“Aos poucos, a Zuleica vai conquistando o público, mostrando a mulher incrível que é. Ela tem empatia, sororidade, não vai soltar a mão da Maria, acho que isso vai fazer com que o público a absolva (risos).”
Aline BorgesPublicado em 16/08/2022 às 04:00:00
Aline Borges viu certa rejeição a Zuleica quando a personagem surgiu em Pantanal. Para a atriz, a família formada por sua personagem com Tenório, papel de Murilo Benício, não é validada pelo grande público por puro preconceito. É o que ela afirma nesta entrevista exclusiva ao NaTelinha, em que fala ainda sobre os próximos capítulos da novela da Globo e sobre a luta, ainda longe do fim, contra o racismo na TV.
“As pessoas, de um modo geral, têm sido bem afetuosas. No início, a maioria rejeitou a Zuleica, porque todos já estavam muito apaixonados pela Mary Bru”, avalia Aline Borges, em referência ao apelido dado pelos internautas à Maria Bruaca, vivida por Isabel Teixeira. “Não é à toa. A Bel entrega uma Maria Bruaca antológica, daquelas personagens que marcam para sempre a história da teledramaturgia. Mérito dela, que é de fato uma grande atriz.”
“Aos poucos, a Zuleica vai conquistando o público, mostrando a mulher incrível que é. Ela tem empatia, sororidade, não vai soltar a mão da Maria, acho que isso vai fazer com que o público a absolva (risos).”
Aline Borges
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Também houve um estranhamento com a dinâmica estabelecida entre os personagens. “Infelizmente, a gente vive num país muito preconceituoso. A Zuleica, embora seja a segunda esposa de Tenório, ela ainda é vista como amante. E são duas coisas diferentes. Ele tem duas famílias. A Gonçalves é a sua segunda família. A dita família paralela e, por lei, elas são reconhecidas. Em caso de separação, eles têm seus direitos.”
“Vejo bastante preconceito em relação ao posto que a Zuleica ocupa, como se fosse algo ruim, de menor valor ou até mesmo leviano.”
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A atriz acrescenta: “E não querendo defender a personagem, mas, sendo justa com a verdade dela, Zuleica é mulher de Tenório também. Teve três filhos com esse homem, que o reconhecem como pai, são anos e anos de casamento. Embora não tenham oficializado no papel, ela tem uma história, que ainda assim não é validada pelo grande público por puro preconceito. Mas a arte tem o papel fundamental de trazer reflexão e desconstrução dos pré-conceitos, então eu vibro para que a gente avance nessa questão”.
Aquela família é a representação de uma realidade vivida por muitos brasileiros, segundo Aline. “Não tive contato, mas recebo muitas mensagens de pessoas que se identificam com o lugar que a Zuleica ocupa, e a maioria relata que sofre preconceito de todos os lados.”
Em entrevista recente, Aline Borges lembrou que fez muitos papéis estereotipados ao longo da carreira. “O racismo estrutural é tão enraizado que a gente não questiona ter apenas um núcleo de gente preta numa novela. Estamos caminhando? Sim! Mas a passos muito lentos”, opina a atriz, que aponta o caminho para a superação do problema: “Que a gente tenha mais autores com visões antirracistas, que tenhamos mais pessoas pretas escrevendo, dirigindo, contratando”.
“A equidade, a igualdade racial só vai acontecer quando toda sociedade despertar para a necessidade de transformação. A gente ainda tem uma grande maioria que não quer abrir mão de seus privilégios em prol de uma sociedade mais justa. A branquitude precisa entender e aceitar que tem uma dívida histórica gigantesca com as pessoas pretas deste país. A desconstrução do racismo depende dessa consciência, infelizmente.”
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O trabalho em Pantanal tem seguido esse percurso. Na primeira versão, escrita por Benedito Ruy Barbosa para a Manchete em 1990, Zuleica era uma mulher branca, vivida por Rosamaria Murtinho. “Não posso dar spoiler, mas adianto que, o autor [do remake, Bruno Luperi] foi bastante generoso com a história dessa mulher preta, que representa tantas e tantas mulheres pretas neste Brasil racista.”
“A gente está cansado de ver a mulher preta no lugar da subserviência, sempre em segundo plano, não tendo um final que honre toda sua trajetória. Zuleica vai honrar sua história e vai inspirar muitas mulheres a ocuparem seus lugares com glória! Me sinto honrada em dar vida a uma personagem como a Zuleica! Ela me representa!”
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Ao ser questionada sobre o desfecho da personagem, a atriz faz mistério. O que já se sabe é que uma tragédia vem por aí: o caçula, Roberto (Cauê Campos) será assassinado nos próximos capítulos. Se o desfecho do remake seguir o roteiro original, Tenório também vai morrer. Sobre Zuleica, a intérprete resume: “O Bruno Luperi deu um final grandioso para Zuleica. Eu não mexeria em nada! Aguardem!”.
As gravações de Pantanal já se aproximam do fim – a novela fica no ar até outubro, quando abre vaga para Travessia, de Glória Perez. E Aline Borges segue no vídeo: “Vou estrear a série Arcanjo Renegado, em segunda temporada agora em agosto na Globoplay. E já fechei com a Netflix pra rodar uma nova série de comédia com Leandro Hassum. Estou animadíssima, porque são coisas bem diferentes do que estou fazendo em Pantanal”.
O NaTelinha divulga todos os dias os resumos dos capítulos, detalhes dos personagens, entrevistas exclusivas com o elenco e spoiler da novela Pantanal. Confira!
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