Uma das artistas mais populares no Brasil das décadas de 1950 e 1960, de voz e personalidade marcantes, Maysa (1936-1977) foi apresentada às gerações mais jovens na pele da atriz Larissa Maciel. Há 13 anos, a gaúcha estreou na Globo dando vida à famosa cantora na minissérie Maysa: Quando Fala o Coração, escrita por Manoel Carlos, com direção de Jayme Monjardim, filho da biografada. Nesta segunda-feira (17), a produção chega ao Globoplay.
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, Larissa Maciel fala da importância de Maysa como um símbolo da emancipação feminina. “Ela lutou por coisas pelas quais as mulheres, hoje em dia, continuam lutando. Foi uma precursora, uma mulher que perseguiu seu direito de ter uma carreira, trabalhar e ir atrás dos seus sonhos, em uma época em que isso não era permitido”, avalia.
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Na minissérie, a personagem real precisa optar entre a música e um casamento estável com André Matarazzo (Eduardo Semerjian), herdeiro de uma das famílias mais ricas e tradicionais de São Paulo. “Todos achavam que ela, se casando com um Matarazzo, deveria desistir dessa ‘bobagem’ de ser cantora para cuidar da casa e da família. Ela não aceitou, e isso lhe custou o casamento e o amor de sua vida”, diz Larissa.
“Maysa não desistiu dos sonhos porque, para ela, cantar nunca foi uma bobagem. Era uma missão de vida, o momento em que ela se sentia mais inteira. Por isso, esbarrou em várias outras questões enfrentadas pelas mulheres. Se hoje ainda precisamos lutar por igualdade, imagine como era na época.”
Nascida em uma família da elite, Maysa se tornou um dos grandes nomes da música brasileira, expoente do samba-canção e da bossa nova. Apresentou um estilo dramático, com letras pautadas por desilusões amorosas, muito antes da atual “sofrência”. Divorciada e rebelde, desafiou as convenções de sua época com romances e escândalos públicos. Morreu aos 40 anos, em um acidente de carro na ponte Rio-Niterói.
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Para Larissa Maciel, minissérie da Globo “reapresentou Maysa para uma nova geração”
O papel deu novo rumo à trajetória de Larissa Maciel. “Foi um divisor de águas na minha vida. Eu já tinha 11 anos de carreira, mas era restrita à região sul do país. Maysa me deu visibilidade como atriz para todo o Brasil. Foi um dos trabalhos mais completos e complexos que já fiz até hoje na televisão”, define. Após a minissérie, ela atuou em Passione (2010), também na Globo, e seguiu para a Record. O trabalho mais recente na TV foi em Jesus (2018).
Quando a minissérie foi ao ar, parte da população já não conhecia a cantora. “A Maysa faleceu no ano que eu nasci [1977]. Para a minha geração, ela não era mais uma cantora presente, então não fazia parte do meu próprio repertório musical. A minissérie reapresentou a Maysa para um novo público, que não só conheceu como se envolveu com a história dela, porque a minissérie fez muito sucesso”, lembra.
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“Hoje, há uma outra geração que não assistiu à minissérie, alguns porque eram pequenos quando foi ao ar, há 13 anos. Acredito que vem aí uma nova onda de gente conhecendo a Maysa, com sua personalidade tão marcante, e também o meu trabalho, agora no Globoplay.”
Para dar vida à personagem, Larissa foi muito além do hit Meu Mundo Caiu e se aprofundou na obra da cantora, estudando postura, gestos e o comportamento de Maysa. Na época, teve acesso a um grande acervo mantido por Jayme Monjardim, que dirigiu a história da mãe na TV. Para a produção, ele escalou atores de teatro, até então pouco conhecidos do público - entre eles, Mateus Solano, que, como Ronaldo Bôscoli (1928-1994), teve seu primeiro papel de destaque na televisão.
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A atriz diz que, na época, estabeleceu uma boa relação com o diretor. “Houve muita confiança e profissionalismo. Ele confiou no meu trabalho e me deixou livre para buscar o meu caminho. Quando chegamos no set para gravar, havíamos construído algo muito forte e potente”. Pelo desempenho, ela foi eleita a melhor atriz da TV em 2009 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).
Volta aos palcos Larissa Maciel está no elenco da peça Quando Eu for Mãe, Quero Amar Desse Jeito, com previsão para chegar aos palcos em 27 de janeiro, no Rio de Janeiro. Contudo, ela e Vera Fischer, que também está no elenco, testaram positivo para a Covid-19. Os ensaios foram suspensos, mas a data de estreia deve ser mantida. A direção é de Tadeu Aguiar. “Estamos lutando arduamente com essa peça, que deveria ter estreado em abril de 2020, mas foi impedida pela pandemia. Vai ser um grande alívio quando a finalmente estrear”, comenta.
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