Como detectar uma relação abusiva como a vivida por Anitta aos 15 anos?
Anitta detalhou traumas em seu documentário na Netflix
Publicado em 19/12/2020 às 08:50
Anitta surpreendeu o público nesta semana em seu documentário na Netflix, Anitta: Made in Honório. Logo no primeiro episódio, declarou que sofreu estupro e se viu numa relação abusiva quando tinha 15 anos. "Ele era autoritário comigo, falava de forma autoritária", definiu ela. Mas como escapar de um relacionamento assim?
O psicólogo e escritor Alexander Bez diz que toda relação abusiva é caracterizada pelo sofrimento, angústia, medo e desespero. E se o relacionamento for marcado pelo controle, a situação se agrava. Porém, ele dá uma característica bastante peculiar: "É a humilhação. Caso esteja envolvida com uma pessoa e ela te faça passar por algum desses elementos, você está vivendo em um relacionamento abusivo".
Pessoas com caráter impulsivo, controlador e violento são mais propensos a serem abusivos, bem como o exemplo vivido por Anitta. Afinal, ele a estuprou quando tinha apenas 15 anos de idade e não se abalou em ver uma cama cheia de sangue depois do ato. "Ele (a) não vai mudar porque te ama, porque você acredita na mudança e por medo de te perder. O que pode mudar é a intensidade da agressão. Pode ser progressiva, começar com gritos e terminar com tapas", elenca.
Como escapar?
Segundo Bez, enfrentar o agressor é totalmente prejudicial, o que é a primeira regra. A segunda é não tentar compreendê-lo achando que isso vai mudar. "Não tente se consolar com falsas ilusões", avisa.
Para o profissional, a melhor maneira de acabar com tudo é "saltar do barco". "Não tente um diálogo, quando a relação chega a esse nível de desrespeito não há mais nada o que possa ser feito. As técnicas de esquiva, são as mais condizentes. Evitar o confronto, na medida do possível, é a melhor técnica, desvincular as emoções para que a vida possa fluir saudável e com felicidade", alerta.
Um relacionamento como o de Anitta, na visão do psicólogo, tem quatro fases. A primeira vem com humilhações, ameaças e controle. Depois, agressões físicas. Mais adiante, o estupro. E o último estágio é a mais cruel, levando a vítima à morte.
E ao contrário dos que muitos pensam, um abusador sempre percebe que é um. "Não é um processo inconsciente!", alerta ele. E acrescenta: "A agressão é um processo mental intrínseco à própria personalidade da pessoa. Mudamos planos, objetivos, opiniões, gostos e estilos, mas, nunca o caráter que fora formado em nosso desenvolvimento infantil, formando, consequentemente, a personalidade".
Algumas mulheres, como Anitta, conseguem se posicionar e se defender sobre o acontecido, mas a culpa está diretamente relacionada a vários fatores da vítima. "Quanto mais frágil psicologicamente, maior será a culpa", lamenta o psicólogo. "Com a ajuda [profissional], essa mulher irá compreender que ela não tem culpa e pode desenvolver força para denunciar o caso", encerra Alexander.
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