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Cantor massacra Claudia Leitte após polêmica com Iemanjá: "Saia do Carnaval"

Loira já havia sido criticada por trocar a letra de uma música


Montagem de fotos de André Gabeh e Cláudia Leitte
André Gabeh falou sobre Claudia Leitte - Reprodução/Instagram

André Gabeh fez uma carta aberta para Claudia Leitte. O cantor detonou a artista, que se envolveu em uma polêmica por ter alterado a letra de uma música que citava Iemanjá, e pediu que ela "saia do Carnaval".

O vídeo que foi resgatado por internautas e fez com que a ex-Babado Novo fosse alvo de críticas é de 2014, de uma gravação do DVD AxeMusic: Ao Vivo em Recife. A letra original de Caranguejo diz "Maré tá cheia / Espera esvaziar / Joga flores no mar / Saudando a rainha Iemanjá". A loira, que é evangélica, preferiu cantar citando Yeshua, que em hebraico significa "salvação", que alguns religiosos consideram ser o nome original de Jesus.

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Nas redes sociais, André Gabeh se revoltou: "Que raiva, meu Deus, que raiva. Claudia Leitte, acredito que você esteja cercada de pessoas que a todo momento te falam: 'Diva, lacrou, maravilhosa, hitou'".

"Mas eu preciso te contar um negócio muito sério, coisa pontual: você é cantora de um gênero chamado axé music. Não é Canção Nova music, não é Zaqueu music, não é louva music, é axé music", continuou ele.

Na sequência, o ex-BBB falou sobre a força do "axé": "Sabe o que é axé, fia? Axé é vida, força, é poder. Axé é o 'amém' do povo preto, é também o nosso 'Deus te abençoe', o nosso 'que sua vida seja plena e abundante'. Respeite isso".

André Gabeh faz textão para Claudia Leitte

Depois de pedir respeito, André Gabeh continuou sua carta aberta lembrando algumas atitudes que Claudia Leitte teve no passado e que foram motivo de polêmica. "Você comprou suas casas, hidratou seus cabelos, pagou a escola de seus filhos, fez capas de discos com blackface, lançou sucessos questionáveis com letras lactobacílicas e próbioticas", emendou.

"Tudo isso graças a sua carreira construída sobre os pilares de um estilo musical chamado axé music. Tá entendendo?", questionou ele, lembrando que a cantora sequer nasceu na Bahia, mas no Rio de Janeiro.

"Você faz sucesso se fingindo de baiana, se fingindo de cantora, se fingindo de afroloira graças ao axé music. Organizou isso na sua mente? Então vigia, varoa."

"Vigia muito atentamente e pare de fazer a pêssega ungida. Você e seus fãs que apoiam a sua palhaçada de trocar Iemanjá por 'só louco meu rei Yeshua' precisam tomar vergonha em suas caras lactósicas, precisam se dar o respeito", disparou o famoso.

Ainda no texto, Gabeh pediu que Claudia Leitte ressignifique sua carreira e não menospreze a cultura que a consagrou. "Se componha, obreira. Cante gospel. Cante louvores. Sabemos que pra isso você terá que estudar muito, ajustar respiração, apoio, laringe, filtros e fontes sonoras, porque a música 'gospel' brasileira é conhecida por cantores de muitos recursos vocais, coisa que a gente sabe que você precisa desenvolver", alfinetou ele.

"Faça isso, você consegue. Estude, treine. És uma mulher linda e ficará maravilhosa com tailleurs e terninhos de tecido brilhante cantando versões de 'Entra na minha casa, entra na minha vida, porque ele vive e grandioso és tu'. Força guerreira. Tem que ter gogó. Tens gogó? Então vá", aconselhou.

O cantor não parou por aí e deixou um alerta para a loira: "Não faz graça com o nome de Iemanjá. Não substitua o nome santo de Iemanjá em uma música nascida das entranhas dos diaspóricos negros que são apagados por você e outras cantoras baianas brancas que até hoje vivem do abraço que o racismo estrutural proporciona e que coloca cantoras caucasianas como expoentes da música preta, enquanto Margareth Menezes é quase um adjunto adverbial de ausência no panteão das afrobrancas baianas".

"A gente entende que esse privilégio é irresistível e poderoso, porque afinal estamos falando do estilo musical que escolheu a nova loira do Tchan e invisibilizou Débora [Brasil], a dançarina preta do Tchan enquanto ainda era Gera Samba. Eu te entendo", seguiu.

Na sequência, o ex-BBB disse: "Amaria poder ter essas oportunidades enquanto homem negro, mas vivo em um mundo onde as pessoas acham normal que 97% (isso é um cálculo real) das pessoas que julgam o Carnaval carioca sejam brancas. Ou seja: sei exatamente que esse mundo não é pra mim".

"Esse mundo é pra você, feito por pessoas como você, que se irmanam a você e fazem com que a gente que reclama pareça um bando de ressentidos, quando na verdade já abrimos mão desse protagonismo e estamos procurando outras histórias e caminhos", continuou.

Gabeh afirmou que estava se manifestando pela honra de seus ancestrais. "Preciso me manifestar pela decência de ser um homem preto e macumbeiro que vive de falar sobre minha ancestralidade, porque além de todo o cinismo fundamentalista, dona Claudia Leitte tem que entender que, quando ela muda uma letra, ela desrespeita a própria arte, desrespeita o compositor e sua inspiração. Isso é arrogante e egocêntrico", avaliou.

"Imagina se um cantor de religião afrobrasileira troca os versos de Ave Maria no Morro para flexionar a poesia de maneira favorável a seu culto? 'E o morro inteiro no fim do dia, reza uma prece, Maria Padilha'. Pensa no escândalo! Pensou? Pensou nada", observou ele.

"E não me venham com 'ela canta o que ela quiser, do jeito que ela quiser'. Ela só pode ter essa autonomia sobre aquilo que compôs. De resto, é só fundamentalismo e intolerância religiosa."

André Gabeh também lembrou de Baby do Brasil, que causou confusão ao falar sobre apocalipse no Carnaval de Salvador. "Vou falar uma coisa pra você, Claudia Leitte. Quer dizer, vou falar mais uma coisa pra você e que serve pra Baby do Brasil (outra equivocada e irresponsável pra quem resolveram passar pano por causa de seus anos de carreira e fanatismo) e pra todos os evangélicos que odeiam Carnaval: Saiam do Carnaval", pediu.

"Carnaval é a festa da carne. Eu e nenhum simpatizante de axé entramos em igrejas cantando pra Oxalá. Façam o mesmo. Se não há convivência respeitosa e pacífica, que cada um fique no seu quadrado. O que Claudia Leitte está fazendo cantando algo que não a representa e fere seus princípios?", questionou.

Por fim, ele finalizou: "É pra pagar IPTU? Pra manter um status rançoso? Parem! Cada coisa em seu lugar e respeito sempre. Que desapareça do mundo secular e ressurja em glória longe dos ouvidos mundanos".

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