Pablo e Luisão: Com nova série, Globoplay faz Todo Mundo Odeia o Chris à brasileira
Semelhanças não comprometem originalidade da criação de Paulo Vieira, um achado neste momento em que o humor suscita tantos debates

Publicado em 24/06/2025 às 11:49
Quem assistir a Pablo e Luisão, nova série de humor do Globoplay, notará algumas semelhanças com Todo Mundo Odeia o Chris, produção norte-americana bastante popular no Brasil. E isso em nada compromete a originalidade da atração criada por Paulo Vieira, que se inspirou nos casos reais vividos por seu pai e pelo melhor amigo dele, personagens-título da comédia.
Todo Mundo Odeia o Chris foi produzida nos EUA entre 2005 e 2009, e as quatro temporadas seguem sendo reprisadas até hoje na Record. Os diversos fatores que fazem desta uma série querida pelos brasileiros também têm garantido a boa aceitação de Pablo e Luisão: lançada no fim de maio, a novidade figura entre os títulos mais vistos do Globoplay.
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Como Chris Rock fez no exterior, Paulo Vieira usa histórias de sua família, ocorridas durante a infância do humorista, para compor os episódios, narrados por ele mesmo. Também estão ali o humor mordaz, com pitadas de críticas; a edição ágil, de cortes rápidos; e uma narrativa fluida e inventiva, que permite intervenções lúdicas.
A matriarca Conceição (Dira Paes), mandona e orgulhosa, tem muito de Rochelle (Tichina Arnold). Já Luisão (Ailton Graça), avesso a gastar dinheiro e sempre às voltas com formas de fazer economias, assim como o amigo Pablo (Otávio Müller), faz lembrar o avarento chefe de família Julius (Terry Crews).
O humor se baseia principalmente na simplicidade em que aquela família vive. As demonstrações de afeto são peculiares, e a forma de educar os filhos é pouco ortodoxa. Além dos personagens fixos, a cada episódio surgem tipos pitorescos e igualmente divertidos.
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Pablo e Luisão tem DNA próprio e linguagem tipicamente brasileira
Todas essas características são comuns aos dois seriados, mas Pablo e Luisão chega com DNA próprio e uma linguagem tipicamente brasileira. A cereja do bolo são os comentários de Pablo, Luisão e Conceição, os personagens reais, no final de cada episódio, garantindo a veracidade dos fatos.
Em cena, Paulo e seu irmão Neto são vividos por Yves Miguel e João Pedro Martins, respectivamente. A primeira temporada conta com 16 episódios e luxuosas participações especiais, incluindo Lima Duarte, Miguel Falabella, Solange Couto, Marcelo Adnet, Caetano Veloso, entre outros nomes.
O projeto nasceu dos casos, por vezes incríveis, ocorridos na periferia de Palmas, no Tocantins, e que eram contados por Paulo Vieira no X/Twitter. As situações vivenciadas pela família não terminam com o famoso “foram felizes para sempre”, mas com “escolheram não ser tristes para sempre”.

A série é desses raros momentos em que tudo dá certo. O texto encontra uma direção com timing perfeito de Luís Felipe Sá. Os atores surgem à vontade, familiarizados com os personagens desde o primeiro episódio. A trilha sonora, com resgate de canções populares, ajuda a compor um adorável universo para as histórias.
Além da narração e do roteiro, Paulo Vieira faz aparições pontuais em cena, sempre com muita simpatia. Neste momento em que o humor suscita tantos debates, sua nova série nos lembra que o riso costuma estar na simples combinação entre talento, criatividade e bom gosto, artigos em falta no mercado.
A série Pablo e Luisão é uma criação de Paulo Vieira, com redação final dele e de Maurício Rizzo e escrita com Bia Braune, Caíto Mainier, Maurício Rizzo, Nathália Cruz e Patrick Sonata. Tem direção artística de Luis Felipe Sá, direção de João Gomez, produção de Leilanie Silva e produção executiva de Claudio Dager. A direção de gênero é de Patricia Pedrosa.