Exclusivo

Música clássica, dança e o tiro que seria atingido: a história não revelada do "Fala Brasil"

NaTelinha acompanha bastidores e conversa com Carla Cecato e Roberta Piza


falabrasil-carlacecato-robertapiza-entrevista06042017 (2)_a651446c849cfbd7ce386e1814676e00ef408483.jpeg
Fotos: Divulgação/RecordTV

Era 9h45 da manhã. Último intervalo no "Fala Brasil". Carla Cecato e Roberta Piza brincam com os câmeras, num clima descontraído. Roberta diz que está com um pouco de dor de cabeça, mas tudo segue normal.

Antes de voltar ao ar, as duas saem da bancada e cumprimentam este repórter, que acompanha os bastidores com exclusividade para o NaTelinha. Voltam e chamam notícias mais amenas, até por ser o último momento. Depois, como já estava marcado, poses. Poses e mais poses. Uma nova série de fotos para o telejornal matinal estava sendo feita.

O "Fala Brasil" está no ar desde 1998, mas com a formação atual, desde 2009. Roberta Piza entrou no jornal há 10 anos, em 2007, no bloco de esportes, e depois foi efetivada a titular dois anos depois.

Carla Cecato está na RecordTV desde 2005. Era do Rio de Janeiro e depois se transferiu para São Paulo, onde fez "Tudo a Ver" e o "Jornal 24 Horas". Chegou no "Fala" em 2009, saiu em 2012 por problemas de saúde e voltou em 2014, onde está desde então.

Hoje, o programa vive boa fase de audiência. Em março, teve média de 9 pontos no Ibope da Grande SP, com lideranças rotineiras.

Após as fotos conjuntas, cada uma passou a posar individualmente. Primeiro Carla, então pude conversar com uma Roberta simpática, mas ao mesmo tempo um pouco tímida, falando sobre o jornal.

Música clássica, dança e o tiro que seria atingido: a história não revelada do \"Fala Brasil\"

"O telespectador quer saber o que está acontecendo naquele momento. É o imediatismo que a gente chama no jornalismo. E o 'Fala Brasil' tem essa característica de mudar o espelho no ar para dar a notícia ao vivo, em qualquer lugar do Brasil", diz.

Piza pensou que sua carreira estava no esporte e no entretenimento, e confessa nunca ter pensado em apresentar um telejornal líder de audiência: "Foi tudo muito por acaso. Na verdade, eu gostava muito de escrever. Eu amo música. Tinha em mente algo voltado para escrita. Eu amo música, achava que iria trabalhar em uma revista cultural".

Foi falando de música que Roberta abriu um largo sorriso. "A música para mim é muito por hobby. Eu toco piano e bateria. Eu amo bastante. Eu gosto tanto de música que ela não é obrigação, não é um trabalho. Eu amo música clássica, tenho uma playlist imensa aqui. Gosto muito de rock e jazz. O meu professor de bateria é jazzista, e ele me fez entrar nesse mundo. Agora eu tenho comprado muitos livros de jazz, estou tocando jazz e lendo jazz. Estou fascinada. E o rock é uma coisa que eu sempre gostei, sempre ouço. Atualmente, estou ouvindo John Scofield e George Duke de jazz. É diferente pra mim", comentou.

Música clássica, dança e o tiro que seria atingido: a história não revelada do \"Fala Brasil\"

Por fim, tentou traçar um futuro para o país, pensando de forma mais séria: "Eu sou muito otimista. Tá muito ruim, tá muito difícil, as pessoas falam isso. Mas pra mim foi ótimo porque a impunidade tá acabando. Acho que daqui para frente vai melhorar. A economia de todos os países passam, de tempos em tempos, por oscilações. Mas acho que as máscaras estão caindo, e eu tenho certeza que as coisas vão melhorar daqui pra frente".

Carla Cecato e a história no Rio de Janeiro

Carla Cecato tinha acabado de voltar de férias. Em conversa com a reportagem, contou uma história que aconteceu durante viagem no Nordeste: "As pessoas assistem muito o 'Fala Brasil' no Nordeste. Minha família e eu ficamos 18 dias no Nordeste, alugamos um carro e passamos por sete cidades. Teve uma pousada que fiquei, na Praia do Carneiro, em Pernambuco, no meio do nada. Eu pensei 'nossa, aqui ninguém vai me reconhecer'. Foi eu pisar que as pessoas falaram 'nossa, vejo muito o jornal!' (risos)".

