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OlharTV: Com o coração na mão, eu desabafo


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Na madrugada do último domingo (27), 231 pessoas morreram asfixiadas ou intoxicadas por uma fumaça tóxica ocasionada por um incêndio dentro da boate Kiss
“Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta”, disse Fabrício Carpinejar, poeta, cronista e jornalista.
 
É com essas palavras que começo minha coluna. Como não se sensibilizar com o horror pelo qual esses jovens passaram na noite em que acreditavam ter saído para se divertir e no entanto, terminou com 231 mortes e 180 feridos, lutando pela vida.
 
O cenário para esse “filme de terror” foi uma boate, localizada em Santa Maria/RS, que pegou fogo após um show pirotécnico de uma banda local. Por ter apenas uma porta servindo de entrada e saída, além de profissionais despreparados para situações drásticas como esta, a catástrofe não teve como ser evitada.
 
Desde a data da tragédia, não se fala em outra coisa. Seja nas redes socias, rodinhas de amigos e emissoras de TV. E como ser indiferente? Por mais insensíveis que algumas pessoas possam parecer, não dá para evitar qualquer tipo de reação.
 
Aliás, os sentimentos são evidentes. Tristeza, medo, revolta, indignação, cobrança, respostas. Foi isso que vi nas coberturas da Bandnews, Globonews, TV Globo e SBT.
 
Celso Portiolli, Eliana e Faustão abriram mão de atrações mais alegres, em seus programas, para levar mais informação ao telespectador, tão indignado e assustado quanto eu, interessados em compreender melhor o que aconteceu com “aquelas crianças”.
 
Entendo que a questão do sensacionalismo iria mesmo virar discussão e realmente ocorreu exageros por parte de alguns profissionais, mas prefiro pensar ser difícial se colocar na posição de antagonista de uma história tão medonha. Por isso, prefiro não julgar.
 
Me sensibilizou demais a face de Sandra Annemberg na transmissão do Jornal Hoje da última segunda (28), que fez diretamente da cidade onde ocorreu a tragédia. A jornalista estava visivelmente abatida e desprovida de qualquer vaidade.
 
Provavelmente, naquele momento não havia ali apenas a profissional. Como muitas, ela também é mãe e, com certeza, deve ter sentido a dor pela qual muitas mães passaram ou temeram passar um dia.
 
E se fosse com seu filho?   
 
O homem resolveu brincar de Deus. Acredita que pode manipular vidas, traçar o o caminho que cada uma delas deve percorrer. Não dá para fechar os olhos diante de tanta ganância.  
 
Enquanto se é jovem, busca-se diversão. Uma vez adulto, deseja-se reconhecimento profissional. O problema é quando o preço para o sucesso coloca em risco o bem-estar de terceiros.
 
Um dia, esse mesmo “homem de sucesso” pode se tornar pai e, provavelmente, vai desejar que o filho viva em segurança. E agora, o que você me diz sobre isso? Não! Eu não estou julgando, profetizando ou soltando uma praga, apenas desabafando.
 
Desculpe se minha coluna hoje não foi tão divertida como de costume, mas não dá para fechar os olhos, nem a boca, diante de tal barbárie. Meu coração está na mão. Eu precisava falar. 
 
 
Tatiana Bruzzi é colunista do NaTelinha e editora dos blogs:

www.blogespetaculosas.blogspot.com

www.eueumesmaemeusfilmes.blogspot.com
 
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