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Novo cenário conta com quatro grandes forças esportivas na TV paga

Território da TV


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Divulgação

ESPN e SporTV há pouco mais de 2 anos eram as maiores concorrentes no mundo esportivo na televisão por assinatura do Brasil. Uma dominando a Europa e outra com o calendário brasileiro nas mãos, duelavam com soberania pela relevante fatia do público fanático por futebol e tantas outras modalidades.

Esse cenário teve a sua primeira sacudida com a chegada do Fox Sports ao país. O canal fez valer os seus acordos internacionais e se impôs exibindo a Taça Libertadores da América e diversos campeonatos nacionais do velho continente com exclusividade.

A estratégia de demarcação agressiva deu certo, hoje a Fox já fez negociações que lhe cederam direitos como o da Olimpíada do Rio para compartilhar a Libertadores com o SporTV e mesmo assim teve margem suficiente para lançar seu segundo canal.

Bem atrás das gigantes da Disney, Globo e Fox, o Esporte Interativo e o BandSports costumavam disputar as migalhas. O EI jamais havia tido destaque além de quando exibiu com exclusividade a inédita conquista brasileira no Mundial de Handebol feminino em 2013, o que rendeu minutos preciosos de exposição da marca até mesmo em TV aberta.

Enquanto suas rivais desfilam por aí com Campeonato Espanhol, Alemão, NBA e afins, o canal costumava dar um destaque absoluto para torneios nacionais de menor porte, como as Copas Verde e do Nordeste.

Mas nada como padrinhos mágicos para mudar de patamar. E não estou falando do Cosmo ou da Wanda. Conforme já noticiado pelo NaTelinha, a Turner, filial da Warner, foi decisiva para o fechamento da maior negociação da história do Esporte Interativo.

O até então pequeno canal conseguiu a Liga dos Campeões da UEFA, o mais relevante torneio de clubes da atualidade, com exclusividade de transmissão para TV fechada. E consequentemente ganha peso para brigar por sua entrada em operadoras como Net e Sky rapidamente, já que acordo com a entidade européia já vale para a próxima temporada e tem duração de três anos.

É exatamente o mesmo processo que ocorreu com o Fox Sports e a Libertadores. A pressão dos assinantes o emplacou mais rapidamente nas programações das gigantes. Não há dúvidas de que o filme deve se repetir.

Com a vantagem de que a Libertadores tem acompanhamento disperso do brasileiro caso os representantes nacionais caiam cedo, como foi o caso de 2014. Ou alguém aí lembra destaques do título do San Lorenzo além da torcida do papa Francisco? Com a Champions, não há esse risco. São jogos que atraem atenção pelos craques em campo desde as primeiras fases.

Mas as semelhanças com a situação inicial da Fox não se limitam ao aspecto positivo. Da mesma maneira, o EI não tem oficialmente como fazer a transmissão simultânea de jogos.

Se a Fox apelou para o Speed, a opção número 2 do EI deve ser o Space. Mas a Turner tem um vasto portfólio de opções, incluindo o Cartoon Network e o Boomerang, por exemplo.  

O plano C deve ser a transmissão pelo site e por aplicativos, já que os direitos comprados também valem de maneira exclusiva nessas plataformas.

De qualquer maneira, a marca Esporte Interativo deu um salto de valorização com apenas uma aquisição, que deve catalisar outras tantas mudanças no canal, incluindo a eventual contratação de profissionais de renome e ampliação da equipe.

Por enquanto, justamente um time afinado garante a sobrevivência da ESPN. A experiência da equipe de jornalismo do canal pode fazer a diferença para obtenção de algum destaque mesmo sem grandes eventos como em tempos antigos.

Enquanto isso, o Fox Sports assume a posição de maior perseguidora do SporTV, mas longe de ter um desempenho como o da raposa do Campeonato Brasileiro, já que os canais SporTV (3 fixos, mas serão 16 na Olimpíada, por exemplo) se impuseram como o sinônimo de TV do esporte.

O fato é que há quatro opções de peso e que não podem ser desconsideradas em nenhuma movimentação futura das concorrentes, seguidas de longe pelo BandSports, que toca sua vidinha mal tendo o direito de sonhar com o glamour das colegas. E que mesmo assim pode tomar eventos que interessem para as rivais ocasionalmente, como conseguiu com Roland Garros, quando levou a melhor pelo projeto em sintonia com o canal aberto do grupo e o site.

Galvão Bueno certamente diria que “não há mais bobo nos canais esportivos, amigo torcedor!”.

E a Globo de Galvão paga menos do que o EI. Enquanto a UEFA foi negociar com as TVs fechadas para faturar, pensou também no status na hora de acertar novamente com a Globo dentre as redes abertas.

Mais do que as transmissões ao vivo a partir da fase mata-mata, a rede carioca dá peso para a Champions League a cobrindo com destaque em seus programas esportivos e telejornais. Um reforço de peso para imagem do torneio.

A lógica é simples. Dentre os canais fechados, geralmente só passeia pelos segmentados quem já é fisgado pelo conteúdo. E esse consumidor vai seguir o que o atrai conforme o produto “dançar” por emissoras concorrentes.

Enquanto isso, a TV aberta precisa seduzir a massa. Há de se convencer sobre a importância das partidas de times pelo qual a maioria dos brasileiros não possui simpatia em especial. E o poder de promoção global pesa nisso.

A Band também exibe a competição, mas sem comprar diretamente os direitos e sim os tendo sublicenciados pela Globo.

Assim, estima-se que o Esporte Interativo tenha bancado 130 milhões de dólares contra 40 milhões da maior emissora do país. Negócio de gente grande.

Com a cotação atual da moeda norte-americana, o custo da UCL para o EI é superior ao que valem somados por ano Flamengo, Corinthians e São Paulo (os três que tem as maiores cotas de transmissão) para Globo e ainda resta quase um Botafogo de brinde para fechar a conta e se iguala ao recebido pelo rubro-negro carioca no mesmo período de três anos.

 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

 

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