Coluna do Sandro

Atração de Lacombe é show dos negacionistas e fãs de Bolsonaro na RedeTV!

Ex-jornalista da Globo estreou o Opinião no Ar na última segunda-feira (28)


O jornalista Luís Ernesto Lacombe com sorrindo no cenário do seu novo programa da RedeTV!, Opinião no ar
Luís Ernesto Lacombe no Opinião no ar - Foto: Divulgação/RedeTV!

Após deixar a Band, em junho, insatisfeito com intervenções da diretoria no extinto matutino Aqui Band (2019 - 2020), Luís Ernesto Lacombe estreou na última segunda-feira (28) na RedeTV! à frente do Opinião no Ar. Na sua primeira semana se mostrou um produto jornalístico de viés ideológico bem definido, formatado para dar luz aos negacionistas e contribuindo para a disseminação das falsas notícias na televisão.

Durante sua ancoragem, Lacombe comete um erro de sempre querer avocar para si o protagonismo do debate, esquecendo-se de mediá-lo. Além disso, sempre que emite uma opinião, muitas vezes refuta se basear em dados oficiais, análises científicas ou em pareceres de especialistas renomados de credibilidade.

Para justificar posições em temas que são negativos ao atual governo, o ex-jornalista da Globo e seus convidados, salve a exceção de Amanda Klein, criam teorias conspiratórias mundiais que parecem terem sido sacadas da icônica trilogia Matrix (1999 - 2003) ou de qualquer canal do YouTube que não tenha responsabilidade editorial.

Na última quarta (30), num debate sobre a eficácia da utilização das máscaras para se proteger contra o vírus da Covid-19, chamou a OMS de Desorganização Mundial de Saúde numa forma de desqualificar os estudos que indicam essa prevenção. Isso é desserviço ao público de baixa renda que muitas vezes tem a TV aberta como única fonte de informação.

No mesmo dia, o tweet de um telespectador foi exibido no telão do estúdio onde dizia que o primeiro debate das eleições americanas, entre Donald Trump e Joe Biden, abordou as queimadas da Amazônia, mas esqueceu do fogo na Califórnia. Neste instante, Lacombe e os convidados de Opinião no Ar validaram o comentário.

Não intimidada, Amanda Klein logo esclareceu que aquilo não era verdade, já que o tema dos incêndios da Califórnia também foi debatido na atração da TV americana. "Talvez você não assistiu a todo o debate", disparou a jornalista para o telespectador desinformado. Todos na mesa silenciaram e ela completou: "Embora seja um tema diferente da Amazônia". "Mas também acontece todo ano", encerrou Lacombe.

Lacombe atravessa período de reinvenção na TV

Atração de Lacombe é show dos negacionistas e fãs de Bolsonaro na RedeTV!

Diante do que foi exibido ao longo da sua semana de estreia, Opinião no Ar parece um debate de Amanda Klein contra um delírio coletivo de um mundo paralelo. "Não existe desigualdade social no Brasil", afirmou uma convidada do programa na quinta-feira (02). Fica a sensação de cegueira ideológica de conveniência.

Sobre o formato de Opinião no Ar, é impossível não encontrar semelhanças com o Record em Notícias, exibido entre 1973 a 1976 e ancorado pelo jornalista Hélio Ansaldo na hora do almoço. A atração também tinha perfil conservador, mas Hélio jamais utilizava da sua posição de âncora para ser protagonista frente aos seus convidados.

Luís Ernesto Lacombe  é um experiente jornalista que tem uma trajetória de sucesso no esporte da Globo de 20 anos. Atualmente, atravessa um momento de reinvenção na TV, conforme escreveu o colunista Chico Barney do UOL, sendo um porta-voz bolsonarista. Lacombe está se tornando um personagem de opiniões radicais de direita.

Nas plataformas digitais, seu novo momento profissional vem rendendo bons views e likes, mas na RedeTV! amarga médias decepcionantes entre 0,3 e 0,4 ponto na Grande São Paulo. Se Opinião no Ar pode afagar as ideologias do sócio da emissora, constantemente justificadas nas redes sociais, e ao mesmo tempo ter Ibope, os números provam que não. Antes que contestem a audiência aferida pela Kantar Ibope, é bom lembrar a empresa não tem relação com a China e nem com a Rússia.

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