Liminha revela proposta de Faustão e lembra esporros de Silvio Santos: "várias broncas"
Diretor de palco relembra carreira e conta passagens com o patrão nos bastidores
Publicado em 31/03/2017 às 00:01
Você conhece Ailton Sampaio Lima? Por esse nome, realmente fica difícil. Mas esse é o nome de batismo do diretor de palco mais famoso do Brasil, o Liminha, atualmente no "Programa Silvio Santos". Casado com a dentista Fernanda Fiuza há seis anos, ele esbanja declarações à amada nas redes sociais.
No SBT desde 1981, Liminha tmabém tem feito eventos, palestras pelo Brasil inteiro, e em entrevista exclusiva ao NaTelinha, fala sobre sua carreira, broncas do patrão, projetos e até um livro que está para lançar em 2018. "Comecei como porteiro. Trabalhava das 22h às 6h", relembra ele.
Além disso, Liminha revela também que recebeu uma proposta do apresentador Faustão em 2001: "Mas eu topei continuar no SBT", diz, sem fazer cerimônia quando perguntado com quais apresentadores trabalharia, como Rodrigo Faro: "Pode se tornar do nível de Silvio Santos".
Como todo subordinado, alguns "esporros" são inevitáveis. E ele não esconde que já levou alguns de Silvio Santos. Liminha ainda avalia que o dono do SBT não tem noção do que representa para o público: "Ele acha tudo natural".
Confira a entrevista na íntegra, realizada por telefone no último dia 20:
NaTelinha - Como foi a primeira gravação do Silvio em 2017? Quais foram os comentários entre vocês? Como ele recebeu o novo visual?
Liminha - Gravamos o programa no sábado e já foi para o ar domingo. Ele tá super feliz, muito bem, disposto, e com vontade. Tá feliz de voltar de férias, cumprimentando todo mundo super contente. Torcendo para que dê tudo certo e cheio de expectativas.
NaTelinha - Voltou motivado?
Liminha - Muito motivado. Até arrebentando!
Liminha com a esposa, a dentista Fernanda Fiuza
NaTelinha - Você é funcionário do SBT há mais de 35 anos. Como surgiu essa oportunidade de ingressar no SBT? Como você começou aí dentro?
Liminha - Comecei em 1981 como porteiro, era um cargo que tinha. Trabalhava das 22h às 6h, e antigamente, tinham muitos programas que eram gravados até 3, 4 horas da manhã, tinha que montar cenário, desmontar cenário, gravações que aconteciam no outro dia. Durante esse intervalo, quando dava umas 3h, que acabava tudo, como o "Moacir Franco Show", e quando acabava de montar e desmontar, ficava ajudando o pessoal. A maquinária, o contraregra, e quando terminava às 3h, eu dormia. Não tinha mais nada, fechava tudo, só saía às 6h. Não tinha o que fazer, eu dormia. Acordava 6h, 6h30, batia meu cartão, e gravávamos os outros programas como o "Domingo no Parque", "Programa Raul Gil" e outras atrações da casa da época.
Eu ficava ajudando a produção, não ia embora. Eu fiz vídeoman, caboman, operava câmera pra montar, não era igual hoje, colocava em carreta que tinha no fundo da Ataliba Leonel, e ajudava todo mundo ali. Nessa de ajudar todo mundo, o Gugu era diretor do "Domingo no Parque", e pedia para que eu ajudasse ele, levasse criança pra maquiar, essas coisas. E nessa de ajudar ele, peguei amizade, e esse cargo que eu tava, ia acabar, ia ser mandado embora. Ele perguntou se eu não queria ir para a produção dele. E o Gugu arrumou para eu trabalhar na produção musical do SBT, fui trabalhar como auxiliar musical.
NaTelinha - Então foi o Gugu que te puxou para trabalhar no SBT?
Liminha - Foi, foi. Me apresentou para o Humberto Garim que era diretor musical do SBT. Eu cuidava das orquestras, e programas que tinham muitas orquestras, como o "Almoço das Estrelas", o Flávio Cavalcanti, J. Silvestre... Comecei a trabalhar com esses apresentadores através das orquestras. Levava cafezinho pra eles e fui aprendendo mais ainda, vendo tudo que acontecia.
