Publicado em 01/10/2025 às 06:54:00
Alguns acreditam que um bom documentário sobre um artista é aquele que desmistifica o mito em torno dele a ponto de o fã se questionar, durante a exibição, se ainda é fã do retratado. E quando não faz isso, é rotulado como chapa-branca.
Eu, por outro lado, defendo a tese de que o melhor documentário é aquele que realiza com excelência aquilo a que se propõe, e sabe exatamente onde quer chegar.
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Na produção Chico Anysio: Um Homem à Procura de um Personagem, do Globoplay, o documentário evita as polêmicas familiares que vieram à tona após a morte do humorista, como a questão do testamento, o filho Lug de Paula e as dívidas deixadas pelo artista.
Por outro lado, acerta no tom ao colocá-lo, com justiça e sensibilidade, no mesmo patamar de Charlie Chaplin (1889 - 1977). E se esse era o objetivo do projeto, então é um bom documentário do Globoplay.
Embora ignore as polêmicas que vieram à tona após sua morte - mesmo com direção e roteiro assinados por Bruno Mazzeo, filho de Chico Anysio, o que poderia credenciá-lo a fazer uma produção de “babação” -, o documentário surpreende ao tocar em pontos delicados: sua depressão, o ego em conflito com o artista, a briga com a Globo e com o diretor Daniel Filho, além das consequências que o casamento com a ex-ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello trouxe para sua carreira.
Chico Anysio: Um Homem à Procura de um Personagem também acerta na pesquisa ao abordar, ainda que parcialmente, a profissionalização do rádio e a migração dos talentos para a televisão. Chico viveu todas essas etapas.
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Confesso que me surpreendi ao descobrir que, no início da carreira, ele era considerado um galã e começou ao lado de Fernanda Montenegro. Só por essa pesquisa, o documentário já merecia ser assistido.
Porém, a produção não soube organizar direito a cronologia dos programas de Chico Anysio. Ficou confuso em alguns momentos, como no trecho que conta a volta da Escolinha do Professor Raimundo à grade da Globo em 1991, mas não chega a comprometer.
O documentário de Chico Anysio vale ser assistido em seus cinco episódios. Tem emoção – destaque para o trecho inicial de Bruno Mazzeo falando da sua relação com o pai - e histórias inéditas e, no fim, quem acompanha percebe que qualquer elogio à trajetória do humorista é pouco diante da genialidade que ele foi, seja diante ou longe das câmeras da Globo.
No fim, só a sensação de como a nossa TV ainda é etarista.
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