Publicado em 28/05/2021 às 15:04:00,
atualizado em 28/05/2021 às 15:10:53
Donos da Globo, Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho escreveram em conjunto uma carta aberta para se despedir de Carlos Henrique Schroder, que está deixando a emissora após 37 anos. O executivo ocupou de 2013 até o final do ano passado o cargo de diretor-geral e acumulou o cargo de diretor-executivo de Criação e Produção de Conteúdo.
“Quem conhece Carlos Henrique Schroder sabe que ele é de poucas palavras; prefere fazer. É daqueles profissionais que brilham ao fazerem brilhar. Sua obra não está em entrevistas, em aparições públicas, mas em resultados. É a sua marca registrada. E assim construiu uma das trajetórias de maior sucesso na TV brasileira”, diz trecho do documento.
A carta relembra que a escolha de Schroder para ser diretor-geral da Globo foi consenso entre eles e ficaram satisfeitos com o desempenho dele no comando da emissora. “Já tinha se provado um homem de televisão. Era o profissional ideal para preparar a TV Globo para as transformações que hoje estamos vivendo. Foi graças à sua liderança que nossas novelas passaram a ter um ritmo mais contemporâneo, nossas séries ganharam qualidade internacional, nosso humor foi atualizado em forma e conteúdo e nossos realities, tanto tempo depois das primeiras edições, puderam manter um vigor que mobiliza o país. Foi na gestão dele, como diretor-geral, que o Globoplay deu seus primeiros passos, num movimento estratégico que nos torna hoje muito bem posicionados. Schroder soube perceber que o conceito de televisão se ampliara para telas e plataformas variadas”, acrescenta.
O executivo anunciou seu desejo de sair da empresa em 2017 e ficou decidido que ele seguisse em sua função até o fim de 2020, que acabou sendo prorrogado até o mês de maio. “Para nós, não é fácil escrever uma carta de despedida como esta para alguém tão intimamente ligado à nossa história como Schroder. É por causa de profissionais como ele que a Globo é o que é hoje, e somos gratos por isso”, afirma outra parte do texto.
“A história da Globo tem um sem-número de protagonistas, todos extremamente valiosos. E tem alguns autores. Schroder é um deles. A ele, o nosso muito obrigado”, encerra os donos do conglomerado.
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Schroder entrou na Globo com apenas 25 anos, em 1984. Ele havia chamado a atenção pelo seu desempenho na TV Educativa e na RBS. Em 1990, transformou-se em diretor de produção do Jornalismo, alcançando o cargo de diretor de planejamento, depois diretor editorial até chegar à função de diretor da Central Globo de Jornalismo.
Em 2009, ganhou mais atribuições e seu cargo ganhou o nome de Diretoria Geral de Jornalismo e Esporte, onde permaneceu até 2013. Durante sua gestão, ele ficou responsável por grandes coberturas, como eleições presidenciais, Copas do Mundo e Jogos Olímpicos.
Carlos Henrique teve papel fundamento para o surgimento da GloboNews e liderou a criação do portal de notícias do Grupo Globo. Por conta de toda essa experiência, ganhou a responsabilidade de ser o diretor-geral do canal.
Confira a carta na íntegra:
Quem conhece Carlos Henrique Schroder sabe que ele é de poucas palavras; prefere fazer. É daqueles profissionais que brilham ao fazerem brilhar. Sua obra não está em entrevistas, em aparições públicas, mas em resultados. É a sua marca registrada.
E assim construiu uma das trajetórias de maior sucesso na TV brasileira.
Quando entrou na Globo, aos 25 anos, em 1984, vindo do Rio Grande do Sul, era um profissional promissor por tudo o que tinha feito na TV Educativa e na RBS. Aqui, foi sendo promovido pelo trabalho inovador que lhe é peculiar. Em 1990, passou a ser diretor de produção do Jornalismo, depois diretor de planejamento, diretor editorial até se tornar diretor da Central Globo de Jornalismo, que, em 2009, com mais atribuições, recebeu o nome de Diretoria Geral de Jornalismo e Esporte, onde permaneceu até 2013. Nessas funções, não houve um acontecimento importante no Brasil e no mundo que Schroder não tenha coberto. Todas as eleições presidenciais no país depois da volta da democracia, todas as muitas crises políticas, todos os planos econômicos, guerras, revoluções, eleições em países estrangeiros, desastres naturais, descobertas científicas, avanços na saúde, na educação, a revolução digital. E mais todas as Copas do Mundo desde 1986, todas as Olimpíadas, os principais campeonatos esportivos no Brasil e no mundo. Tudo isso, de um jeito ou de outro, passou pelo olhar de Schroder, seja coordenando, planejando ou dirigindo. Schroder ajudou também a construir do zero a GloboNews e liderou a criação do G1, essas duas potências do jornalismo brasileiro de hoje. É uma bagagem que poucos podem ostentar.
Por tudo isso, em 2013, sua escolha para diretor-geral da TV Globo foi consenso entre nós. Mais do que um jornalista, Schroder já tinha se provado um homem de televisão. Era o profissional ideal para preparar a TV Globo para as transformações que hoje estamos vivendo. Foi graças à sua liderança que nossas novelas passaram a ter um ritmo mais contemporâneo, nossas séries ganharam qualidade internacional, nosso humor foi atualizado em forma e conteúdo e nossos realities, tanto tempo depois das primeiras edições, puderam manter um vigor que mobiliza o país. Foi na gestão dele, como diretor-geral, que o Globoplay deu seus primeiros passos, num movimento estratégico que nos torna hoje muito bem posicionados. Schroder soube perceber que o conceito de televisão se ampliara para telas e plataformas variadas. E que era fundamental preparar a TV Globo para essa realidade.
Em 2017, Schroder nos procurou anunciando que gostaria de planejar o fecho de seu ciclo na Globo. Aprendemos nesses 36 anos que ele não diz algo sem que tenha refletido muito. Na conversa, como sempre muito produtiva, pudemos estabelecer um plano para que ficasse até o fim de 2020, prazo que foi prorrogado até hoje. No período, ele se comprometeu a colaborar para que a transformação da TV Globo, dentro do projeto UMASÓGLOBO, fosse suave e vencedora. E foi. Ao assumir em 2020 o cargo de diretor de Produção e Criação de Conteúdo da Globo, Schroder concluiu o desenho que tornou possível que o Entretenimento, o Jornalismo e o Esporte continuassem sendo a nossa fortaleza.
Para nós, não é fácil escrever uma carta de despedida como esta para alguém tão intimamente ligado à nossa história como Schroder. É por causa de profissionais como ele que a Globo é o que é hoje, e somos gratos por isso. É exatamente esse sentimento de gratidão que torna mais fácil entender o seu desejo de buscar a realização de outros sonhos.
A história da Globo tem um sem-número de protagonistas, todos extremamente valiosos. E tem alguns autores. Schroder é um deles.
A ele, o nosso muito obrigado.
Roberto Irineu Marinho
João Roberto Marinho
José Roberto Marinho
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