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"Jogo Aberto" se vê na berlinda entre o humor e o esporte

Programa precisa escolher que caminho deseja efetivamente seguir


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Divulgação/Band

O “Jogo Aberto”, apresentado por Renata Fan na Band, transita numa linha tênue em que o classificar como bom ou ruim depende principalmente de como ele é enxergado. Como jornalístico esportivo, pouco informa. Como humorístico leve, poucos proporcionam tantas risadas intencionais nos últimos tempos.

É o mesmo “mal” do “Cidade Alerta”, que há tempos deixou de ser visto como uma referência de mundo-cão e virou um entretenimento quase “família”. O problema de ambos é a dificuldade em assumirem suas reais novas missões.

No caso do “Jogo Aberto”, ele é somente o mais notório representante de uma epidemia que vem se alastrando na cobertura do mundo esportivo, especialmente nos canais fechados, em que a piada virou prioridade sobre a notícia. Sinal dos tempos.

O humor é essencial para o esporte e pode muito bem ser inserido para amenizar os dramas ou ampliar as alegrias. O problema é quando se sobrepõe ao que realmente interessa. A sobremesa, por melhor que seja, não substitui o prato principal.

O esquema da Globo nas Copas do Mundo é uma representação quase que ideal dessa divisão. Obviamente, sejam guardadas as proporções do Mundial para o cotidiano de nossos clubes. No evento, os telejornais fazem a cobertura grandiosa e completa enquanto a “Central da Copa” fica liberada para assumir a descontração e não se levar tão a sério.

Paralelo similar pode ser estabelecido entre a rápida cobertura dos gols no “Fantástico” e o aprofundamento a depender da região no “Globo Esporte” do dia seguinte.

No caso da Band, o “Jogo Aberto”, agora unificado em São Paulo após a crise vitimar a excelente edição carioca, é a atração de maior peso do setor. Merecia um tratamento melhor do seu conteúdo em todos os aspectos.

É inegavelmente divertido o “circo” armado com a apresentadora Renata Fan a cada tropeço do Internacional. Quando é uma goleada de 5 a 0 do maior rival então... Nessa hora até o tigre (mexicano, claro) vira convidado de honra do quase zoológico. Nenhum problema, não fossem esse e outros momentos similares os únicos pontos de destaque.

Afinal, quando foi a última grande reportagem premiada da atração? Alguma exclusiva? Ou mesmo um furo? Difícil lembrar. Mas com os momentos engraçados dá para se montar uma lista em instantes. Um fator anula o outro. E essa falta de complementaridade mina o que poderia ser uma excelente mistura.
 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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