Zazá completa 25 anos de estreia na próxima quinta-feira, 5 de maio. Até hoje, a novela assinada por Lauro César Muniz e dirigida por Jorge Fernando (1955-2019) para as 19h da Globo é lembrada como uma daquelas em que pouco deu certo. Quando foi ao ar, em 1997, a trama chegou a irritar Rita Lee, que cantava o tema de abertura, e fez Fernanda Montenegro, a protagonista, querer passar um bom tempo longe dos folhetins.
Em entrevista ao jornal O Globo em dezembro daquele ano, quando Zazá já caminhava para a reta final, Fernanda Montenegro desabafou: “Nunca digo desta água não beberei, mas espero ficar um bom tempo sem protagonizar outra novela”. Uma sábia decisão: no ano seguinte, ela se dedicaria ao lançamento do filme Central do Brasil (1998), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Na TV, ela só voltaria a ser protagonista em As Filhas da Mãe (2001), novamente às sete da noite e sem grande sucesso.
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Naquela mesma reportagem, a atriz comentou a baixa audiência de Zazá, que se estabeleceu na casa dos 31 pontos na Grande São Paulo – índice baixo para os padrões da época. “Não estamos ali para fazer a novela da posteridade. Trata-se de uma comédia leve, infanto-juvenil, sem exigência dramática. Ninguém espera que dê 60 pontos no Ibope. Nem a trama das 20h dá isso”, comparou.
“Fazer novela é como dar um salto num abismo: é preciso estar preparado para as intempéries. Nenhuma novela é sucesso com mais de 200 capítulos. Depois do septuagésimo, tudo cai no brutal. Se for drama, o ator cansa de fazer cara de triste. E, se for comédia, de fazer humor. Nem uma Sarah Bernhardt aguentaria.”
Fernanda Montenegro
Em Zazá, a personagem título é uma empresária excêntrica que acredita ser filha de Santos Dumont e tem em mãos um projeto revolucionário: a construção de um avião atômico. Em um voo de asa delta, ela enxerga nuvens formando a figura de sete anjos e tem a ideia de encontrar sete "anjos da guarda" para encaminhar a vida de cada um dos seus filhos. O elenco de peso tinha nomes como Ney Latorraca, Nathália Timberg, Paulo Goulart, Marcello Novaes, Letícia Spiller, entre outros.
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Experiência em Zazá fez Rita Lee cravar: “Abertura de novela, nunca mais”
Um mês antes, em novembro de 1997, Rita Lee já havia mandado um e-mail para a redação do Jornal do Brasil afirmando que ter uma música sua como tema de abertura de Zazá não foi um bom negócio. Campeã em canções escolhidas para embalar as vinhetas de novelas da Globo, a rainha do rock estava insatisfeita em ter sua voz e os versos de Dona Doida no ar todas as noites. A letra era uma homenagem à trajetória de Fernanda Montenegro e também fazia referência à personagem principal da trama.
“Hoje em dia, emplacar um tema de abertura de novela é faca de um gume só, ou seja, sua música queima mais depressa que baseado em palha de milho e não se recebe um tostão sequer. A tal da Zazá, por exemplo, foi péssimo para mim: era uma homenagem bacana a Fernanda Montenegro como Mulher Maravilha, a letra a convidava para a presidência da República entre outras loas”, iniciou Rita Lee, no e-mail.
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A cantora relatou que a gravadora PolyGram pediu uma adaptação na letra original para impulsionar seu sucesso nas rádios. “Fui convidada a acrescentar o refrão chatinho que acabou por destruir a música de vez: 'Cadê Zazá, Zazá, Zazá!!!!!!!!!!!!'... Burrice minha. Músicas inseridas dentro das novelas são 200 vezes mais eficientes e saturam bem menos. Aprendi que abertura de novela, nunca mais.”
Relembre a abertura de Zazá, com a música Dona Doida, gravada por Rita Lee:
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