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Jovem Pan News não será a Fox News do Brasil e nem voz da direita, garante diretor

Humberto Candil, diretor de redação no Grupo Jovem Pan, concendeu entrevista exclusiva ao NaTelinha


Apresentadores da Jovem Pan News no estúdio  de pé
Jovem Pan News estreou nesta quarta-feira (27) - Foto: Reprodução/Jovem Pan News
Por Sandro Nascimento

Publicado em 27/10/2021 às 12:31,
atualizado em 27/10/2021 às 17:51

Com a estreia da Jovem Pan News nesta quarta-feira (27), o telespectador brasileiro ganha seu quinto canal de notícias 24 horas. Em conversa com o NaTelinha, o diretor de redação do Grupo Jovem Pan, Humberto Candil, explica como foi a montagem do projeto e diz que aposta na opinião como principal diferencial dos seus concorrentes. Candil refuta os comentários que o novo canal será uma Fox News do Brasil e voz da direita.

A Jovem Pan não é, nunca foi e nunca será a Fox News do Brasil. Eu conheço muito bem como trabalha a Fox News e, realmente, a Fox News trabalha de um lado. Se Jovem Pan fosse a Fox News do Brasil, ela só daria espaço para um determinado tipo de pensamento, o que não acontece hoje”, diz o Humberto Candil, 57 anos, que também montou a CNN Brasil e Band News.

“Eu fiz outros canais, como do Agronegócio, Terra Viva, o Rede 21, fiz o Band Sports, participei de outros projetos. Cada canal tem o seu jeito, a sua peculiaridade”, destaca.

Ao NaTelinha, o diretor reforça que o Jovem Pan News não será a voz da direita dentre os canais de notícias disponíveis no país. “Compromisso da Jovem Pan é refletir a diversidade de pensamento deste país. Esse é o nosso compromisso. A Jovem Pan briga pelo Brasil, não briga por partido, ela quer que o Brasil dê certo, que tenha empregos e que a vida de todos os brasileiros melhore”, explica.

Fundado em 1942, o grupo Jovem Pan conta com a rádio Jovem Pan, com quatro emissoras próprias, 110 afiliadas, sendo 85 emissoras em FM e 20 emissoras em AM e mais de 42 canais online, via YouTube; e a nova plataforma de transmissão de streaming, Panflix. 

Confira a entrevista completa:

Jovem Pan News não será a Fox News do Brasil e nem voz da direita, garante diretor

Montagem do canal Jovem Pan News

“Esse é o sétimo canal que eu faço na minha vida, na carreira, e o terceiro de notícias. Eu fiz o Band News TV em 2001, fiz a CNN Brasil e agora a Jovem Pan News. O segredo, se é que tem um segredo, é você ter muito claro... Fazer um canal é mais ou menos o seguinte: é como você fazer um restaurante. Quando você vai fazer um restaurante, você começa pelo cardápio, por incrível que pareça. Com o cardápio do restaurante você chega ao seu público. Então a gente começa pela grade".

"A partir da grade, você tem a exata noção do que você precisa em quanto de investimento, do ponto de vista de recursos humanos, do ponto de material, de equipamento, de infraestrutura, e depende muito de como você pega. Por exemplo, o Band News eu fiz na Band, eu fiz dentro da televisão. A CNN foi do zero, não tinha nada. A Jovem Pan News nasce dentro de uma rádio que já estava televisiva, vamos dizer assim. É mais fácil, do ponto de vista de operação. Eu fiz outros canais, como do Agronegócio, Terra Viva, o Rede 21, fiz o Band Sports, participei de outros projetos. Cada canal tem o seu jeito, a sua peculiaridade”.

Humberto Candil

 Desafio do projeto Jovem Pan News

“Qualquer montagem de canal que você faz ela exige bons profissionais, planejamento e investimento de equipamentos, implementação e tudo mais. Tudo isso você faz com dinheiro e com bons profissionais. A minha preocupação, e acho que não só a minha, mas de qualquer pessoa, que esteja propondo qualquer coisa, não necessariamente um canal de TV, pode ser uma barraca de frutas ou até construir um prédio, é essa situação que o país se encontra. Porque, realmente, a Jovem Pan colocou muito dinheiro. Dinheiro bom, dinheiro verdadeiro. A gente não tem igreja por trás. Nós somos a emissora que realmente vive do mercado publicitário. E ainda somos atendidos com tabela de rádio, apesar de estarmos com uma super audiência, estamos fazendo TV há um bom tempo. Temos que quebrar alguns paradigmas aqui no mercado aqui dentro”.

“A maior preocupação mesmo é você entrar com um projeto desse que tem cara e identidade, evidentemente tem um custo alto, e ver a situação econômica do país. “A gente não consegue nem olhar para dentro de casa”.