Carla diz que o ponto forte do jornal é ele ser desenvolvido no ar: "Os nossos editores-chefes primam pela notícia na hora que ela acontece. Então a gente já sabe que pode ser um jornal que deve ser mudado no ar. E ser uma jornalista, e gostar tanto de notícia como eu, para mim fica melhor".

Cecato lamenta um momento difícil que precisou noticiar: a confirmação da morte do goleiro Danilo na tragédia do voo da Chapecoense, em novembro do ano passado. "Nós fomos os primeiros a bancar. A gente checa a informação no ar, e dá no ar se for o caso. O caso do Danilo me chamou a atenção. É muito difícil, porque eu fiquei imaginando que a mãe do Danilo poderia estar me vendo. Eu pedi para checar várias vezes, mas eles me confirmaram que ele realmente tinha falecido. Mas para mim como pessoa, minha missão é dar a notícia da melhor forma possível".

Música clássica, dança e o tiro que seria atingido: a história não revelada do \"Fala Brasil\"

A jornalista tem hobbies e revela que gosta de dançar, mas está fora de forma: "Gosto de cuidar do meu filho. Gosto de dançar. Eu tô há 10 anos tentando voltar a dançar, e não consigo. (risos) E eu sou cristã, evangélica. Gosto de estudar. E ontem eu me formei em Teologia no Mackenzie, uma pós-graduação. Gosto muito de estudar sobre".

Durante a conversa, Carla comentou que tinha um sonho de ser atriz: "Eu fiz CAL e fiz Casa de Cultura Laura Alvim. Eu fiz algumas pontas, umas figurações, mas nunca tive sucesso. Pensei 'acho que Deus não quer que eu seja atriz', e caí de cabeça no jornalismo. Minha mãe não deixou eu ser atriz. Era alguma coisa e atriz. Ela me inscreveu no vestibular de jornalismo, e passei em sétimo lugar, e ganhei uma bolsa. Então eu fazia teatro e fazia faculdade. Fiz muita figuração, e fiz duas pegadinhas no Faustão. Queria até que me chamassem mais porque pagavam 500 reais e eu passava o mês inteiro (risos). Mas hoje acho que fiz bem em não ser atriz, não teria coragem de fazer algumas cenas".

Por fim, Carla Cecato conta uma história diferente. Em 2005, quando era repórter da Band, ela viu um homem morrer ao seu lado. Pediu demissão, e foi aí que acabou chegando na Record. O problema é quem ficou no seu lugar: Nadja Haddad, hoje apresentadora, que foi atingida por uma bala na mesma localidade em que Carla viu a morte que te marcou.

Era para ser minha aquela bala. Eu fiquei muito mal, muito mal mesmo

Carla Cecato sobre tiro em Nadja Haddad

"Nessa época, no Rio de Janeiro, tinha tiroteio dia sim e dia não. Ia apenas o meu cinegrafista e eu, sozinhos. E uma vez fomos para a comunidade da Rocinha, e ele disse que era para eu fechar o carro, pegar a chave, que ele ia entrar na favela para pegar imagem. Eu fechando o carro, começa um tiroteio de cima para baixo, de uma maternidade que tinha na Rocinha. O pessoal estava atirando na gente que estava embaixo, e muitos jornalistas ficaram embaixo de uma pilastra. O concreto batia na minha cara. E quando eu estava indo para um outro carro de uma equipe de reportagem, que iria me ajudar, um rapaz tomou um tiro do meu lado. E caiu no chão. E o repórter da Globo que estava do meu lado, fez umas imagens e ele ganhou o Prêmio Embratel. E naquele dia, eu cheguei na redação e falei 'não dá mais'. Eu ia de colete de revólver 38 e eles atiravam de fuzil. Eu saí, a Nadja entrou no meu lugar e 20 dias depois, ela tomou um tiro no peito", conta ela, lembrando com temor do acontecido.

"Lembro que me ligaram depois do que houve, e eu fiquei arrasada. Parece que eu tinha tomado um tiro. E era para ser minha aquela bala. Eu fiquei muito mal, muito mal mesmo", finalizou.

A entrevista termina. Roberta Piza e Carla Cecato brincam uma com a outra. As duas usam o mesmo termo para definir a sua relação: "Aqui é um casamento, com altos e baixos, com todos os problemas. Mas é um casamento forte e duradouro".

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado