Presidente da Câmara de SP nega perseguição, mas não garante CPI contra padre Júlio Lancellotti
O presidente da Câmara em SP garante que tudo ocorrerá dentro da normalidade
Publicado em 04/01/2024 às 20:00
O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), afirmou nesta quinta-feira (4) que não vê nenhum viés político ou perseguição contra o padre Júlio Lancellotti no pedido de criação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigá-lo. O vereador bolsonarista Rubinho Nunes (União Brasil) é o responsável pela iniciativa contra o religioso.
“Se há fatos, não importa o que seja investigado. A investigação é como qualquer outra”, afirmou Leite à GloboNews. Ele também adiantou que o tema será tratado em uma reunião em fevereiro, na volta do recesso parlamentar, pelos membros do Colégio de Líderes.
O padre Júlio Lancellotti é conhecido por seu trabalho social com pessoas em situação de rua e dependentes químicos, principalmente na região da Cracolândia, em São Paulo. Ele é alvo de críticas de setores conservadores, que o acusam de promover a “bandidagem” e a “delinquência”.
+ Thammy Miranda explica assinatura para CPI contra o padre Júlio Lancellotti
Em nota divulgada nesta quarta (3), o padre afirmou que não tem nenhum convênio ou vínculo com a Prefeitura de São Paulo e, portanto, a atividade que exerce não poderia ser alvo de uma CPI na Casa Legislativa. Mesmo assim, o presidente da Câmara paulista acredita que seu trabalho pode ser alvo de uma investigação.
“Não importa se ele é padre ou não. Se ele está envolvido com alguma irregularidade, deve ser investigado”, disse Leite.
O autor do pedido de abertura de CPI também negou que haja viés político na instalação do colegiado e anunciou que vai prosseguir tentando criar o grupo para investigar o padre. O requerimento feito por ele já teve a assinatura de ao menos 24 vereadores, do total de 55.
Thammy Miranda (PL) afirmou que foi enganado por Rubinho e que o requerimento apresentado por ele não citava a investigação contra o religioso. Ele chama a iniciativa de “grande fake news”, diz que o vereador bolsonarista “está fazendo campanha política” e avalia que outros colegas também foram enganados.
“Eu assinei o requerimento porque ele dizia que era para investigar a Cracolândia. Só depois que assinei que vi que o padre Júlio Lancellotti estava envolvido”, disse Miranda.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), não se manifestou publicamente sobre o tema, mas ligou para o padre após ser informado sobre a criação da CPI contra ele. Ele disse que desconhecia a iniciativa e conversou com representantes da Arquidiocese.
A Arquidiocese de São Paulo divulgou uma nota de repúdio contra a proposta de CPI, afirmando que ela é “uma afronta à dignidade humana e à liberdade de expressão”.
