Autores respiram aliviados com nova direção de novelas

José Luiz Villamarim vem agradando os autores da Globo. O chefão de novelas da emissora mudou tudo o que vinha incomodando os novelistas e fizeram com que eles respirassem aliviados ao que era o estilo da direção anterior, sob a tutela de Silvio de Abreu. Os novos rumos do departamento incluem o mínimo de interferência possível no texto e o máximo cuidado para aprovar apenas projetos que sejam considerados com sinopses finalizadas, com potencial claro e que estejam dentro das expectativas do canal. Ele teve sinal verde de Ricardo Waddington para adotar as táticas.

O NaTelinha conversou com dois autores, um que entrará no ar ainda em 2022, e ambos afirmaram, sob a condição de anonimato, que o estilo de Villamarim é completamente diferente de Abreu. Para os dois, que escreveram tramas na gestão passada, as histórias eram aprovadas com poucos pedidos de ajuste, mas com a obra no ar, uma série de mudanças eram solicitadas e até capítulos eram modificados sem que os roteiristas fossem comunicados.

Na gestão Villamarim é diferente, afirmam eles. Agora, uma sinopse leva até três vezes mais tempo para ser aprovada e o processo lento exige diversas alterações, além de respostas que são solicitadas constantemente pela equipe gerida pelo novo diretor. Neste novo organograma, muitas produções estão sendo reprovadas, como foi o caso da novela enviada por Vivian de Oliveira, responsável pelo fenômeno da Record, Os Dez Mandamentos (2014).

Uma colaboradora, que tenta emplacar sua primeira novela na Globo, concorda com os colegas. Na visão dela, o novo diretor é muito mais claro quanto ao que quer ver em tela, já que Silvio de Abreu permitia quase toda e qualquer sinopse e não delimitava conteúdo. Em tese, a visão do ex-chefe poderia ser mais ampla, mas na prática, ele aprovava toda história, ainda que ela não ficasse de pé, como comentou a colaborada.

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José Luiz Villamarim se dá bem com autores da Globo

O que mais vem sendo elogiado pelos autores do canal é a postura de Villamarim. Nos bastidores, comenta-se que ele criou o "interferência mínima" para seu pessoal. Isso significa que, depois de uma novela estar aprovada, ainda que ela não esteja no ar, a direção de dramaturgia faz o mínimo possível de solicitações para mudanças. A liberdade autoral foi restaurada, é o que dizem novelistas, inclusive os medalhões.

Segundo eles, o que se viu frequentemente nos últimos anos, como quando Silvio de Abreu chegou a assumir parte do texto de A Lei do Amor (2016), sem autorização de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, ou mesmo ao nomear um interventor para Deus Salve o Rei (2018), está descartado pela nova cúpula de novelas.

Um membro da equipe de avaliação de textos, que trabalhou com Silvio, e agora presta serviços para Villamarim, explica a diferença. Para ele, o primeiro tentava fazer novelas que atingissem em cheio todo tipo de público, por isso ele transformava qualquer história para seguir um mesmo caminho. Já o segundo, prefere produções autorais, com tintas fortes porque acredita que o sucesso é consequência.

O que Villamarim quer?

José Luiz Villamarim já avisou a todos os autores que continuam sob contrato da Globo ou que tenham o interesse em enviar sinopses, que a partir de agora a emissora quer mostrar mais Brasil aos brasileiros. Novelas que mostrem cultura estrangeira ou que não tenham um forte traço de regionalismo têm a tendência de serem rejeitadas, ainda que bem avaliadas.

O diretor, que é apadrinhado e tem autorização de Ricardo Waddington para as mudanças, quer a emissora apostando em estilos diferentes dentro do formato também. Por isso mesmo é que as histórias demoram para serem aprovadas porque o chefe pede muitas mudanças, sempre acordadas com os novelistas. Com este perfil, ele fez os roteiristas respirarem aliviados.