Coluna do Sandro

Disney+ precisa de um olhar regional para crescer no Brasil e bater Netflix

Aplicativo ainda não possui um robusta opção de conteúdo original


Duas crianças assistindo o app do Disney+ na TV
Disney+ e a aposta da Disney para liderar o mercado de streaming - Foto: Divulgação

Sendo a grande aposta da Walt Disney Company para enfrentar a liderança da Netflix no promissor negócio de streaming, o Disney+ completa dois meses no próximo dia 17 e ainda engatinha, até aqui, na missão de ameaçar o principal concorrente. Restrição na compatibilidade do aplicativo em dispositivos, escassez de conteúdo original e inédito e a ausência de um olhar regional são alguns dos desafios que a empresa precisa enfrentar para ser capaz de se tornar a primeira opção do consumidor na assinatura de um provedor de OTT (Over The Top).

Nestes primeiros passos no Brasil, a coluna descobriu que a adesão da assinatura ficou abaixo do esperado pelo Grupo Disney. Além do fator econômico, isso pode ser explicado por vários motivos, um deles é o equívoco do Disney+  de não deixar disponível o app em Smart TVs com fabricação anterior a 2016. Por um padrão da Walt Disney Company no mundo, sistemas mais antigos das televisões da LG, que utiliza o WebOS, e a Samsung, o Tizen, estão impedidos de terem acesso a plataforma de Mickey Mouse.

O brasileiro não tem o hábito de trocar de televisor, como faz com o celular, na mesma frequência que o americano. Por aqui, o consumidor, na maioria das vezes, compra uma TV nova a cada quatro anos com a Copa do Mundo, e olhe lá. E ainda se gaba de possuir um aparelho por tantos anos sem precisar de ajuda técnica. É cultural.

Se Disney+ tem um perfil de conteúdo destinado a família, a tendência é que suas séries e filmes ganhem destaque na sala do telespectador, para assistirem ao lado de filhos, tios, avós, pai, mãe e sobrinhos.

Neste cenário, a concorrência leva forte vantagem. São mais democráticas e menos elitistas. A Netflix, Amazon Prime Video e a brasileira Globoplay desenvolveram seus aplicativos com o intuito de atingir a maior camada possível de consumidores.

Disney+ fez parcerias no Brasil

Sobre esta situação existe uma incoerência: o Disney+ firmou uma parceria com o Grupo Globo para vendas de um combo com o Globoplay, mas nem todas as TVs que têm o app da empresa brasileira estão aptas a disponibilizar o Disney+. E aí? Não basta realizar parcerias de vendas se o consumidor não tem onde assistir.

Além desse problema de distribuição, o catálogo da americana de streaming ainda está muito longe de fazer o consumidor desistir de assinar a Netflix e fazer uma migração. No Brasil, o Disney+ possui quase dois meses, mas no mundo, já completou um ano.  

A grande questão é se o público está disposto a pagar para assistir filmes e séries que foram, exaustivamente, em sua maioria, exibidas na Globo ou SBT e estão disponíveis na TV paga. Claro que passa também pela estratégia de atingir um nicho do mercado, como fãs de Star Wars e da Marvel, mas será o suficiente para atender os planos da empresa no mercado?

Filmes que estavam programados para estrearem no cinema e chegaram primeiro na plataforma, como o live-action de Mulan e a animação Soul, são ótimas opções, além do seriado Mandalorian, mas não para fazer frente a inúmeras opções da Netflix e Prime Video. Ainda não.

Talvez a chegada do Star+, nova plataforma de streaming da Disney destinado ao público adulto, prevista para o segundo semestre, possa iniciar um arranque rumo à liderança no mercado de streaming no país.

No Brasil, falta um olhar da Disney com o ziriguidum da cultura nacional para o desabroche da sua plataforma na região. Tem uma percepção de Mickey, mas deveria ser a do Zé Carioca.  O brasileiro não troca de TV todo ano, adora comédias nacionais, é deliciosamente brega e tem o hábito de assistir novelas, esta última como todo mercado latino.  

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