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Os bastidores e as polêmicas da série Senna, da Netflix

Produção, o maior investimento da história da plataforma no Brasil, foi lançada no dia 29 de novembro


Senna
Senna foi lançada no dia 29 de novembro pela Netflix - Foto: Divulgação/Netflix
Por João Paulo Dell Santo

Publicado em 03/12/2024 às 04:44,
atualizado em 03/12/2024 às 10:14

Lançada na última sexta-feira (29), a série Senna, o maior investimento da história da Netflix no Brasil, anda fazendo o maior sucesso - ela atingiu a primeira colocação na plataforma - e dando o que falar nas redes sociais em razão das polêmicas e curiosidades em torno da produção.

Protagonizado por Gabriel Leone (Ayrton Senna), o título retrata os desafios, as superações e as aventuras do piloto tricampeão de Fórmula 1, que morreu em 1º de maio de 1994 após um acidente em Ímola, na Itália, durante uma corrida. O roteiro é de Gustavo Bragança e a direção de Vicente Amorim e Júlia Rezende. São ao todo 6 episódios. 

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Entre o falatório, está o pouco espaço destinado a Adriane Galisteu (interpretada por Julia Foti), então namorada de Ayrton, à medida que Xuxa Meneghel (Pâmela Tomé) e Lílian Vasconcelos (Alice Wegmann), a primeira esposa do automobilista, foram retratadas de forma mais generosa: apenas 1 minutos e 33 segundos de tela contra 15 minutos e 44 segundos e 10 minutos e 20 segundos, respectivamente - o levantamento foi feito pelo UOL. A seguir, entenda alguns pontos polêmicos de Senna.

Os bastidores e as polêmicas da série Senna, da Netflix

Apagando o passado

Entre as maiores críticas está a decisão de diminuir e praticamente apagar a figura e a importância de Adriane Galisteu na vida de Ayrton Senna - em uma cena, a apresentadora aparece apenas de relance, em uma boate, sem qualquer menção. No plano sequência, ela surge entregando seu contato telefônico anotado em um guardanapo, retratada como uma alpinista social.

Segundo apuração do Splash, a decisão de "sumir" com Galisteu se deu em razão de exigências feitas pela família do piloto - por esse motivo, as negociações travaram a produção, que inicialmente seria um filme, ao longo de 12 anos.

Na ficção, a Netflix teve que aceitar as "demandas" de Viviane Senna, que gere o patrimônio e a memória do irmão Ayrton, uma vez que Adriane é vista como uma desafeto pessoal e histórico - ao longo do tempo, são inúmeros os episódios e saias justas envolvendo as duas.

Com a palavra, a sobrinha

Sobrinha de Ayrton Senna, Bianca Senna explica o pouco espaço de Adriane Galisteu no enredo. "O foco da história não é o lado romântico de Ayrton, porque não é isso que fez a história dele ser relevante, do tamanho que ele é para o Brasil e o mundo", declarou em conversa com o UOL.

"É uma pena que as pessoas fiquem com essa preocupação tão grande com relação a isso, porque não foi por isso que o Ayrton virou quem ele é", ressaltou Bianca, replicando o mesmo discurso da família quanto à figura da apresentadora.

Nas redes sociais, no entanto, internautas e assinantes da Netflix não compraram a versão dos familiares de Ayrton, pelo contrário. As críticas ao tratamento destinado à loira, vista como vítima, têm se intensificado dia após dia.

A rainha e o piloto

Se Adriane Galisteu, em cena como Julia Foti, é silenciada, menosprezada e invisibilizada, Xuxa Meneghel, na pele de Pâmela Tomé, conquista o status de grande amor da vida de Ayrton Senna, a ponto de ganhar até mesmo o posto de "viúva".

Apesar dos produtores da série ameaçarem cancelar o projeto diante das interferências, Viviane Senna aceitou não limar Galisteu em sua totalidade - como era a sua intenção -, mas ao apenas tratá-la como uma simples namorada, e não como a companheira que viveu com o piloto nos últimos meses de sua vida.

