Publicado em 04/04/2021 às 05:31:21,
atualizado em 04/04/2021 às 08:34:51
Thelma virou uma vilã de novela mexicana com direito a jaula para suas vítimas e até a atropelamento das inimigas em Amor de Mãe. Mas para tirar o tom melodramático e de humor involuntário, Adriana Esteves tem salvado a personagem inverossímil que surgiu na cabeça de Manuela Dias na reta final da interminável trama das 21h da Globo, suspensa por conta da pandemia do coronavírus e que retornou apenas para deixar o público com mais raiva.
Se as atitudes da personagem não fazem praticamente nenhum sentido e têm sido alvo de muitas críticas por parte de internautas, Adriana Esteves segue brilhando em seu posto de uma das melhores atrizes do país atualmente. Difícil saber quando ela tomou a decisão, se ao receber os roteiros estapafúrdios ou no momento de preparação do retorno, mas é evidente que, em algum ponto da trajetória para a volta de Thelma, coube a artista salvar uma personagem completamente perdida pelo roteiro da Gloria Magadan brasileira do século XXI.
Não existe diferença nas atitudes de Thelma e de Bernarda (Daniela Romo), a pérfida vilã de Triunfo do Amor, capaz das maiores maldades idiotas, como colocar uma criança amarrada num trilho de trem. Mas diferente das atrizes mexicanas, em que o público parece gostar de caricatura na composição como parte do tempero de situações absurdas e completamente irreais, Adriana Esteves tentou dar credibilidade à sua vilã.
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Diferente de Carminha em Avenida Brasil (2012), quando ela pesou a mão e criou caras e bocas porque o texto e as situações permitiam, com Amor de Mãe tornou Thelma uma vilã tão artificial quanto as malvadas de filmes infantis, Adriana Esteves desceu o tom para tentar dar algum ar de humanidade para uma personagem perdida e que não tinha como ganhar a torcida do público.
É bem verdade que não há como defender a vilã. E não se trata da torcida natural para uma malvada se dar mal, trata-se de ser impossível elogiar as decisões artísticas que a novela dá para Thelma. Ela é um erro ambulante do ponto de vista dramatúrgico e faz apenas o que uma roteirista desesperada por criar cenas fortes pede. Mas sua intérprete conseguiu o que parecia impensável diante de uma personagem de estatura tão baixa.
Normalmente, quando o papel é muito ruim, fica difícil para o artista salvar alguma coisa e oferecer dignidade ao telespectador. Mas neste caso é o que acontece, já que, quanto mais Thelma se afunda com situações esdrúxulas e de humor involuntário - a gente ri de nervoso com essas maldades toscas - Adriana Esteves brilha em cena como se fosse o próprio Sol e tivesse vida própria, sem a necessidade de se apoiar em um texto minimamente aceitável.
A decisão de transformar Thelma numa mulher que fala baixo e que tem o olhar assustado, como se fosse um rato já presa em uma ratoeira, permite ao público ver uma atriz brilhando. Não existe qualquer traço de tentativa de salvar a personagem porque, obviamente a atriz sabe que não há salvação. Mas ela tenta salvar a própria trajetória para que o público veja: a vilã é esdrúxula, mas eu sou uma grande atriz. E ela é maior que a Thelma, é uma extraordinária atriz que brilha até diante de cenas ruins.
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