Como A Viagem e Terra Nostra fizeram Globo inverter estratégias para reprises
Características das duas novelas motivaram mudança importante nos bastidores da programação vespertina
Publicado em 19/09/2025 às 04:05,
atualizado em 19/09/2025 às 10:28
A escalação de A Viagem, no Vale a Pena Ver de Novo, e Terra Nostra, em Edição Especial, inverteu a estratégia da Globo para a escolha das reprises de sua programação vespertina nos últimos anos. Características específicas de cada uma das novelas motivaram uma mudança importante nos bastidores.
Em 2021, a Globo lançou a faixa Edição Especial após o Jornal Hoje. O objetivo era salvar o horário, que amargava o segundo lugar com constantes derrotas para A Hora da Venenosa, quadro de fofocas do Balanço Geral, da Record. As novelas rapidamente conquistaram a liderança na audiência.
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A princípio, o horário seria dedicado a novelas mais leves, exibidas originalmente às 18h. Já os títulos mais fortes, das 20h ou 21h, ficariam para o Vale a Pena Ver de Novo, impulsionando a grade noturna.
O Vale a Pena, aliás, adquiriu mais importância nos últimos anos. Realocada para o final da tarde, passou a “entregar” o público para a grade noturna. Esse papel ficou ainda mais evidente com o fim da Malhação, fazendo a tradicional sessão de reprises ficar colada na novela das seis.
Forte apelo popular de A Viagem garante exibição no fim da tarde

Com a estreia da faixa Edição Especial, no fim de 2021, a Globo vinha exibindo apenas novelas do horário nobre no Vale a Pena Ver de Novo: O Clone (2001), A Favorita (2008), O Rei do Gado (1996), Mulheres Apaixonadas (2003), Paraíso Tropical (2007) e Tieta (1989).
Houve duas exceções: Alma Gêmea (2005), das 18h, reprisada no ano passado, e agora A Viagem, que passou originalmente às 19h.
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O apelo que essas duas novelas tiveram com a audiência em suas exibições originais e também nas reprises motivaram a aposta. É como se elas fossem vistas internamente como tão fortes quanto os títulos das oito ou nove da noite.
Alma Gêmea foi a novela das seis de maior audiência dos anos 2000. Já A Viagem teve a maior audiência das sete na década de 1990 – é comum, inclusive, que muitos se surpreendam ao saber que a novela passou às 19h. Curiosamente, as tramas têm uma abordagem em comum: a doutrina espírita.
Lenta e romântica, Terra Nostra parece mais apropriada para o início da tarde

Já em Edição Especial, a Globo já apostou em O Cravo e a Rosa (2000), Chocolate com Pimenta (2003), Mulheres de Areia (1993), Cabocla (2004) e História de Amor (1995), todas das 18h, e apenas um título das 19h, Cheias de Charme (2012). Agora, finalmente, uma trama do horário nobre: Terra Nostra.
O entendimento é de que a novela não tem o mesmo apelo que outros títulos do autor Benedito Ruy Barbosa, como O Rei do Gado. O ritmo lento, essencialmente romântico e sem muitas reviravoltas, também não soa apropriado para o fim da tarde, que requer histórias mais movimentadas.
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Paralelamente, a história de Giuliana (Ana Paula Arósio) e Matteo (Thiago Lacerda) tem uma forte carga dramática, mais apropriada à Edição Especial. O título forte também ajuda a impulsionar a sessão, que hoje já não alcança os mesmos índices de audiência das primeiras reprises.
Finalizada na semana passada, História de Amor elevou ligeiramente os números das antecessoras, Cabocla e Cheias de Charme. A partir desta segunda-feira (15) – depois de duas semanas de dobradinha –, Terra Nostra tem a missão de manter a audiência na faixa.
Exibida na Globo em 1994, A Viagem foi escrita por Ivani Ribeiro (1922-1995), com colaboração de Solange Castro Neves, baseada na novela homônima da autora, que foi ao ar na Tupi em 1975. A direção é de Ignácio Coqueiro e Maurício Farias, com direção geral de Wolf Maya.
Exibida originalmente entre 1999 e 2000, Terra Nostra foi escrita por Benedito Ruy Barbosa, com colaboração de Edmara Barbosa e Edilene Barbosa. Teve direção geral de Jayme Monjardim e direção de Marcelo Travesso e Carlos Magalhães.