Publicado em 21/06/2021 às 05:30:00,
atualizado em 21/06/2021 às 11:23:02
"Quando eu tô com você, só tenho uma certeza. Eu quero é safadeza!". Impossível não cair na gargalhada quando o Edgard (Cosme dos Santos) de Salve-se Quem Puder aparece cantando a música feita em homenagem a Ermelinda (Grace Gianoukas). Em conversa exclusiva com o NaTelinha, a intérprete da musa da Melô da Safadeza confessa que a canção é um sucesso e ela até já cantou para o marido.
"Melô da Safadeza é uma delícia de música! Quando a novela parou de gravar, durante a pandemia, eu estava aqui em casa e começava a cantar, a atazanar as orelhas do meu marido", revela. "Muita gente na Internet me pede para eu mandar cópia, gravar, colocar no Spotify", conta a atriz, rindo.
Nessa segunda fase da novela de Daniel Ortiz, a dona de casa será disputada por dois homens. Além do comerciante e compositor, o agente federal Nanico (Babu Santana) também promete balançar o coração da caipira. Sobre quem a mãe de Zezinho (João Baldasserini) irá escolher, Grace prefere manter o suspense. "É claro que eu não posso dizer com quem a Ermelinda vai ficar, porque foram gravados vários finais. E mesmo que eu soubesse, também não diria", brinca.
"A relação do Edgard com a Ermelinda é uma, tem um tom, um clima. E a relação do Nanico com a Ermelinda, a medida que a novela avançar, as pessoas vão perceber, é outro clima. Então, quem decide isso é o público, porque eu acho que a Ermelinda não vai ter condições de decidir", adianta.
A atriz, inclusive, sugere um final alternativo e mais moderno para a caipira. "Ela é uma mulher que tem que se modernizar. Não tem que ficar con ninguém, tem que ficar com todo mundo. Tipo Marisa Monte: 'Não sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem', canta. "É isso, ela tem que soltar a franga", diz.
Na trama das sete, Ermelinda e o filho são responsáveis pela segurança das três testemunhas do assassinato do juiz Vitório (Ailton Graça): Alexia (Deborah Secco), Kyra (Vitória Strada) e Luna (Juliana Paiva).
Gianoukas se diz muito feliz em contracenar pela primeira vez com três atrizes tão talentosas e distintas. "Foi maravilhoso! Surpreendente estar ao lado delas, vê-las interpretando, criando e usando os recursos, as ferramentas de atriz que cada uma tem, desenvolveu, nesse tempo de carreira", observa.
"A Deborah é uma máquina, atriz, mãe... Uma grande mulher! Tem mais anos de televisão, aprendi bastante com ela. Nossa relação ficou muito de amizade e respeito uma pela outra. Fiquei apaixonada pela pessoa que ela é", elogia.
"A Juliana é surpreendente! Uma menina tão madura, inteligente, grande atriz, parece que tem alma antiga", observa. "Tem um entendimento das cenas, é precisa, de uma verdade... Eu ficava babando vendo ela interpretar", derrete-se.
"E a Vitória é uma garota cheia de energia, de luz. Eu achei que ela era uma pessoa mais séria... Nada, ela é muito brincalhona, querida. Também pegou o desafio de fazer comédia e se saiu muito bem. Tenho um carinho maternal por ela", abre o jogo.
Já com João Baldasserini, com quem trabalhou também em Haja Coração (2016), a amizade é antiga. "Eu sou apaixonada por ele! Já admiro como ator e pessoa, tenho o maior respeito, ele é meu amigo", entrega.
"E sim, eu sou um pouco mãezona dele. Então, eu quero saber do 'meu fio. como é que tá, sempre a gente se fala. E nóis tamo sempre nos dando força, e eu torço muito por ele", diz com o sotaque da Ermelinda. "Por todos eles. Eu amo os quatro! E a Filipa", complementa, Grace.
No início da trama, mãe e filho moravam na cidade fictícia de Judas do Norte. Eles, as testemunhas e a mascote da família saíram do interior e se mudaram para a grande São Paulo.
