Publicado em 29/11/2020 às 06:27:59
A nova direção de dramaturgia da Globo ainda nem assumiu, mas já está recheada de desafios para mudar o departamento já nos próximos meses e a expectativa é alta. Praticamente todos os funcionários da área esperam uma cambalhota no setor a partir de agora sob o comando direto de José Luis Villamarim, que assumirá o cargo que pertencia a Silvio de Abreu e, acima dele, o novo diretor de Entretenimento, Ricardo Waddington. O principal legado que a nova gestão deverá buscar é o contrato por obra para autores, além de uma imersão em temas diferentes, além de voltar a apostar em outros formatos, além das novelas.
O NaTelinha conversou com diferentes pessoas e todas avaliaram que a escolha de José Luis Villamarim, anunciada por Ricardo Waddington, foi um movimento do novo chefão da Globo para dar um recado claro para a área: haverá profundas mudanças. O diretor, responsável por sucessos como Avenida Brasil (2012) tem uma visão de dramaturgia bastante diferente do que Silvio de Abreu impôs à frente da área.
É unânime entre as fontes ouvidas pela reportagem que Villamarim foi escolhido por ter um pensamento diametralmente oposto de Silvio de Abreu em dramaturgia. O diretor deverá ter escolhas bem diferentes para sinopses de novelas, inclusive dando preferências para histórias que fujam do senso comum e apresentem alguma revolução para o gênero. Uma pessoa ligada ao diretor comentou que ele acredita ter a oportunidade de dar uma injeção de fôlego para as telenovelas e manter o formato vivo, mesmo diante a tantos outros formatos nascendo.
É justamente por causa disso que as mudanças deverão ser imediatas. O novo responsável pela dramaturgia da Globo já está trabalhando com Edna Palatinik, nova Diretora de Conteúdo, para avaliar as sinopses aprovadas e capítulos de produções que já estão em estúdio. Os autores já esperam solicitações de mudanças de rumos e ajustes para novelas como Quanto mais Vida Melhor, Nos Tempos do Imperador e Em Seu Lugar.
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Embora o novo comandante da área ainda não tenha feito um depoimento oficial para os roteiristas, espera-se que ele faça alteração na fila deixada por Silvio de Abreu, até porque não teria sentido manter tantas novelas aprovadas por quatro, cinco anos. A expectativa é que os novelistas deverão ser procurados nas próximas semanas para reuniões com mudanças e até cancelamento de projetos, com readequações dos profissionais.
Fontes ouvidas pelo NaTelinha garantem que só estão seguras produções em estúdio, como é o caso de três citadas acima. Além delas, quem não deverá sofrer alteração de fila é Pantanal, já que o remake foi aprovado diretamente por Ricardo Waddington. Além delas, nenhuma produção que está na fila das faixas está garantida e Villamarim poderá até modificar autores de horário.
Quando Waddington foi escolhido como o Chefe de Entretenimento da emissora já foi passada uma solicitação para ele. Nos próximos anos, o canal entrará numa readequação em que os autores trabalharão apenas por obra. Duas pessoas da cúpula da Globo confirmaram que, no máximo em cinco anos, terá contrato apenas quem está desenvolvendo algum projeto já aprovado pela casa.
Este é um modelo de negócio que a empresa pretende importar dos EUA, como já acontece na maior parte das emissoras de TV e até das plataformas de streaming. Mesmo dando maior liberdade para os roteiristas, que poderão aprovar projetos na Globo e nas concorrentes, a emissora acredita que isso evitará desperdício financeiro e valores maiores poderão ser alocados em produções mais ousadas.
Mas isso não deve acontecer imediatamente e a Globo não prtende romper contrato com nenhum de seus autores. Além disso, certamente alguns medalhões deverão ser protegidos e manterão contratos fixos, se assim quiserem. A reportagem apurou que João Emanuel Carneiro, Gloria Perez e Walcyr Carrasco estão salvos do novo modelo e a dupla Duca Rachid e Thelma Guedes também não deverão ter vínculo apenas por obra, já que elas são a principal aposta da era Waddington.
A pessoas próximas, Villamarim tem dito que seu maior legado é o de oferecer um retrato do Brasil nas telenovelas. Para ele, essa é a principal função do formato no Brasil e que a Globo precisa recuperar com urgência nos próximos anos. O diretor recebeu sinal verde de Ricardo Waddington para impôr seu estilo de trabalho e poderá apostar, inclusive, no retorno de minisséries e microsséries na faixa das 23h.
É sempre bom lembrar, no entanto, que o departamento de dramaturgia da Globo nada tem a ver com o Globoplay. Mesmo pertencendo a uma só empresa depois da unificação da marca, o serviço de streaming ganhou vida própria e independência, não tendo ingerência dos executivos da TV aberta. Por isso, muita gente aposta, inclusive, que nos próximos dias um novo nome deverá ser anunciado para o conteúdo da plataforma.
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