Emissoras recorrem a filmes na pandemia e provam que gênero ainda vive na TV aberta
Protagonistas na TV em outros tempos, gênero volta com tudo na pandemia
Publicado em 29/07/2020 às 05:54
Com o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) em março, suspensão da produção nacional e do esporte, as emissoras tiveram que recorrer ao gênero que era motivo de guerra entre elas da década de 1980 até a segunda metade dos anos 2000: os filmes.
Ao final de cada ano, a briga para ver quem saía com os melhores títulos em seu catálogo era ferrenha. Com a acessibilidade da televisão por assinatura e a proliferação de serviços por streaming, os filmes deixaram de ser um filão atrativo na TV aberta, mas isso vem mudando novamente.
Obviamente, o momento é outro e não se compara quando todos ficavam impressionados com os títulos que as TVs exibiam. Titanic, quando inédito, causou frisson na Globo. O mesmo aconteceu quando o SBT exibiu o primeiro filme de Harry Potter em dezembro de 2004.
Agora, quando qualquer filme de grande porte chega na TV aberta, já foi exibido à exaustão em outras janelas. Alguns chegam até saturados.
Loteamento de filmes na pandemia
De todo modo, até por uma questão de necessidade, as emissoras se viram obrigadas a recorrer aos filmes nesses últimos quatro meses.
A Globo abriu espaço para o cinema às quartas-feiras para cobrir o futebol, assim como no domingo. A Sessão de Sábado conseguiu 11 pontos em um sábado à tarde com um filme que completou 30 anos: Uma Linda Mulher (1990).
A Record não ficou para trás e "boletou" um pacotaço da Sony Pictures com cerca de 60 filmes. Alguns, repetidos demais, como é o caso de Homem Aranha, que aliás, deu 6 pontos no último domingo (26), coisa que o Domingo Show, de Sabrina Sato, nunca viu.
Até mesmo a Band, que tem menos tradição no segmento, vem garimpando bons títulos, com mais sessões semanais que o SBT, que mantém apenas duas: Cine Espetacular e Tela de Sucessos, ambas no ar há mais de 20 anos.
O SBT se escora nos resquícios do pacote Warner que o consagrou nos anos 2000 e outras compras sazonais, mas geralmente velhas. De todo modo, cumpre seu papel e vez ou outra, morde a liderança.
Filmes sobrevivem
Ao contrário do que muitos estudiosos previam há alguns anos, o gênero sobrevive bem na TV aberta. A própria Globo, embora tenha grande parte da programação com conteúdo nacional, mantém sessões de cinema diárias e também o monopólio de filmes na TV aberta.
A emissora carioca possui contrato de preferência com a Warner e Disney pelo menos até o final de 2021. Somente com a Warner, estima-se que a Globo desembolse US$ 25 milhões por ano, mais de 125 milhões de reais no câmbio atual.
Além de dois dos maiores estúdios de Hollywood, há ainda contratos preferenciais com a Fox, Paramount, Universal Studios, MGM, Lionsgate e Sony.