Apostas da Jovem Pan News

“A aposta está, na verdade, numa coisa que está  24 horas no canal que é a opinião. O ponto de vista de produtos, todos terão espaço aqui. A gente se apropriou de todos os produtos de muita audiência da Jovem Pan (rádio). Evidentemente, não iria abrir mão disso por dois motivos: porque não somos loucos e porque a audiência nos daria um tiro na testa se a gente fizesse isso. O Jornal da Manhã, segunda edição, ele continuou".

"A única mudança é algo que as pessoas nem vão ver num primeiro momento, que é reforço na edição, na plasticidade, enfim, o corpo continua o mesmo. Ele migra e continua no jornal Jovem Pan, das 6h às 10h. Os Pingos nos Is, que é de longe o programa de maior audiência, também vai para a grade, das 18h às 20h. Não teremos nenhuma mudança neste programa. O 3 e 1 também é um programa que se comporta muito bem no nível de audiência. Ele vai para grade. E o Direto ao Ponto, que é um programa as segundas-feiras, vai para grade e passa a fazer parte".

Jovem Pan News não será a Fox News do Brasil

“A Jovem Pan não é, nunca foi e nunca será a Fox News do Brasil. Eu conheço muito bem como trabalha a Fox News e, realmente, a Fox News trabalha de um lado. Se Jovem Pan fosse a Fox News do Brasil, ela só daria espaço para um determinado tipo de pensamento, o que não acontece hoje. Muitas pessoas nos acusam, mas elas não conhecem a Jovem Pan e não assistem. Assistem só os Pingos nos Is. Ninguém pára para refletir que tem uma parcela da população que despertou para política na última eleição, que passou a ter um pensamento político que antes não tinha e ganhou uma emancipação política. Toda vez que você tem isso, você não se emancipa politicamente se você com quem conversar ou onde beber da fonte".

Humberto Candil

"Se olhar nossa programação hoje você vai ver a diversidade de pensamentos. Eu acho que é muito mais gente que inveja essa audiência que Jovem Pan tem, que precisou uma rádio mostrar com se digitaliza, que as grandes TVs não conseguiram fazer. Então, vem uma rádio, que é histórica, e mostra como se digitaliza e ganha audiência. Não existe nada no nosso meio de comunicação que é a audiência. E isso nós temos de sobra. É inveja. Somos canhão de audiência porque justamente abre seu microfone para essa diversidade e as pessoas percebem e se encanto com isso. Isso não é Fox News, a Fox News não faz isso”.

Jovem Pan News não será a Fox News do Brasil e nem voz da direita, garante diretor

A Jovem Pan será a voz da direita?

“A Jovem Pan é um canal a serviço do Brasil. Não está à disposição nem da esquerda e nem da direita. É uma nova fonte de informação que o país ganha. O compromisso da Jovem Pan é refletir a diversidade de pensamento deste país. Esse é o nosso compromisso. A Jovem Pan briga pelo Brasil, não briga por partido, ela quer que o Brasil dê certo, que tenha empregos e que a vida de todos os brasileiros melhore. Esse é o papel que a gente quer cumprir. Nem de um lado nem do outro, porque esse não é o papel do jornalismo”.

Novas contratações da Jovem Pan News

Estamos negociando com o Alexandre Garcia que tem uma carreira de sucesso. A gente quer muito o Alexandre, porque a gente entende que ele tem opinião, gostem ou não da opinião dele. Todo mundo que você ver com o crachá de comentarista da Jovem Pan é porque tem opinião. O Alexandre vai ser muito bem-vindo. A gente ainda está estudando, o Alexandre tem uma carreira de muito sucesso. Surgiram novos nomes no primeiro mês do canal, mas ainda não consigo adiantar. São novidades, por um motivo ou outro, não conseguimos fechar agora".

Alexandre Garcia e a saída polêmica da CNN Brasil

"Em respeito ao Alexandre (Garcia) e à CNN Brasil eu não vou comentar a decisão da CNN nem a dele. Eu sei as coisas que levam a certo rompimento de contratos, isso já aconteceu na minha vida muitas vezes. De romper um contrato, de voltar. Mas eu não vejo que possa ter um descrédito. Eu vejo de um lado uma grande empresa e do outro um grande profissional. O que aconteceu entre eles, não cabe a Jovem Pan, a Bandeirantes discutir o que aconteceu. O que é importante para a gente é saber que você tem ali uma fonte de informação que eu não vejo demérito nenhum, absolutamente. Se ele chegar, vai ser muito bem-vindo, vai ser abraçado calorosamente".

Humberto Candil

E aqui é essa casa de dar notícia, essa casa que tem compromisso com a verdade. Esse é o compromisso da Jovem Pan, a verdade com o Brasil. As pessoas que usam esse microfone, pegam esse compromisso que tem a Jovem Pan e que tem o canal.   A Jovem Pan não fica fazendo campanha, a gente não fica pedindo dinheiro, a gente não tem igreja por trás da gente. A gente dá notícia, a gente vive do mercado publicitário, honestamente. Dá notícia, mostra os dois lados e de tanto mostrar os dois lados, de tanto mostrar duas opiniões, a Jovem Pan ganha essa audiência que tem. É com isso, é simples assim, não tem mágica. É fazer direito".