Indagada sobre como foi contracenar com a galinha, a atriz garante não ter tido dificuldades ou qualquer contratempo. "Ela é um amor!", elogia. Nascida no litoral do Rio Grande do Sul, mãe de um filho veterinário e tia de um biólogo marinho e outro ecologista, Grace Gianoukas sempre conviveu com animais de várias espécies.
"Minha família sempre foi da bicharada. Eu tive de galinha a pinguim". [risos]. "A Filipa e eu nos demos muito bem, eu tinha muito carinho por ela. É um bichinho muito dócil", observa.
"Eu ficava preocupada quando as cenas com a Filipa passavam das seis da tarde, porque galinha tem que dormir às seis da tarde, tem que se recolher, é o horário dela. E quando estava muito frio no estúdio, eu deixava ela bem quentinha perto de mim", recorda.
Para que a bichinha não ficasse estressada, a atriz conta que além da Filipa, tinham mais duas irmãs no mesmo papel. "De engraçado era isso, eu estava sempre cuidando, vendo se a Filipa estava bem, se estava com frio, se já não estava na hora de ela dormir. Mãezona da Filipa", se intitula.
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Com 38 anos de carreira, muitos deles dedicados ao teatro. Grace Gianoukas afirma que com ela não tem tempo ruim. Acostumada a se apresentar nos palcos de todo o Brasil, e fora dele, ela se adaptou bem aos protocolos de segurança adotados na volta aos estúdios. "Trabalho com performance, dirijo, já me apresentei em vários lugares improvisados, que não tinham camarim, onde eu tinha que me vestir embaixo da escada... O que importa é o trabalho que a gente tem que fazer", ressalta.
Para atriz, o mais complicado foi contracenar com as meninas, principalmente com a Juliana Paiva, já que a relação da Ermelinda com a Luna, personagem da jovem atriz, é muito maternal.
"Foi um pouco de desafio pra mim porque tudo ficou no olho, na expressão. A gente não podia se aproximar", explica. "Isso também foi uma coisa nova que eu me desafiei a fazer. Eu adoro desafios, superar dificuldades. Para mim, tudo é uma grande aventura. Foi ótimo!", vibra.
Durante a pausa nas gravações, a TV Globo exibiu no horário uma edição especial de Haja Coração, outra novela de Daniel Ortiz e que tinha Grace Gianoukas no elenco, no papal da lendária Teodora Abdala.
A atriz se diz muito feliz com a oportunidade de estar em três trabalhos quase que simultâneos, já que também pode ser vista no humorístico Vai Que Cola, nas noites de sábado. Ela explica que a resposta do público vem quando ela precisa sair e era reconhecida.
"Porque mesmo de máscara, cabelo preso e óculos, eu abro a boca e todo mundo me reconhece. Vem falar, querem tirar foto, é maravilhoso. É um reconhecimento muito carinhoso", comemora.
Acostumada a escrever e dirigir peças, Grace conta que no teatro ela sempre procura criar tipos de personagens diferentes. Então, quando tem a oportunidade de fazer isso também na televisão é um desafio. "Fico muito feliz que o público de TV possa reconhecer isso", fala.
Questionada sobre fazer vilãs ou mocinhas, a atriz ressalta o prazer em papéis que a desafiem, exigem pesquisas, a façam melhorar. ""Eu tenho que me superar", sinaliza.
Agora, ela abre o jogo sobre quais personagens prefere não fazer. "Quando surge algum trabalho onde eu tenho que interpretar alguém que vai completamente contra o meu respeito estético, por exemplo", diz.
"Essas personagens que, às vezes, aparecem em programas de comédia, cheia de preconceito, a velha tarada ou a pessoa que está sendo ridicularizada por ser velha, gorda... Personagens que foram escritas dando voz a um humor preconceituoso, que não é humor, é só bullying, é um desafio que eu não consigo transpor", explica.
Grace conta já ter sido enganada e obrigada a fazer esse tipo de papel para não quebrar contrato, e sofreu muito. "A medida que vinham os capítulos, eu fui ficando chocada com aquilo e não podia sair, foi difícil", lamenta.
