Publicado em 14/07/2019 às 05:33:28,
atualizado em 30/09/2022 às 16:53:00
Em um mundo onde já não é necessário postar conteúdo de qualidade para ter audiência, não nos assustaria tanto o fato de que perfis de personalidades que já morreram tenham tanto engajamento. Mas por que isso acontece?
O caso mais recente teve como protagonista o ator Cameron Boyce, de apenas 20 anos, que faleceu no último sábado, 6 de Julho. O ator, conhecido por protagonizar algumas séries do Disney Channel, teve uma convulsão causada por um quadro de epilepsia e não resistiu.
Porém, suas redes sociais, em especial o Instagram, chamaram a atenção na última semana. Por mais improvável que pareça, o perfil de Cameron teve um aumento de mais de 100% em sua base de seguidores, chegando aos 15,2 milhões no dia 10 de Julho. O número de likes em suas fotos, que raras vezes ultrapassava 1 milhão, chegou a 9,7 milhões na foto mais recente.
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No Brasil, o jornalista Paulo Henrique Amorim, que faleceu no último dia 10, teve um crescimento de 32% na base de seguidores no Instagram em menos 24h após sua morte ser anunciada.
A mesma situação aconteceu, em escala menor, pouco tempo antes com o ator brasileiro Rafael Miguel. O perfil no Instagram do ator cresceu significantemente após sua morte, e continua crescendo.
Uma provável explicação para o aumento no engajamento do conteúdo dos dois atores é o grande número de mensagens e homenagens para ambos. Mas por que segui-los?
Um episódio não tão fatal comoveu a internet em 2016, quando a Youtuber Marina Joyce chegou aos trending topics no twitter com a hashtag #SaveMarinaJoyce. Os seguidores da Youtuber encontraram vários pedidos de socorro escondidos em seus vídeos e mobilizaram a internet para denunciar os supostos abusos. O número de inscritos de Marina triplicou até que, para alívio de todos, foi confirmado de tudo não passou de um boato que Marina, ao ver o crescimento de seu canal, não fez questão de desmentir.
Esse tipo de situação nos lembra um pouco o segundo episódio da segunda temporada de Black Mirror, White Bear, onde uma multidão de espectadores não move um dedo para ajudar a protagonista que está, aparentemente, sendo perseguida até a morte.
Já vimos diversos casos de depressão entre os influenciadores pelo simples fato de que as pessoas esquecem que esses profissionais são pessoas de verdade, que leem as críticas negativas sem fundamento e cheias de ódio e absorvem isso para si.
A questão a ser levantada é: As redes sociais estão nos tornando meros espectadores? Por que agimos como se estivéssemos assistindo a um filme onde nenhuma das pessoas envolvidas é real?
*Danilo Strano é sócio e diretor de planejamento da empresa Tubelab (Agência de marketing de influenciadores e desenvolvimento de conteúdo digital).
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