Publicado em 22/04/2021 às 05:00:00,
atualizado em 22/04/2021 às 09:36:16
Nesta quinta-feira (22), Carlos Alberto de Nóbrega retorna ao comando de A Praça é Nossa após ter recebido as duas doses da vacina contra o coronavírus. O apresentador do SBT, no entanto, garante que o primeiro dia de gravação foi muito difícil por não estar habituado com dois bancos em cena e também pela preocupação com protocolos de segurança, além de haver membros da produção contaminados pela Covid-19.
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, Carlos Alberto, que chegou a ser contaminado com sintomas leves pela doença depois de ter recebido a imunização, revela que o retorno foi muito mais complexo do que esperava. "Foi mais desastroso que você possa imaginar. Primeiro pela falta da gente trabalhar, estava todo mundo muito angustiado, muito ansioso. E aconteceu uma coisa muito chata, o diretor do programa, que é o meu filho, não pôde ir fazer o programa porque ele teve um infarto e oito paradas cardíacas e está na casa dele há um ano. Então a gente não tinha diretor, mas tudo bem, eu tinha meu outro filho que ficou no lugar do Marcelo, enquanto ele não pode ir gravar", conta
Mas esta não foi a única ausência de bastidores, segundo o apresentador. "A nossa produtora, a Bela, tem mais de 60 anos, não pode trabalhar. O diretor de TV pegou Covid, três câmeras que faziam a Praça já há muitos anos, estão com Covid, então são três câmeras novos. O cara que edita o programa comigo há 100 anos, pegou Covid", detalha.
No primeiro programa inédito de A Praça é Nossa desde o começo da pandemia, o humorístico trará novidades: a estreia de dois novos personagens e da chegada da comediante Mhel Marrer.
No quadro Mary May, Bibi Graça interpreta uma figurante que se julga uma grande atriz, além de bailarina, cantora e apresentadora. Já Lucas Doria vive Reginaldo Dentinho, um entregador de pizza repleto de boas histórias e piadas na ponta da língua. A atração recebe ainda Diogo Portugal, Matheus Ceará, Porpetone, Vini Vieira e Nina (Marlei Cevada).
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Carlos Alberto conta que houve muitos protocolos sanitários para evitar a disseminação do coronavírus, como a gravação de apenas um humorista por vez no estúdio e também camarins para apenas três funcionários. Mas segundo o próprio apresentador, na hora houve imprevistos e até fez críticas aos colegas porque descumpriram as orientações.
"Quando nós chegamos para gravar, antes eu tinha falado com todos eles: 'nada de abraços, estamos morrendo de saudades, mas não pode abraço, sem ficar perto', mas chegou na hora não foi bem isso, entende, porque é aquele negócio, aquela turma é muito unida e eles estavam com saudades, então houve certo excesso", explica pouco antes de lembrar outros problemas.
Ele revela que, no segundo dia as gravações foram canceladas. "Quando estou chegando no SBT eu descubro que o Giovani (Braz), que faz o bêbado, estava com Covid e não iria gravar. Aí eu chego no estacionamento e estavam todos apavorados porque fizeram coisa errada porque foram pro camarim depois de gravar e tiraram a máscara e ficaram conversando. Eram três por camarim, mas estavam todos com medo", diz.
"Eu fui falar com o (Fernando) Pelégio - diretor artístico do SBT - e expliquei que não tinha clima para gravar porque estavam todos apavorados porque tiveram contato com o Giovane e que eu iria cancelar a gravação. Ele me deu muita liberdade, sabe? Entendeu que não tinha clima porque tínhamos perdido um colega que morreu, ne? O clima estava ruim. Aí cancelei", revela.
Segundo o apresentador, as gravações também tiveram outro ritmo. "Eu já tinha visto o banco três... quatro dias antes eu fui na cenografia. Sentei e estava tudo bem, mas cômodo porque é maior que o outro. Quando eu entrei e fomos gravar, porque não fizemos ensaio de texto, a gente colocou um ator por vez no estúdio, daí um sai e entra outro", conta.