Até que o Gugu, que dirigia o "Domingo no Parque", faltou alguém da produção e ele me chamou. Cheguei lá, o Silvio Santos estava no palco e ele me apresentou. Foi ali que despontei e não parei mais.
NaTelinha - Você tem noção é que diretor de palco do Silvio Santos? Às vezes você se pergunta isso? Como você se sente?
Liminha - Olha, a ficha não caiu assim... São tantos anos, então a gente não tem essa dimensão. É muito além do que a gente imagina. O Silvio é um cara muito legal, bacana, fenomenal.
NaTelinha - Você tem noção do que ele representa?
Liminha - Ele também não tem noção. Engraçado isso, né? Ele acha tudo natural, por ser um cara muito humilde, bacana. A grande virtude dele, tudo que ele é como empresário, profissional, é a hummildade. Ele não tem noção do quanto é querido, do quanto é um cara que para o país. A gente que trabalha ao lado dele, deixa um pouco de lado esse "idolatrismo", porque pra trabalhar com ele tem que ser profissional. Deixa um pouco de lado com o tempo, com os anos.
A primeira frase quando eu trabalhei com ele, que foi nesse dia que o Gugu me apresentou pra ele pra fazer o "Domingo no Parque", eu errei... E ele disse que pra trabalhar pra ele, precisa prestar atenção, eu disse: "ah, seu Silvio, pra trabalhar do seu lado, a emoção...". E ele disse: "aqui é um trabalho qualquer". Ele quer ser profissional. Fui pegando com o tempo. Você vai deixando um pouco de lado.
Silvio Santos é muito paizão nos bastidores.
Liminha
NaTelinha - Como é o Silvio nos bastidores?
Liminha - Muito paizão, sempre se preocupa com o seu lado pessoal, se a sua família tá bem, a sua esposa. Tem que estar bem com sua mulher, filhos, porque aí você vai render pra ele. Se você vai com problema, não dá o resultado que ele espera. É um cara que cuida muito bem das pessoas que estão ao lado dele e fazem parte do dia a dia dele. Atencioso.
NaTelinha - Você já recebeu proposta para ter um programa só seu no SBT ou em outro canal? Aliás, você já recebeu proposta para outra emissora?
Liminha - Olha, eu recebi, viu? Recebi proposta para sair da emissora sim, para trabalhar na Globo, com o Faustão. Foi em 2001, 2002, por aí. Através de um cara que trabalhava direto com ele, e o Fausto falou: "pô, quero esse cara para trabalhar do meu lado, vê se ele não quer vir pra cá". Mas eu topei continuar no SBT. E tem sim, o Silvio me prometeu um programa futuramente para que eu apresentasse. Ele prometeu, sei que tô do lado dele...
NaTelinha - Faz pouco tempo?
Liminha - Ele me prometeu, ele sempre promete. Sempre fala: "Liminha, no dia que achar um programa que se encaixe no seu personagem, te dou a oportunidade". Então, tranquilo.
NaTelinha - O que você achou da ida do Gugu para a RecordTV em 2009?
Liminha - O Gugu além de ser um grande apresentador, é um grande amigo meu. Amigo pessoal mesmo, tudo que eu sou assim, quem me puxou realmente foi o Gugu. O Silvio Santos veio e completou tudo isso aí. O Gugu me chamou, me convidou e me ofereceu um dinheiro muito bom. Muito bom mesmo. E pelo tempo que estou no SBT, que tenho grandes amigos, diretores, que viram nascer lá dentro, optei ficar. Ele me chamou por três vezes nesses oito anos. Eu disse não a ele e ele entendeu minha posição e um dia falou: "você tem razão. O Silvio precisa do seu lado profissional lá dentro e é legal você ficar". A gente sempre se fala, e um dia ele pode voltar para o SBT.
NaTelinha - Você acha que pode mesmo?
Liminha - Pode, claro. Posso voltar a trabalhar com ele, e ele pode me receber com muito carinho.
NaTelinha - Pelo jeito, não pensa em sair do SBT, hein?
