Coluna do Sandro

De publi a política: sem regras, jornalistas do SBT causam nas redes sociais

Emissora não possui código de conduta para utilização das redes sociais dos seus âncoras e repórteres


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Sem regras, jornalismo permitiu o vale tudo nas redes sociais dos seus âncoras - Foto: Reprodução/SBT
Por Sandro Nascimento

Publicado em 27/10/2022 às 04:00,
atualizado em 27/10/2022 às 09:27

O SBT não possui um código de conduta para seus jornalistas utilizarem as redes sociais. O "liberou geral" tomou conta dos perfis de alguns dos seus âncoras e repórteres, que passaram a se comportar como artistas. No ambiente digital, eles fazem propaganda, agradecem convites de hospedagem grátis, viagens e até para posicionamento político. Os principais canais de TV criam diretrizes para o jornalismo com o intuito de não comprometer a credibilidade dos seus profissionais e evitar a percepção de ausência de isenção dos seus jornalísticos.

A coluna monitorou os perfis dos âncoras e repórteres do SBT em São Paulo, cabeça de rede do canal,  nas últimas semanas, como também os profissionais de emissoras próprias em outros estados: Rio, Brasília, Rio Grande do Sul e Pará.

E o comportamento nas redes sociais destes profissionais, uma considerável parte, destoa das normas utilizadas no setor pelo Grupo Globo, Record, Band, CNN Brasil, The New York Times e BBC.

Tem de tudo com o arroba (@) das marcas em alguns perfis dos âncoras e repórteres do SBT. Os agradecimentos passam por jantar grátis, limpeza de sofá, viagens, roupas, hospedagens, procedimentos estéticos, café da manhã, cintos, brincos, cortes de cabelos e até noites românticas. Em outros casos, existem propagandas diretas de empresas. No mercado publicitário, um post nas redes sociais feito por um âncora de um telejornal, recomendando alguma marca, é muito valorizado.

A ausência de regras para as plataformas digitais fora do SBT abriu brecha para que Marcão do Povo, apresentador do Primeiro Impacto, questionasse o TSE e a lisura das urnas eletrônicas, além disso, em várias publicações, se mostrou simpático a candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à presidência da República, conforme publicada pelo NaTelinha na última terça-feira (25).

“Esta posição do Marcão não se reflete no editorial do Primeiro Impacto. A posição do Jornalismo é de neutralidade”, disse o SBT sobre o caso. Após a publicação da matéria, o âncora deletou o post.

Diferente do SBT, Globo possui código de conduta nas redes sociais desde 2018

De publi a política: sem regras, jornalistas do SBT causam nas redes sociais

Na Globo, referência de jornalismo na TV brasileira, não é permitido que jornalistas façam propaganda e marquem a arroba de empresas em seus perfis, a fim de evitar uma relação conflituosa de interesses do seu casting. A emissora define regras especificas para contratados do setor de  jornalismo e do entretenimento, mas no SBT isso não existe.

Em 2018, já prevendo esse problema, o presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo, João Roberto Marinho, incorporou aos princípios editoriais da companhia normas para utilização nas redes sociais.

“Ninguém discordará de que o advento das redes sociais é um dos fenômenos que definem o século XXI. De uma maneira inédita na história da humanidade, elas conectaram pessoas em nível planetário, permitindo a formação de comunidades, o compartilhamento de ideias, fatos e opiniões, a aproximação de pessoas que frequentemente nem se conhecem. É algo extremamente positivo e bem-vindo”, iniciou em carta enviada aos seu profissionais no dia 01 de agosto de 2018.

“As redes sociais nos impõem também algumas restrições. Diferentemente das outras pessoas, sabemos que não podemos atuar nelas desconsiderando o fato de que somos jornalistas e de que precisamos agir de tal modo que nossa isenção não seja questionada. Já no lançamento dos princípios editoriais, previmos isso quando estabelecemos o seguinte: A participação de jornalistas do Grupo Globo em plataformas da internet como blogs pessoais, redes sociais e sites colaborativos deve levar em conta três pressupostos: (...) 3- os jornalistas são em grande medida responsáveis pela imagem dos veículos para os quais trabalham e devem levar isso em conta em suas atividades públicas, evitando tudo aquilo que possa comprometer a percepção de que exercem a profissão com isenção e correção."

José Roberto Marinho - Presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo

Procurado, o SBT enviou o seguinte comunicado: "O SBT está revisando suas políticas de conduta para aprimorar a relação dos seus colaboradores com as redes sociais. A emissora reafirma seu compromisso com a ética e a isenção no jornalismo".

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