Com Covid-19, apresentador da Gazeta teve sensação de que estava morrendo: "Dias horríveis"
Médicos disseram que Tutu só sobreviveu porque tomou a primeira dose da vacina contra a doença
Publicado em 13/09/2021 às 05:14,
atualizado em 13/09/2021 às 14:09
O apresentador Arthur Pires, mais conhecido como Tutu, integrante dos programas Fofoca Aí e Mulheres, da TV Gazeta, venceu a Covid-19. No fim de agosto, ele foi internado e passou 11 dias no hospital, seis no quarto e cinco na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Em entrevista ao NaTelinha, o comunicador de 27 anos revela que não tinha forças nem sequer para usar o celular e, durante a internação, teve a certeza de que iria morrer.
“Os cinco dias de UTI foram dias horríveis. Não foram dias confortáveis ou com sintomas leves. Precisei receber até 80% de oxigênio porque o meu pulmão estava funcionando apenas 20% da capacidade. Nesses dias, pensei: ‘Acabou. É isso, não tem mais o que fazer. O vírus me pegou de uma forma muito fatal e já era’”, relata Tutu, que já voltou ao trabalho na Gazeta. Ele recebeu alta em 4 de setembro, quando usou a rede social para agradecer a equipe médica.
“Eu não tinha força nem para levantar o celular. Não conseguia digitar porque me dava falta de ar. Parece esquisito, mas eu não conseguia fazer o menor esforço. Passei dias usando fralda, porque não conseguia levantar para ir ao banheiro. Qualquer esforço mínimo, minha saturação poderia cair e isso faria com que eu fosse intubado.”
Tutu conta que, em vários momentos, revisou passagens de sua vida. “Foram dois dias basicamente em total silêncio, sem conseguir falar, refletindo sobre tudo que eu já fiz. Pensava também em tudo o que eu não fiz, o que eu falei e o que deixei de falar, planos futuros e planos adiados. Tudo isso passou na minha cabeça de uma forma muito rápida. Sabe um trailer? Todo mundo na vida já imaginou uma situação assim, em que passa um filme na cabeça, e isso de fato aconteceu.”
Para a recuperação, o apresentador passou por fisioterapia respiratória. “Os médicos me falaram muito que o fato de eu ter tomado a primeira dose foi o que me salvou de não ser intubado. Mesmo 50% da capacidade da vacina foi suficiente para me ajudar. Por isso, é tão importante que as pessoas se vacinem e continuem se protegendo. Máscara e álcool em gel são itens obrigatórios.”
“Sentir falta de ar é horrível. Você puxar o ar e ele não vir é angustiante. O desespero é muito grande. Depois, é incrível como você passa a valorizar o simples ato de respirar. As pessoas devem entender que o coronavírus não é uma gripezinha, nunca foi uma gripezinha, e também precisam ter mais empatia principalmente por quem passou por isso.”
“Quando a gente precisa de buscar ar pra respirar, vê que isso sim é um problema”, relata Tutu
Refeito do susto, Tutu rejeita a ideia de que há um “lado positivo” em encarar a morte tão de perto. Contudo, entende que levará um aprendizado do período em que esteve no hospital. “Percebi a nossa fragilidade como ser humano, e como um vírus pode destruir a nossa vida. Infelizmente muita gente não tem essa dimensão nem leva a sério a pandemia, vai para baladas, acha que é uma ‘gripezinha’ [expressão usada pelo presidente Jair Bolsonaro no ano passado] mesmo com mais de 580 mil vidas ceifadas aqui no Brasil.”
“Ainda tem quem ache que, se contrair a doença, vai ficar tranquilo, que vai sentir só uma dorzinha leve de cabeça, sintomas leves. Mas é uma verdadeira roleta russa. Não se sabe como o organismo vai reagir”, comenta o apresentador, que viu vários familiares contraírem a doença. “Além de tudo, é uma doença que nos isola literalmente. É uma doença muito solitária.”
O estado de saúde do apresentador fez, de certa forma, com que todos à sua volta também adoecessem, física ou mentalmente. “A Covid-19 deixa a família inteira doente, não só o indivíduo. No período em que fiquei internado, minha mãe teve problemas de pressão. E essa é uma situação que adoece a cabeça também.”
“É tudo muito recente. Não consigo fazer uma avaliação de grandes mudanças, mas o que eu vejo é que a gente passa a enxergar questões que são tidas como problemas e dificuldades como nada. Quando a gente precisa de buscar ar pra respirar, vê que isso sim é um problema.”
“Não falo isso de uma forma positiva. Não existe lado positivo no meio de uma pandemia. É tudo horrível, mas há mudança. As pessoas têm uma tendência de florear um pouco a situação para parecer que não é tão absurdamente grave assim, mas é! A doença é muito grave.”
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