Por que a reprise de Rainha da Sucata é uma aposta arriscada da Globo
Humor no lugar do drama, fim de ano e mais: saiba por que será um desafio para a novela manter os altos índices de audiência de A Viagem
Publicado em 29/10/2025 às 04:05,
atualizado em 29/10/2025 às 11:30
A Globo tomou uma decisão arriscada ao apostar na reprise de Rainha da Sucata. A novela de 1990 volta à programação na próxima segunda-feira (3), em Vale a Pena Ver de Novo. Apesar do grande potencial da trama, manter os altos números do horário deverá ser um desafio.
É certo que a escolha foi influenciada pelo sucesso que novelas antigas vêm fazendo na faixa vespertina. Só que Rainha da Sucata é bem diferente de A Viagem (1994), o atual cartaz, e Tieta (1989), a antecessora no horário. Os títulos foram selecionados para celebra os 60 anos da emissora.
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Antes de mais nada, frisa-se que é louvável a valorização desses clássicos da TV. As reapresentações desses títulos, mais de 30 anos após a exibição original, mantém esses sucessos vivos na memória afetiva do público, permitindo também que sejam conhecidos pelas novas gerações.

Rainha da Sucata é uma ótima novela, mas não tem o apelo dramático de A Viagem – fator que é grande responsável pelo sucesso da trama espírita. Ao contrário, nos primeiros capítulos, a trajetória de Maria do Carmo (Regina Duarte) é essencialmente cômica e farsesca.
Foi o estranhamento inicial do público que fez o autor Silvio de Abreu mudar o tom da trama. O melodrama é reforçado no decorrer da história, com os conflitos amorosos entre a heroína e Edu (Tony Ramos) e sua rivalidade com Laurinha Figueiroa (Glória Menezes), a grande vilã.
O humor da novela, aliás, é bem diferente do que era visto em Tieta; este, mais associado aos costumes da fictícia Santana do Agreste, com uma crítica social ao moralismo e à hipocrisia, como um retrato de todo o Brasil. Em Rainha da Sucata, a comédia é urbana e de situações, com tendência para o pastelão.

O público do Vale a Pena Ver de Novo já mostrou predileção pelos dramas em detrimento da comédia. Não à toa, Ti Ti Ti (2010) figura entre as menores audiências da faixa de reprises na década, e o horário tem ficado restrito às produções originalmente veiculadas às 20h ou 21h, e não das 19h.
Outro problema: a novela da sucateira entra no ar em novembro, às vésperas do fim de ano, quando a audiência costuma cair. O detalhe não impediu Tieta de fazer bonito – a atração voltou à tela em pleno dezembro, no ano passado –, mas não é sempre que as reprises conseguem reverter a fuga dos telespectadores.
Rainha da Sucata é um clássico incontestável e, como tal, tem o poder de atrair o público em todas as épocas. Entretanto, vai encarar um cenário menos favorável para seu sucesso se comparado ao encontrado pelas antecessoras, o que pode refletir nos números de audiência.
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Ambientada em São Paulo, a história retrata o universo dos novos-ricos e da decadente elite paulista, explorando o contraste e a tensão entre a emergente Maria do Carmo, interpretada por Regina Duarte, e a socialite falida Laurinha Figueroa, vivida por Glória Menezes.
Na zona norte da capital paulista, Maria do Carmo enriquece com os negócios do pai, o vendedor de ferro-velho Onofre (Lima Duarte), e se torna uma empresária bem-sucedida. Apesar de manter hábitos simples, seu grande sonho é conquistar a alta sociedade paulistana.
Quando seu caminho volta a cruzar com o de Edu (Tony Ramos), um playboy que a humilhava no colégio e agora enfrenta a falência ao lado da tradicional família Albuquerque Figueroa, Maria do Carmo vê a oportunidade de se vingar e, ao mesmo tempo, adentrar na elite.
Para isso, propõe a ele um casamento de conveniência: ela tem o dinheiro para bancar a família que está na ruína, enquanto ele tem um nome respeitado pela sociedade. Mas o que parecia ser sua grande ascensão se revela uma realidade penosa.
Na mansão, a elegante e ardilosa Laurinha, madrasta de Edu, persegue e menospreza Maria do Carmo, tornando sua vida um inferno. Casada com Betinho (Paulo Gracindo), a megera nutre uma paixão secreta e proibida pelo enteado.

Outro destaque na novela é a personagem Dona Armênia, que marcou a carreira de Aracy Balabanian (1940-2023). Vizinha da família de Maria do Carmo, ela não poupa esforços para prejudicá-la, disposta a colocar o prédio da empresa "na chón".
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O elenco também conta com Antonio Fagundes, Claudia Raia, Marisa Orth, Nicette Bruno, Renata Sorrah, Raul Cortez, Andrea Beltrão, Patrícia Pillar, Maurício Mattar e Daniel Filho em papéis de destaque.
Assista à abertura de Rainha da Sucata, de volta no Vale a Pena Ver de Novo: