Morre Nicette Bruno, aos 87 anos, vítima da Covid-19
Atriz estava internada desde o fim de novembro no Rio de Janeiro
Publicado em 20/12/2020 às 13:35
Morreu neste domingo (20), aos 87 anos, a atriz Nicette Bruno. Ela estava internada desde o fim de novembro com Covid-19 na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro. A veterana foi casada por mais de 40 anos com o também ator Paulo Goulart (1933-2014), com quem teve três filhos, todos artistas: Bárbara Bruno, Beth Goulart e Paulo Goulart Filho.
"A Casa de Saúde São José informa que a atriz Nicette Bruno, que estava internada no hospital desde 26 de novembro de 2020, faleceu hoje, às 11h40, devido a complicações decorrentes da Covid-19. O hospital se solidariza com a família neste momento", diz a nota divulgada pelo hospital.
O corpo da artista será cremado nesta segunda-feira (21), às 13h30, no Cemitério da Penitência, também no Rio. O velório será aberto somente para familiares. As cinzas deverão ser levadas para o jazigo da família, no Cemitério da Consolação, em São Paulo, onde Paulo Goulart está enterrado.
Nascida em 1933, em Niterói, Nicette Bruno esteve atrelada à arte desde criança, com vários familiares no meio artístico. Teve suas primeiras experiências no palco na década de 1940. Foi também uma das pioneiras da televisão no Brasil, atuando no veículo desde os anos 1950.
Em 1965, casou-se com o ator Paulo Goulart, com quem formou um dos casais mais longevos do meio artístico brasileiro, até a morte dele, em 2014.
A estreia em novelas foi em Os Fantoches (1967), na Excelsior. Consolidou-se como uma das principais atrizes do gênero nos anos seguintes, com vários trabalhos na Tupi. Uma de suas personagens mais lembradas é a Dona Lola de Éramos Seis (1977), que lhe rendeu o Troféu APCA naquele ano.
Nos anos 1980, assinou com a Globo e firmou-se na emissora. Atuou em Louco Amor (1983), no remake de Selva de Pedra (1986), A Próxima Vítima (1995) e foi a Dona Benta no Sítio do Picapau Amarelo, entre 2001 e 2004, entre várias outras produções. Seu último trabalho na TV foi uma participação especial na nova versão de Éramos Seis, no início de 2020.
Leia a íntegra do comunicado da Globo sobre a morte de Nicette Bruno
Durante mais de sete décadas, o sorriso marcante de Nicette Bruno brilhou no teatro, no cinema e na televisão. A atriz deu vida a mocinhas, vilãs, freiras, integrantes da alta sociedade, empresárias e mulheres simples. E interpretou, por duas vezes na carreira, uma das avós mais queridas da literatura brasileira, a Dona Benta, do Sítio do Pica Pau Amarelo. Neste domingo, dia 20, Nicette morreu, na cidade do Rio de Janeiro, devido a complicações decorrentes da Covid-19, aos 87 anos. A atriz deixa três filhos atores – Paulo Goulart Filho, Bárbara Bruno e Beth Goulart – frutos do casamento com Paulo Goulart, falecido em 2014; 8 netos e 5 bisnetos.
Na década de 1930, Nicette já circulava pelos corredores da extinta Rádio Guanabara, no Rio de Janeiro. A menina-prodígio, nascida em Niterói, começou a carreira aos 4 anos, declamando e cantando em um programa infantil. O teatro entrou para sua vida aos 11. Três anos mais tarde já era contratada da Companhia Dulcina-Odilon e recebeu o prêmio de atriz revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, pela atuação em A Filha de Iório.
Foi no Teatro de Alumínio, em São Paulo, do qual foi uma das fundadoras, que Nicette Bruno conheceu Paulo Goulart. Os dois trocaram os primeiros carinhos nos camarins durante os intervalos do espetáculo Senhorita Minha Mãe. “Eu e Paulo tínhamos uma afinidade cênica muito grande. Tanto que nos conhecemos em cena, né? Trabalhar junto era muito bom, porque tínhamos a mesma seriedade, sabíamos separar a nossa relação. Quando estávamos em cena, éramos personagens, não a nossa individualidade”, contou Nicette em entrevista ao Memória Globo.
Uma das pioneiras da televisão brasileira, Nicette estreou na TV Tupi logo após sua inauguração, em 1950, participando de recitais e teleteatros. Lá, interpretou Dona Benta pela primeira vez, entre 1952 e 1962. Voltou ao papel da avó de Pedrinho e Narizinho na adaptação do Sítio do Pica Pau Amarelo exibida pela Globo entre 2002 e 2004.
Em 1980, Nicette foi convidada para trabalhar na Globo, no seriado Obrigado, Doutor. O primeiro papel em novelas foi em Sétimo Sentido (1982), de Janete Clair, e então vieram personagens inesquecíveis como a Joana, de Tenda dos Milagres (1985); a Julieta Sampaio, de Mulheres de Areia (1993); a Ofélia, de Alma Gêmea (2005); a Júlia Spina, mãe de Jacques Leclair, no remake de Ti-Ti-Ti (2010); e a matriarca portuguesa Santinha, de Joia Rara (2013), novela vencedora do Emmy.
Nicette brincava com o fato de só ter interpretado sua primeira vilã na televisão em 1997, com a Úrsula de O Amor Está no Ar (1997). “No teatro, eu já havia feito muitos personagens fortes e negativos. Na TV, foi engraçado, porque acho que o público não acreditou muito”, disse a atriz, também ao Memória Globo.
Seus últimos trabalhos na TV foram em Órfãos da Terra – obra vencedora do Emmy de Melhor Telenovela, do Grand Prize no Seoul Drama Awards, e do Rose D’Or Awards na categoria Serial Drama – como Ester Blum, e uma participação em Éramos Seis (2020), como Madre Joana. Foi uma merecida homenagem à atriz, que havia interpretado a protagonista Lola na versão da trama exibida pela TV Tupi.
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