Publicado em 04/12/2020 às 11:07:20
Dani Calabresa foi contratada pela Globo em 2015 depois de ter se consagrado na MTV e feito uma passagem significativa no CQC (2008-2015) e o que era um sonho, transformou-se num grande pesadelo na emissora carioca. A revista Piauí descreveu em longa reportagem publicada nesta sexta-feira (04) os assédios que a humorista teria sofrido de Marcius Melhem, seu chefe no departamento de humor.
Com riqueza de detalhes, a publicação afirmou que Calabresa fora encurralada por Melhem em uma comemoração ao episódio 100 do Zorra, que havia acabado de ser reformulado. A festa em questão ocorreu em 5 de novembro de 2017, e gerou momentos constrangedores e de pânico para Dani.
Ao passo que dançava e cantava, Melhem tentava contato físico a todo custo. O diretor, em um primeiro momento, teria puxado sua cabeça para tentar beijá-la. Não conseguiu. A situação teria piorado algum tempo depois, quando ela foi ao banheiro e ao sair, topou com Melhem. Embora tenha pedido para passar, não foi atendida. Pior: Melhem teria a imobilizado, forçado um beijo e não conseguindo, lambeu seu rosto. Não satisfeito, ainda teria tirado o pênis para fora da calça, levando Dani a encostar a mão e quadris na genitália do chefe ao tentar escapar.
Inconformada com a situação, Calabresa teve uma forte crise de choro, sendo confortada pelos atores Luís Miranda e George Sauma, aponta o texto assinado pelo jornalista João Batista Jr.
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Levou apenas três dias para que Marcius Melhem agisse como se o que tivesse acontecido teria sido normal. A Piauí relata que ele teria provocado Calabresa durante um ensaio do Zorra e Maria Clara Gueiros pedido para que a deixasse em paz.
Melhem, além de não ter atendido o clamor, teria feito pior: justificou seu comportamento alegando que Calabresa estava "muito gostosa". A cena, segundo a revista, teve duas testemunhas, tanto no bar quanto no ensaio do Zorra. A publicação ouviu 43 pessoas.
Dani Calabresa já havia sofrido um ataque de Marcius Melhem em julho, quatro meses antes do estopim. Enquanto se arrumava para uma cena onde faria uma salva-vida, numa sátira à série Baywatch (SOS Malibu), a atriz escutou alguém batendo na porta. Era Melhem.
Em tom de brincadeira, teria dito que queria dar uma "conferida" no figurino da atriz, que estava imitando Pamela Anderson. Constrangida, Dani não tirou o roupão que usava.
Antes, Calabresa já seria boicotada profissionalmente, como ter sido vetada para uma série de Miguel Falabella, mas o mais sério dos boicotes teria ocorido em 2019, quando tentava lançar uma atração parecida com o Furo MTV (2009-2012).
Com a dificuldade de emplacar o programa na Globo, a humorista sugeriu oferecer para o GNT e Multishow, mas Melhem teria batido o pé e garantido que seria apenas para a Globo.Duas semanas depois disso, marcou a primeira leitura do roteiro, que seria intitulada de Fora de Hora, e que estreou em janeiro deste ano.
A profissional estava abalada com os assédios e atrevimentos de Melhem, mas seguiu na esperança de ter uma atração na Globo. Em uma reunião marcada para às 21h, chegou às 22h30 no apartamento do chefe para não ficar sozinha com ele.
A atração proposta pela direção seria sem Bento Ribeiro, sendo apresentada somente por Calabresa. Ela queria o parceiro, se sentiu traída e foi embora. A publicação ainda apontou que os assédios continuaram sempre que ela encontrava Melhem, com comentários constrangedores.
Em janeiro deste ano, a Globo não conseguiu mais manter a história em sigilo, quando Leo Dias publicou que três atrizes teriam denunciado Marcius Melhem por abuso.
Calabresa conseguiu se reunir com Monica Albuquerque, então diretora de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA) da emissora e teria ouvido que acionaria os responsáveis pelo programa de compliance, que zela pela aplicação de normas éticas e de conduta. Ela também teve uma conversa com Carlos Henrique Schroder, diretor geral da Globo. Durou três horas. Schroder teria pedido desculpas e afirmou que sentia muito.
A acusação de Calabresa incentivou outras mulheres e o comportamento de Melhem era tido como recorrente e normalizado por ele. No dia 6 de março, a Globo anunciou que o diretor pediu afastamento por motivos pessoais. Embora de fato tivesse um acontecimento importante, uma cirurgia da filha de 11 anos nos Estados Unidos, o motivo não seria esse.
Como a palavra assédio não foi citada no comunicado, as vítimas se sentiram frustradas, segundo a revista. Redigiram uma carta à Schroder, que foi modificada, mas ainda assim, cobravam uma posição mais forte da Globo. Em agosto, a emissora informou a saída "em comum acordo" de Marcius Melhem, mais uma vez sem citar qualquer denúncia.
O humorista e executivo sempre afirmou ser inocente. Em suas redes sociais, ressaltou que sempre agiu com profissionalismo e respeito, mas pediu desculpas a quem pudesse ter sido magoada com seu comportamento.
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