Atuação da Semana: Reynaldo Gianecchini mostra envergadura em Bom Dia, Verônica
Ator fez um vilão adorável na nova temporada da série
Publicado em 07/08/2022 às 08:00
Reynaldo Gianecchini ficou marcado por um tipo muito específico de personagem na TV brasileira, quase sempre explorando sua virilidade e porte físico nas novelas em que atuou. Pela primeira vez, o ator recebeu uma oportunidade diferente, na segunda temporada de Bom Dia, Verônica e entregou tudo. Como o vilão Matias, ele criou um personagem complexo, cheio de camadas e que é impossível não odiar e não ter fascínio ao mesmo tempo.
Quando deixou a Globo para assinar com a Netflix, Gianecchini não anunciou que faria um vilão no streaming, mas logo que seu nome foi vinculado à temporada de Bom Dia, Verônica, a expectativa passou a crescer, já que a produção é uma das queridinhas da Netflix Brasil e a segunda temporada conseguiu mostrar que a plataforma consegue ir além do que faz em outras séries menos conceituadas.
Se no primeiro ano, a série mostrou o terrível e tosco vilão Brandão, num grande trabalho de Du Moscovis, a segunda temporada gerava muita expectativa em torno do novo alvo de Verônica Torres (Tainá Müller). Matias é uma mistura de pastor evangélico com médico espiritual, como existem aos montes no Brasil. E só foi possível comprar a narrativa de que ele convence mulheres de fazer o que ele manda porque Gianecchini entregou um carisma poucas vezes visto na TV.
Em novelas, o ator já fazia grandes trabalhos, como em Passione (2010) ou mesmo em Belíssima (2005), mas nunca tinha conseguido fugir do estereótipo do bonitão. Agora, o físico de Reynaldo é só um elemento auxiliar para a força das palavras e a expressão facial do monstro criado por Raphael Montes. Se Matias é crível, muito disso se deve ao trabalho do ator que fez uma construção detalhada.
Esqueça os gritos que Giane fez em tantos papéis na Globo. Em Bom Dia, Verônica, suas falas são pausadas, controladas e sempre com tom de voz baixo. As ameaças só funcionam por causa da entonação e também da expressão, ancorada nos olhos aprofundados e na respiração quase imperceptível. Assistir os episódios é ter a certeza que Matias é um crápula, independente de suas atitudes.
Num ano muito feliz da série, em que tudo funciona, ser o destaque do elenco não é pouca coisa. Embora Tainá Müller continue à vontade como Verônica e brilhe ainda mais que no ano anterior e Klara Castanho mostra uma capacidade artística que ainda não havia exibido em trabalhos anteriores, é Gianecchini quem toma Bom Dia, Verônica para si. E precisou sair da Globo para ter a chance de alcançar um papel que mostre sua envergadura.