Ele também diz que buscou uma estratégia para a gravação. "Quando começou eu falei pra botar o Mateus primeiro porque eu tenho muita intimidade com ele, e não tem texto, não sei o que ele vai falar, é a hora que fico mais descontraído. Eu falei pra abrir com o Mateus porque eu estava nervoso, assustado, porque eu tive Covid, mas graças a Deus eu não tive absolutamente nada, o máximo foi dois dias de uma febre de 37,5 graus e meio", garante.
Com os protocolos e sem a presença do público, Carlos Alberto diz que sofreu até para decorar o texto. "Eu decorava o programa no dia, chegava às 10h da manhã, meio-dia no ensaio estava decorado. Agora, na volta, a gente ia gravar na terça, na sexta eu fui decorar e foi até fácil. Cheguei pra lá sabendo tudo. Quando a gente foi fazer o programa, com aquelas confusões todas, e o Mateus foi fazer a graça e não tinha a risada, eu comecei a ficar tão nervoso que eu me perdi naquele banco. Eu me sentia um estranho no ninho, sabe aquele negócio o que eu tô fazendo aqui? O cenário cresceu porque ficou vazio de gente", relembra.
"Eu me vi naquele banco e pensei 'O que eu tô fazendo aqui'? Sabe o que aconteceu? Eu esqueci tudo, me deu aquele branco geral. A sorte é que a produção está comigo há mil anos, preparou dália pra todos e eu tinha dito que não queria porque estava decorado, mas eles fizeram e foi a minha salvação. A medida que eu ia falando, eu ia me lembrando, mas eu tinha que ver antes a dália porque eu via a primeira fala e o resto eu já sabia", detalha aos risos e completa "E eu não sabia onde botava a mão, porque uma coisa é você estar num banco de 1,80m há 34 anos, o mesmo banco. Eu sento daquele jeito, coloco a mão esticada, o artista vem e senta, bate na minha perna, fica do meu lado. De repente eu me vejo naquilo de 2,50 sozinho. É horrível".
Carlos Alberto garante que a preocupação foi tanta que achou que não teria programa. "Eu até pensei que esse programa não iria ao ar, mas como eu ia gravar na quinta, eu pensei em usar a mesma roupa e se tiver alguma coisa ruim eu mexo no programa e boto alguma coisa de quinta na terça e a gente sabe, modéstia à parte são 64 anos fazendo televisão. Na sexta eu fui editar o programa e na edição começamos a colocar as risadas, eu editei quadro por quadro. Quando montei o programa com as risadas, vi que não estava uma maravilha, mas dava para ir ao ar tranquilo", diz.
Mesmo assim, ele revela que nem tudo saiu como o planejado: "Eu fiquei decepcionado porque tinham quatro quadros novos, mas só consegui colocar dois porque não dava. Aí o programa ficou com 65 minutos ao invés de 72, mas tá bom. Você vai sentir uma diferença na minha voz porque está um pouco mais rouca porque eu vou falando e vou cansando. Eu percebo, mas não sei se o público vai perceber".
Sobre o programa, ele é enfático: "O programa tá bom, com quadros novos, bem criativos. Levei o Diogo Portugal, está comigo, além da Mhel Marrer", dizendo ainda que está com novos humoristas, encontrados na internet. "Essas pessoas que estou fazendo teste, todos são de YouTube e um deles tem um tipo que é vendedor de pizza e eu nem sei o nome dele. Ele chegou lá, ensaiamos, quando acabou o quadro dele, os câmeras e o pessoal no estúdio aplaudiram o garoto e aquilo me deu uma alegria", justifica.
E Carlos explica como serão as novidades. "O Chico Anysio falava sempre isso, quando você começa um programa o público diz que antigamente era melhor porque não se habituou com o novo. Eu não quero encher o programa só de gente nova porque, de repente, não dá certo e é ruim. Então eu vou, aos poucos, colocando e mexendo no programa, de acordo com o sucesso ou não. Mas vou fazer experiência toda semana", finaliza.
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