Opinião

O amor e ódio pelas vilãs das novelas

Coluna Especial assinada pelo escritor e roteirista Silvio Cerceau

Vilões na dramaturgia da Globo - Foto: Montagem/NaTelinha
Por Redação NT , com Silvio Cerceau

Publicado em 15/03/2023 às 05:00:00,
atualizado em 15/03/2023 às 11:58:49

Elas atormentam a vida das mocinhas e dos mocinhos, tramam as mais ousadas maldades para prejudicá-los e se darem bem. São amadas e odiadas pelo público e muitas vezes tomam vida própria e se tornam o pesadelo do criador, o autor, que devido ao sucesso da vilã tem que mudar alguns rumos da história.

Não existe uma boa novela sem uma vilã implacável, afinal em todo audiovisual os vilões reinam, nas séries, nos seriados e nos filmes.

Nas novelas brasileiras as vilãs são muitas vezes idolatradas e acabam roubando a cena. Criam maldades, bordões e formas inéditas de praticar seus delitos. Elas matam, roubam, destroem casamentos, fingem gravidez, manipulam, trapaceiam e elaboram esquemas mais sombrios, fazem grandes estragos dentro da vida dos personagens da trama, com isso até se dão bem durante alguns capítulos, algo necessário para fazer a trama fluir.

A mente perversa e criativa do autor ao inventar uma vilã jamais será entendida, acho que nem esse criador sabe de onde tirou, de onde veio essa inspiração ou será que esse vilã está dentro dele o tempo todo?

O autor Alessandro Marson, roteirista de Novo Mundo e Nos Tempos do Imperador, e que já trabalha no remake de Elas por Elas, declara: “Na minha opinião as vilãs tem uma função catártica. Nos melodramas são responsáveis por movimentar a trama. Como não tem barreiras morais, podem fazer quase tudo. Por isso são fascinantes. Uma boa vilã causa um sentimento contraditório nos expectadores. As pessoas amam odiá-las e odeiam amá-las.”

Ele tem toda razão. A icônica Nazaré Tedesco, de volta ao ar no canal Viva na novela Senhora do Destino, de Aguinaldo Silva, foi tão amada e odiada que virou um ícone nos últimos anos, virou meme pelo mundo afora. E agora virou até figurinha em um aplicativo de mensagem, onde o Globoplay disponibiliza gratuitamente um pack com essas imagens.

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A forma de matar de Lívia de Salve Jorge foi inovadora, muitas pessoas tinham  medo de serem atacadas por alguém com uma seringa. Apesar de tanta maldade, sei lá o porquê, as vilãs acabam conquistando o público e se eternizam, muitas atrizes se consagraram dando vida a uma vilã.

Para Duca Rachid, autora vencedora do Emmy com a novela Órfãos da Terra em coautoria com Thelma Guedes, “a vilã é quem movimenta a trama. Leva a história adiante. A heroína romântica também. É um jogo de ação e reação.” Duca Rachid volta ao ar em parceria com os autores Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. no próxima dia 20 de março, no horário das 6, com a novela Amor Perfeito. Será que surgirá uma vilã?

Afinal a maldade nos cerca dia a dia, e essas personagens nos fazem ficar mais atento, olhar ao redor. Yvone de Caminho das Índias mostrou bem como alguém que se faz de amigo pode ser falso e destruir sua vida.

Manuela Dias declarou quando da estreia de Amor de Mãe: “o grande vilão é a vida”, uma grande verdade que nos cerca e faz com que a ficção imite a vida. Afinal, tem sempre uma vilã ou um vilão no nosso caminho, por isso, é sempre bom ficar de olho e tomar cuidado. Quem nunca se deparou com um?

As vilãs que fizerem história e se eternizaram, vira e mexe alguém sempre lembrará delas:



Silvio Cerceau é escritor, roteirista e tem 13 livros publicados. 
Instagram @silviocerceau 



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