Pandemia, desistência e beijo no acrílico: Os desafios de Salve-se Quem Puder
Novela da Globo teve que se adequar e sofreu adaptações
Publicado em 15/07/2021 às 05:23
Salve-se Quem Puder termina nesta sexta-feira (16) e a novela da Globo enfrentou desafios jamais imaginados ao longo de 107 capítulos e divididos em duas fases. Uma pandemia mundial e que se alastrou pelo Brasil ao longo de 2020, fez com que se tornasse inviável a produção do folhetim pelo iminente contato físico. Interrompida em 28 de março do ano passado, a trama de Daniel Ortiz voltou 12 meses depois para apresentar seu desfecho.
Com as gravações suspensas, Daniel Ortiz já começava a martelar sobre o que teria que fazer para por fim a história. Ele já havia sido avisado de que o folhetim teria que sofrer adaptações, e antes prevista para ter 155 capítulos, terminará com 107. Isto é, 48 episódios a menos.
Demorou cinco meses entre a paralisação e retomada de gravações, em agosto. Todo o elenco recebeu uma espécie de manual que explicava quais medidas de seguranças sanitárias seriam adotadas a partir dali. Tudo para que a contaminação da Covid-19 fosse evitadas entre os profissionais.
Dentre as medidas, optou-se por camarins individuais para se preparar antes de entrar em cena. A Globo também pediu, nesse sentido, para que os atores evitassem ao máximo se produzir nos estúdios. A maquiagem era recomendável que viesse de casa.
"Esquecimento" de papel e beijos cuidadosos em Salve-se Quem Puder
Cerca de três meses depois de paralisada as gravações, Deborah Secco admitiu ao autor e ao diretor Fred Mayrink que se desapegou de sua personagem, Alexia. "Eu estava falando com o Fred e com o Daniel, e não sei mais fazer a Alexia. Vou ter que assistir a alguma coisa para lembrar o tom e o ritmo."
"Esses personagens de construção são mais complicados ainda. Estou esperando os capítulos chegarem para saber como prosseguir. Talvez, quando isso acontecer, a personagem já baixe naturalmente", admitiu ao jornal O Globo no final de junho do ano passado.
Quando as gravações já estavam a todo vapor e Deborah retomou sua personagem, a Globo enfrentava outros problemas mais graves, como as cenas de beijo. Felipe Simas e Juliana Paiva, casal da novela, fizeram a primeira a cena. E para isso, a emissora os isolou por uma semana e passando por testagens.
Flávia Alessandra classificou como "certeiros" os protocolos. "São necessários para a gente conseguir realizar uma obra como é uma novela, que tem tapa, aproximação, carinho, aperto de mão, abraço e beijo. Se não fosse dessa forma, a gente não conseguiria retomar o trabalho. Diria que têm sido desafiadores os novos métodos", disse ao O Globo em setembro do ano passado.
Os cuidados fizeram que com a Globo desembolsasse mais dinheiro para gravar, e também fez com que levasse mais tempo. Uma sequência que duraria uma hora, passou a levar duas ou duas horas e meia. "É um luxo fazer cinema com uma velocidade menor dentro da TV", pontuou Flávia.
Em meio às gravações, Rodrigo Simas acabou contraindo o vírus, o que atrasou um pouco o cronograma. Ele achou um tanto quanto estranho os novos tempos, como dar beijo no acrílico, material que separava os atores nessa cena que requer contato. "Me dava ataque de riso. Foi bem doido", admitiu numa conversa com a imprensa há dois meses.
Saída de ator e custos mais altos
A entrada de Rodrigo Simas só aconteceu porque José Condessa, o Juan, saiu. Ele era o namorado de Luna, mas deixou Salve-se Quem Puder porque tinha assumido compromissos em Portugal quando terminassem as gravações. "Todas as partes envolvidas sabiam sobre a minha agenda no Brasil e no meu país. E o cronograma não atrapalharia em nada a minha participação em Salve-se. Mas, o coronavírus surpreendeu o mundo e embaralhou tudo", falou ele na época ao portal Metrópoles.
Salve-se Quem Puder, além de todos os contratempos e paralisações, também ficou mais cara. A Globo, devido aos cuidados, passou a disponibilizar testes PCR periodicamente, contratação de camarins containers e pagamento de Uber a todos do elenco, com exceção de nomes do primeiro escalão, que a emissora disponibiliza transporte próprio, custos que não faziam parte do projeto inicial.