5G vai mudar a forma de assistir Globo, SBT, Record, Band e RedeTV! na parabólica
Antenas parabólicas passarão por transformação tecnológica
Publicado em 16/04/2022 às 08:17,
atualizado em 16/04/2022 às 14:16
A televisão 5G vem aí. A tecnologia vai aprofundar a chamada internet das coisas. Com isso, emissoras de rádio e TV (como Globo, SBT, Record e Band) poderão usar o artifício para irradiar seus sinais, fazendo com que elas cheguem mais longe, com melhor qualidade. "Emissoras médias e grandes terão capacidade de produzir melhor, proporcionar uma imersão do telespectador com interatividade, consumo e publicidade dirigida", analisa Mario Finamore, empresário do setor de telecomunicações e especialista em sistema de TV ouvido pelo NaTelinha.
No entanto, Finamore frisa que também existem ameaças. "Novas e antigas plataformas de streaming, sistemas de TV AVOD, operações de TV por assinatura gratuita que se remuneram através de publicidade, indústria de games, redes sociais e novas aplicações que seguramente surgirão", acrescenta.
Em novembro do ano passado, houve arremate de parte dos lotes de 5G e que foi concluído pela Anatel. Uma parte das faixas frequentes (a mais disputada, próxima usada à usada para o funcionamento de TVs via satélite) sofrerá com a interferência no sinal que chega ao televisor do povo.
Finamore explica que isso ocorreria de qualquer maneira em virtude da proximidade das faixas. "Antes de optar-se pela migração de banda C para a Banda Ku estudou-se a instalação de filtros nos LNBs das antenas receptoras (um filtro de sinal instalado nas parabólicas), dessa forma não haveria a necessidade da troca de antenas, de receptores, e respectivas instalações, mas decidiu-se pela migração de toda a plataforma de TVRO (TV reception only)", diz o especialista.
Ele conta que levou-se em conta não somente os custos da limpeza de faixa, como também proporcionar aos brasileiros uma plataforma de TVRO mais moderno e que entregue mais qualidade de som e imagem, além de maior de variedade de canais.
Por que existe o risco da interferência?
As interferências na tecnologia 5G podem ocorrer porque as antenas parabólicas operam nas faixas de frequência de 3.60 GHz a 6,45 GHz. Como o 5G utilizará em uma de suas frequências a faixa de 3,5 GHz, haverá uma sobreposição que poderá causar interferência em alguns canais que estiverem operando numa faixa próxima dos 3,5 GHz. "Para a interferência ocorrer, faz-se necessário que a antena parabólica (TVRO) esteja num raio de proximidade da antena de 5G da operadora de telefonia", afirma.
Apesar disso, Mario Finamore ressalta que se determinada cidade não tiver antena de telefonia em 5G, não haverá interferência. "Tem muita cidade no Brasil que ainda não tem nem 3G, que para receber um WhatsApp você precisa se conectar ao Wi-Fi... Custa muito caro a instalação das antenas de 5G e o raio de alcance de uma antena de 5G é menor que a de 4G, ou seja, as operadoras precisam instalar ainda mais antenas... Será que farão isso em cidades pequenas e médias no curto prazo? As pessoas nessas cidades terão aparelhos celulares habilitados para o 5G no curto prazo? Será economicamente viável a instalação e manutenção de uma rede 5G em cidades pequenas e médias? Essa é uma reflexão que eu faço", questiona.
O que é a banda Ku?
Existe uma migração prevista de canais de TV aberta que operam na banda C se mudem para a banda Ku. Mas afinal, o que isso significa? "Banda Ku (Kurtz-Under Band) é uma faixa de frequência que opera entre 10,7 GHz e 18 GHz, através de antenas pequenas, medindo entre 60 e 90cm de diâmetro. É a tecnologia utilizada por operadoras de TV por assinatura via satélite, como SKY, Directv, Dish, etc. Todos os canais que hoje estão disponíveis nas parabólicas serão migrados para a Banda Ku", conta.
"Haverá um período, de aproximadamente dois anos, onde ocorrerá a chamada dupla iluminação, ou seja, os canais serão transmitidos simultaneamente em Banda C e também em Banda Ku. São aproximadamente 18 milhões de residências que precisarão ter uma nova antena instalada, vai tempo para que toda essa base conclua essa migração. E para que ninguém fique sem sinal, teremos essa janela de dupla iluminação para que todos os usuários de Banda C possam se preparar para a nova plataforma de TVRO, a Banda Ku."
Mario Finamore, empresário do setor de telecomunicações e especialista em sistemas de TV
As TVs legislativas pediram mais tempo para fazer essa migração, ampliando o prazo de 75 dias para 18 meses. De acordo com Finamore, tecnicamente não faz sentido. "Não vejo dificuldade alguma [de migração]. Nenhuma emissora está reclamando dos prazos, absolutamente nenhuma", salienta
A previsão da Anatel é que até 2025 exista a chamada transmissão concomitante (dupla iluminação). Daqui três anos, portanto, deve ser feito o desligamento da Banda C e somente aqueles que tiverem adquiridos os novos aparelhos poderão continuar assistindo à TV aberta por parabólica.
Os custos do 5G para o povo
O mercado estima que exista 18 milhões de lares que assistem TV através das parabólicas por todo o país, em sua maioria fora de regiões metropolitanas e no interior do país. Famílias cadastradas no CadÚnico do Governo Federal (aproximadamente 8,6 milhões de lares) terão um kit Banda Ku instalado em sua residência de forma gratuita. Receberão antena, receptor, cabos e ainda o serviço de instalação sem custos. As outras 10 milhões de famílias precisarão comprar sua antena, seu receptor e contratar um antenista para a instalação. Esse custo varia de região para região, mas será de aproximadamente R$ 500,00 (quinhentos reais), incluindo gastos com o kit mais a instalação.
Apesar dos custos aparentemente altos, Finamore aponta que o telespectador ganhará em qualidade de imagem e som, sem contar o maior número de canais disponíveis. "A Banda Ku permitirá um número maior de emissoras dentro do mesmo satélite. O ganho de qualidade será brutal", promete.