Publicado em 04/09/2023 às 11:30:00, atualizado em 04/09/2023 às 11:32:20
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Tudo em casa. É assim a primeira grande mudança das cadeiras no Flow News, vertical de notícias dos Estúdios Flow no YouTube lançada em maio deste ano. A jornalista e apresentadora Marcela Rahal está deixando a iniciativa para assumir um novo desafio, na TV Veja. No lugar dela entra Rafael Colombo, ex-Band e CNN Brasil – e que, coincidência ou não, é marido da antecessora.
"Vai ser um baita desafio. Marcela tem um estilo próprio. Carisma e inteligência. Tem uma leveza e bom-humor únicos", contou Colombo em entrevista exclusiva a esta coluna, sem esconder a admiração pela parceira de vida. "Vou ter que fazer direitinho, ou levo bronca em casa."
Agora, Rafael Colombo se junta a um projeto um pouco diferente dentro do telejornalismo. Criado pelo estúdio do mesmo nome, o Flow News é 100% nativo do YouTube, site de vídeos do Google. A plataforma tem crescido como uma espécie de "nova TV aberta", com conteúdos gratuitos que incluem de transmissões esportivas a humor, passando pelas notícias do dia.
Para quem veio de canais mais tradicionais, o que muda na nova mídia? "A linguagem, sem dúvida. O conteúdo é sempre o mesmo. Notícia. Mas a comunicação mais informal, um pouco mais conversada", explica o apresentador.
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Os Estúdios Flow, vale lembrar, começaram com o "mesa cast" (formato em vídeo com entrevistas longas, uma espécie de filho dos talk shows com os podcasts) de mesmo nome, aquele apresentado por Igor 3K e que, antes, foi levado às polêmicas pelo antigo âncora, Monark. O Flow Podcast já acumula 5,27 milhões de assinantes YouTube, tendo entrevistado gente do calibre de Galvão Bueno, Luan Santana, Ronaldo Fenômeno e o presidente Lula.
Nesse comparativo, a vertente noticiosa ainda engatinha. São apenas quatro meses de existência, com 59 mil seguidores – apesar de ter profissionais como Carlos Tramontina e Gloria Vanique em suas fileiras. Na quantidade de views, há alguns poucos vídeos e lives que furam a bolha (chegando na casa dos 50 a 100 mil), enquanto a maior parte estaciona na casa de algumas centenas a dois mil espectadores.
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Nesse sentido, Rafael Colombo espera agregar ao projeto. "Acho que, da minha carreira de 25 anos, transporto pra bancada do Flow News a vontade de ouvir cada vez mais, de compreender e respeitar cada vez mais a compreensão de mundo dos outros", diz.
Balanço do Flow News
Aproveitando o troca-troca, a coluna questionou o CEO do estúdio, Andre Gaigher (foto/abaixo), como ele avalia a iniciativa até aqui.
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"O balanço é ótimo, no que tínhamos de desenho as expectativas foram superadas em todos os sentidos, qualidade, números e conteúdo. Apesar disso tudo ser importante, é um novo canal e um novo nicho, não queremos entrar para concorrer, queremos entrar para contribuir, assim como fizemos com o desenvolvimento do cenário dos podcast no Brasil", contou o executivo.
Para Gaigher, o Flow News colabora com o cenário como um todo. "Se a imprensa fica mais forte, o jornalismo fica mais forte, o mercado se desenvolve", afirma o CEO.
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Ele, no entanto, afirma que há muito para crescer. "Ainda estamos em um estúdio temporário e esperamos o grau de maturidade correta para meados de 2024, quando esperamos poder ter os parceiros e profissionais em seu ponto ideal para inovações e consolidação de novos formatos."
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O Flow News se ancora muito na leitura de notícias, além das informações e apurações dos jornalistas em cena. Há, também, convidados e entrevistados. Porém, o trabalho de reportagem mais tradicional, aquele popularizado pela TV Globo em seus tempos mais áureos, é raro.
"Estamos focando na migração para os novos estúdios e no aprendizado para otimização de processos que nos permitam comunicar de maneira dedicada em cada plataforma de informação e conteúdo. Monetização também é um desafio, mas estamos encontrando caminhos."
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O futuro do telejornalismo
A fala final de Gaigher não é sem fundamento: descobrir como ganhar dinheiro com jornalismo sério, nos tempos de hoje, é um desafio – inclusive para dar as notícias com mais qualidade. Falando especificamente da vertente televisiva, há uma forte saída de público da velha TV paga, aquela que ainda é o grande foco de iniciativas como GloboNews, BandNews e a já mencionada CNN Brasil.
Ao mesmo tempo, nem sempre é fácil que notícias encontrem o seu público no YouTube, e sem espectadores fica mais complicado ter acesso à fonte financeira primária do serviço de vídeos, que são as propagandas do Google Ads. É por isso que canais sem compromisso com a verdade investem em fake news pesadas, atraindo views com mentiras. Já outros ficam em uma zona cinzenta, explorando visões extremistas exageradas apenas para criar polêmica.
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"No final, nossa visão é democrática e plural, e esperamos poder comunicar o diálogo também através do jornalismo. Sinto que o mercado parece jogar um contra os outros, e acreditamos que podemos também no jornalismo entrar para somar", complementa Andre Gaigher.
Seja como for, o Flow News vai continuar buscando formas de agregar nessa encruzilhada que vive o telejornalismo. "O dinamismo do mercado exige que estejamos testando, mas esse é o cenário que mais gostamos de trabalhar, quando temos mais dúvidas do que respostas", compartilha o CEO dos Estúdios Flow.
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"O futuro está sendo construído agora", filosofa Colombo. Só nos resta torcer que esse amanhã seja melhor do que o que veio ontem.
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