglomerado mexicano e já conta com produtos dela na grade, com possibilidade de vir ainda mais títulos por aí.

O diferencial do streaming

Vivemos uma era de ouro do streaming. Conteúdos a perder de vista, opções que não acabam mais. Por vezes, nos perdemos e gastamos mais tempo com aquilo que vamos assistir do que assistindo de fato. Todavia, as plataformas precisam diferenciar seus serviços.

O grande desafio para esta década é fazer o conteúdo não se dissipar. Isto é, se até pouco tempo atrás você via um determinado conteúdo na plataforma X, é possível que agora esteja no Y. A concorrência levou os streamings a produzirem conteúdos atraentes, mas os consumidores têm que ficar atentos, já que podem ter gastar ainda mais, forçadas a comprar várias assinaturas para ter o produto desejado.

É ingênuo acreditar que podemos ter absolutamente tudo que queremos por uma bagatela de R$ 30 ou R$ 40 mensais. A tendência é que o espectador experimente o cansaço ou descontrole de assinaturas. Ou então, voltemos, de algum modo, à era da pirataria, já que o custo para se manter tantas plataformas é elevado. A HBO que o diga, que viu sua Game of Thrones ser uma das séries mais pirateadas da história.

O futuro promete.


Thiago Forato é jornalista, assina a coluna Enfoque NT desde 2011, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto  

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