Liminha - Com certeza! O SBT é uma casa que ampara seus funcionários, uma casa que cuida, é uma família. Você vê o jeito que as pessoas, os funcionários, trabalhamos totalmente diferente. É uma casa que trata você como um filho, tendo um pai como o Silvio Santos. A gente nem pensa em sair.
NaTelinha - Há algum apresentador, sem ser do SBT, que você admire e trabalharia ao lado?
Liminha - Eu trabalharia com o Rodrigo Faro, que é um amigo, que conheço desde a época do Dominó, temos uma amizade. É um cara que tem muito a ver com a linha de shows do entretenimento e pode se tornar um apresentador do nível do Silvio Santos. Trabalharia com o Luciano Huck, um cara que foi crescendo e tá num nível bom. Já trabalhei com a Angélica que é uma apresentadora bacana, daria pra bater uma bola legal. O Geraldo Luís que é outro cara bacana e faz uma linha popular...
NaTelinha - Já trabalhou com a Angélica no SBT?
Liminha - Sim, na época do "Passa ou Repassa" (1996).
NaTelinha - Qual a situação mais engraçada que você já passou com o Silvio Santos?
Liminha - Essas coisas assim são difíceis porque estou lançando um livro. Então, essas particularidades que aconteceram, vou detalhar no meu livro. Tem várias situações que vão acontecendo no dia a dia. São várias.
NaTelinha - Qual será o nome do livro?
Liminha - Tem uns nomes... "Liminha e suas Colegas de Trabalho", mas a editora tá vendo direitinho.
NaTelinha - O projeto é para o ano que vem?
Liminha - O projeto é para o ano que vem sim. O Boni vendeu 12 mil, ele sabe tudo da televisão, tô até com medo.
NaTelinha - Você já tomou esporro do Silvio Santos? Como que é uma dura dele?
Liminha - Já, claro que já. E tá arriscado a tomar bronca do Silvio a qualquer momento. Às vezes, nem fala, só de olhar... Parece um pai. Várias broncas, várias broncas. Até brinco. Quando fui ao Museu da Imagem e do Som, fui brincando que já tomei esporro em todos aqueles cenários.
NaTelinha - Tem algum que você possa relatar?
Liminha - Teve uma vez que estavámos num programa chamado "Arrisca Tudo", aí eu tava com o monitor e uma mesa de dados, e o diretor era o Renatinho, que o Silvio já tinha dado uma bronca nele no camarim. O Silvio estava conversando com a plateia, o monitor estava ligado e comecei a mexer no dado. O Renato dizia: "pelo amor de Deus, não é esse dado! Não é esse dado". E o Silvio falou: "Tá querendo aparecer? Você é aparecido? Gosta de aparecer?", começou a me dar bronca. E falou: "você quer apresentar o programa?" e pegou microfone dele e disse: "então fica no meu lugar". Faz uns 20 anos.
Fiquei quietinho, e ele mandou me chamar. E disse: "Se você me deixar nervoso de novo, te mando embora". Não pode entregar o amigo, eu fiquei quieto. No "Qual é a Música?" eu era novato lá, tinha Banana Split, Nahim, e do lado do palco, começou a apontar pra mim, e eu tô quieto. Pensei se ele queria alguma coisa. Depois, ele disse: "Não dá pra trabalhar mais com você. Você não tá me dando retaguarda".
Quando ele apresentava aquelas cartas da época, eu tinha que fazer uma conta no valor que estava acumulado no "Qual é a Música?", no Carnê do Baú lá. Mas eu não sabia. Juro por Deus. Ele disse: "Ninguém te explicou isso?".
Ele pegou os diretores da época, que eram o Luiz Bento e o outro cara que era do Baú, o Pedroso e ia mandar um dos três embora. Ficamos esperando, um olhando na cara do outro. Eu era o mais fraquinho. Ele saiu do camarim, balançando um saquinho de chá, e o Luiz Bento, do "Qual é a Música?", disse: "Tem que mandar eu embora. Ele sabia. Ele é muito bom".
O Silvio disse: "eu não vou te mandar embora dessa vez. Vamos gravar". Foi assim. Não mandou ninguém embora.