Na vida e na ficção, Xuxa ganhou essa importância além dos fatos. Na série, a eterna Rainha dos Baixinhos, que havia namorado com Senna antes da colega, chega a ter um episódio inteiro para falar da convivência e do amor que viveu com Ayrton.

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É coisa de roteiro

Em entrevista ao Splash, Gabriel Leone comentou a polêmica envolvendo o nome de Adriane Galisteu. Segundo o ator, não se deve a conflitos de bastidores, mas sim a uma decisão consciente tomada durante a produção dos roteiros da série.

"Não acho que faltou explorar mais. Foi uma escolha da construção do nosso roteiro. Não teve nada a ver com Galisteu. Contamos sobre 1991 e pulamos para o último final de semana da vida de Ayrton, em 1994. Não aprofundamos em 1992 e 1993, período em que ele conheceu Adriane. Ficaria repetitivo dentro da construção da nossa história", alegou.

Dieta pela arte

Pâmela Tomé detalhou o processo de transformação que passou para chegar ao físico mais próximo de Xuxa Meneghel da década de 1980. "Emagreci bastante para fazer essa personagem. Perdi quatro quilos para me preparar para o teste. Depois, emagreci bastante numa dieta muito regrada, com nutricionistas, mas era uma alimentação muito presente", explicou à revista Quem.

"Sou muito essa pessoa que quer levar para minha vida de ter uma alimentação saudável também, mas tinha passado por momento em que estava numa outra proposta, numa outra personagem... E, para caracterização, pintei meu cabelo, né? Exatamente aquela cor de loiro da Xuxa. Cortei meu cabelo, fiz a franjinha e a equipe de caracterização da série é maravilhosa, é incrível", disse.

"A gente buscava cada detalhe, cada desenho, cada sinalzinho... Agora, tô com a minha cor de cabelo natural. Então, assim, até falei: 'Agora é uma personagem que me atravessa, como todas'. Eu tô muito feliz de ter em minha vida uma personagem como um processo ativo que me transforma. Agora, transforma como artista e como ser humano também. É muito difícil, mas muito feliz", completou.

Os bastidores e as polêmicas da série Senna, da Netflix

O mergulho do intérprete

Ao jornal O Globo, Gabriel Leone contou que encara a trajetória de Ayrton Senna como um enredo de herói. O ator ainda admitiu que se impressionou sobre como a figura do piloto é considerada uma "unanimidade".

"Posso dizer que ele é um dos nossos grandes heróis, se não o grande herói. E ainda tem essa coisa do uniforme, que é o macacão e o capacete. Tem uma aura. Acho, porém, que o Senna não estava só nesse lugar idealizado, meio utópico. Eu acho que ele era um herói de verdade, real", analisou.

"Não só por ser um dos maiores, se não 'o' maior, piloto de todos os tempos. É também por fazer questão de deixar claro o quão brasileiro ele era e seu orgulho disso. As pessoas se identificavam com ele, independente da história familiar (de Senna) você se sentia próximo dele, inspirado", afirmou.

É ficção...

Antes de tudo, a produção da Netflix é uma obra de ficção, e por isso não se dedica 100% aos fatos. Dois grandes momentos da vida de Ayrton Senna acabaram ignorados pela série - não se sabe se a pedido da família.

A paralisia parcial do rosto que o piloto teve na época em que trocou a Toleman pela Lotus, por exemplo, ficou de fora - uma infecção em um nervo atrás da orelha, responsável por enviar comandos ao cérebro relacionados a movimentos faciais, deixou Ayrton com metade da face imóvel.

Outra passagem importante envolve a falta de citação ao Grande Prêmio da Europa de 1993, realizado no Donington Park, na Inglaterra. O evento ficou marcado pelo que os especialistas em Fórmula 1 consideram a "volta mais perfeita" de toda a história da categoria - ou a "Volta dos Deuses". Largando em quarto lugar, Senna ainda na primeira volta conseguiu superar Michael Schumacher, Karl Wendlinger, Damon Hill e Alain Prost.

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