Espaço para manifestações contra e a favor de Bolsonaro na Jovem Pan News

"É o mesmo espaço (na TV Jovem Pan), não seria diferente de forma alguma. Porquê Seria um descaso. A gente não trata a manifestação pela manifestação, a gente trata a notícia, a gente trata a informação que chega na manifestação. A gente vai cobrir a manifestação porque tem uma notícia. Um determinado número de pessoas reunidas em prol de um determinado assunto. Então a gente vai, sim, dar o mesmo espaço como a Jovem Pan tem feito já na Rádio, na TV na Panflix, no YouTube, e tudo mais".

"O princípio é o mesmo. O manifesto é o mesmo, seja direita, seja esquerda, é notícia. E fazer uma leitura dessa manifestação, que é uma coisa que eu achei muito nobre. Fizeram uma leitura de uma manifestação tipo 'o presidente arrebanha milhares de pessoas na rua e ficou faltando da esquerda o contrário, pouca gente, tal'. E deram muito crédito ao número, ao volume e eu percebi pouco discernimento em relação ao compasso político, do significado disso politicamente. Não se debateu isso, ficou muito em cima de uma demonstração de força e política não é só isso".

Humberto Candil

"Essa terceira via aí a gente demorou demais pra falar dela. Tratamento vai ser igual para todos, mas a nossa pegada não é ficar 'olha só, pouca gente', não é isso, é tentar entender os sinais que aparecem na política e que não estão sendo traduzidos para o público. É isso que Jovem Pan quer. Seja de direita, de esquerda, de centro. Política é política".

Simpatia de bolsonaristas pela Jovem Pan

"Houve uma mudança de jeito de ver televisão, de ver jornal com o advento das mídias sociais. Isso tem muito a ver com a situação das mídias que vieram nas nossas vidas, no nosso tempo. A gente dedica muito mais tempo às mídias sociais que aos meios de comunicação como eram nos anos 80, nos anos 90. Acho que o público começou a se identificar com a diversidade de opiniões. Por ter sido uma maioria bolsonarista eu não vejo que é por mostrar o presidente. Eu entendo que é por ter visto o confronto de ideias e ter tomado a sua opinião. Então qualquer veículo de comunicação teria sido eleito porque hoje os meios de comunicação são eleitos por quem quer te assistir. Não é mais assim, eu vou lá e pego, não, você é eleito por quem quer te assistir, mudou o jeito. Não é mais como era antes, aquela coisa magnetizadora que era os canais de televisão dos anos 80, dos anos 90, acabou isso".

A mídia social faz o papel e está todo mundo meio travestido de jornalista, mandando WhatsApp pra tudo que é canto, e criticando jornalista. Olha como pulverizou e como a comunicação está sendo maltratada porque a comunicação não é mais aquela que a gente aprendeu saindo da faculdade que a gente copiou da física: Emissor, conteúdo e receptor. Não, hoje ela é cíclica, ela dá volta, ela é um arco, ela vai e sobe, você recebe e repassa, reformula, reedita, mudou completamente, é completamente diferente.

Humberto Candil

"E o que aconteceu nisso? Os meios de comunicação começaram a ser escolhidos. Eu acho, eu não sou dono da verdade e nada, mas eu acho que o resultado dessa audiência que a Jovem Pan tem é: 1 - quase 80 anos fazendo jornalismo, há muito tempo ela tá presente na vida das pessoas e é um meio de comunicação muito bem quisto porque ele segue pelo DNA da prestação de serviço, da verdade. Acho que esse é o primeiro ponto. As pessoas esquecem porque tudo virou polarização política, então não se deu nem o trabalho de pensar, já tem uma resposta no córtex cerebral. E o outro, o fruto dessa audiência é o compromisso que a Jovem Pan tem com a sua audiência, e esse compromisso é mostrar os dois lados que estava faltando".

Tecnologia

"Eu acho maravilhoso, eu sou do tempo da TV milionária. Do caminhão de transmissão. Agora a tecnologia vem te ajudar a resolver o negócio, fazer a conta fechar, te dar agilidade. Mas ela não vem te ensinar a fazer jornalismo, ela não vem te ensinar a olhar pro lugar certo. Ela simplesmente te dá a oportunidade de ser mais rápido, de ser mais barato. Você dá um equipamento para o profissional que não vai quebrar a empresa. Isso é perfeito, todo mundo vai partir pra isso. Essas mudanças tecnológicas não são opções do meio de comunicação, isso é uma opção da indústria. Não adianta você querer bater o pé 'eu não quero, na minha TV não', não é uma opção, não é uma decisão do broadcast, é uma decisão da indústria".

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