"Às vezes, o pessoal, em busca de audiência, resolve apelar. E eu reafirmo, não precisa apelar, o público não é bobo, e a gente não pode mais praticar humor fácil", dispara.
Grace é mais uma das atrizes que sabe da importância da cultura nesses tempos de pandemia, e a lamentar a perseguição contra os artistas, assim como contra a ciência, motivada pelo atual Governo. "O pessoal acha que artista não tem valor", dispara. "A arte e acultura te ajudam a refletir, pensar, ver os pontos de vista. Então, sem arte, sem cultura, uma sociedade é opaca, robótica", reafirma.
Sobre a troca com o público em uma época onde o isolamento social se faz necessário, a atriz não nega que no teatro essa aproximação é imediata. "O jogo com o público é maravilhoso, a gente manda para a plateia, a plateia reage. Quanto mais eles mandam, mais louco a gente fica no palco, com mais garra...", vibra.
Ela observa que com a televisão ou o cinema esse contato é possível através da equipe no set. Já com o público, só depois que vai ao ar e o artista tem contato na rua. "Não é aquela troca imediata, mas ela acontece", garante.
Grace finaliza a conversa contando o que fez durante o período de isolamento e a pausa nas gravações de Salve-se Quem Puder, quando aproveitou o tempo livre para dar atenção a sua casa.
"Eu fiz alguns trabalhos remotos para o Multishow, foi uma oportunidade de me deslocar menos e olhar para dentro da minha casa, porque eu trabalho tanto que, às vezes, não tenho tempo de arrumar uma gaveta, colocar meus arquivos em dia, minhas fotos, costurar uma meia, lavar uma mala, passar um pano nas coisas...", lista.
Além de cozinhar e ler, a intérprete da Ermelinda aproveitou o tempo livre para fazer um jardim na companhia do marido. "Quando a gente mudou para essa casa tinha um canteiro que era só pedra. Tudo virou grama, flor, plantas... No quintal, nós fizemos uma horta. Plantar, ver as coisas crescerem, isso é maravilhoso, não tem preço!", comemora.
Quando isso tudo passar, Grace pretende comemorar 40 anos de carreira nos palcos, o que deve acontecer entre 2023 ou 2024. "Chama-se 'Estado de Grace', já está todo esboçado, só falta começar a ensaiar", detalha. Ela também está organizando textos e crônicas para montar um livro, e não descarta a possibilidade de dar aulas. "Tem muita gente me pedindo para dar um curso, eu vou ver se consigo organizar", adianta.
Agora, mesmo quando a rotina voltar à normalidade, a atriz só não abre mão de ficar perto da família e da natureza. "Quanto mais perto da natureza eu estiver, com a minha família, mais feliz eu vou estar. Se tem um lugar que me dá vida é perto da natureza. Afinal de contas, Deus está ali", acredita.
"Eu prefiro mil vezes ficar sentada vendo o mar em uma praia deserta do que está badalando em algum lugar chique. Eu sou uma pessoa muito simples, gosto de coisas simples, gosto de gente simples. E eu acho que o grande valor tá na natureza e na simplicidade", reforça.
Vacinada com a primeira dose, a atriz de 57 anos lamenta o atraso na vacinação em decorrência da demora na aquisição de vacinas. "Acabei de tomar a primeira dose da vacina. infelizmente, a próxima dose eu só vou tomar daqui a três meses. E isso, em função dessa amarração para comprar vacina para o Brasil", sinaliza.
"Isso me fez perder três trabalhos fora do Brasil, três convites devido ao sucesso das novelas fora do Brasil. Minha vontade é processar os incompetentes que recusaram a oferta de vacina", desabafa.
"Eu e muitos de nós deveríamos entrar com um processo coletivo contra esses incompetentes. Péssimos administradores, que não nos deram essa vacina mais cedo. É a nossa saúde, a nossa vida, o nosso futuro, nossa possibilidade de sobreviver, que está nas mãos de um bando de incompetentes. Canalhas!", conclui a conversa.
Fique por dentro dos próximos capítulos de Salve-se Quem Puder e outras produções acessando o canal de Novelas do NaTelinha.
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