Pode parecer petulância dizer o que o público quer, e de fato é, mas parece claro que ninguém quer saber que há uma narrativa para ser contada, as pessoas querem que ela seja contada imediatamente.
Publicado em 07/02/2022 às 20:00:09,
atualizado em 07/02/2022 às 20:24:25
O primeiro capítulo de Além da Ilusão foi ao ar nesta segunda-feira (07), recheada de expectativas por vários motivos. A estreia de Larissa Manoela numa novela da Globo, a novidade da autoria, já que Alessandra Poggi nunca havia escrito sozinha e muito menos para o horário, são as principais. Mas a tirar pela estreia, a nova produção das 18h parece ser de Janete Clair ou de Ivani Ribeiro, mas isso passa longe de ser um elogio.
Se nos anos 70, o primeiro capítulo costumava ser deslumbrante ao apresentar todos os personagens, suas motivações e devaneios, além de mostrar para o público como o elenco era importante, em 2022 isso dá mais sono que um episódio do BBB 22. Tanto Janete quanto Ivani sabiam com maestria mostrar que havia uma produção deslumbrante e que o público poderia esperar porque era possível ver um fiapo de história que estaria por vir nos próximos sete, oito meses e foi essa a tentativa de Além da Ilusa, com 50 anos de atraso.
Em tempos em que o público quer urgência, a tal ponto dos streamings darem a chance de acelerarem a velocidade com que se assiste a um produto, apresentar personagens e mostrar fiapos de história sem, contudo, fazer a história acontecer de fato, já na saída, pode custar caro.
Pode parecer petulância dizer o que o público quer, e de fato é, mas parece claro que ninguém quer saber que há uma narrativa para ser contada, as pessoas querem que ela seja contada imediatamente.
Daniel Césarcontinua depois da publicidade
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Não se trata de uma novela ruim. Não estamos assistindo a uma nova Nos tempos do Imperador, ou em última instância a nova versão de Boogie Oogie. A novela é bem acabada, com bons diálogos e um elenco que parece dominar as personagens. A direção trabalhou de Além da Ilusão bem a construção narrativa e todos estão muito à vontade em seus papéis, inclusive Larissa, que parece sempre ter estado na Globo. Há um ou outro ajuste importante, mas nada que desabone o que se viu.
De mais grave apenas a visão errática do diretor e da autora do primeiro capítulo. Todo mundo sabe que a novela é um dramalhão, com amor proibido, morte, prisão, acidente e tudo mais que o México sabe fazer muito bem. Mas o que se viu no ar foi uma obra solar, em que praticamente todo mundo ou é feliz ou, senão, é bem humorado. A fotografia parece nos levar para uma novela das 19h circense. Contraste que causará estranheza quando o sofrimento começar.
Note que são mudanças pontuais, tom, cor, nada que atrapalhe a novela de ser definida como boa e bem produzida. Ainda assim, a escolha pelo primeiro capítulo compromete toda a estrutura narrativa porque nos leva a crer - e só o tempo dirá se certo ou errado - de que a autora vai mostrar a história a conta-gotas. Talvez Poggi invejasse Janete e Ivani, talvez ela quisesse ser autora dos anos 70. Ou talvez só não tenha entendido que novela no século XXI é movimento. Sem movimento, não existe novela. Existe TCC.
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