Entrevista exclusiva

Juliana Baroni rebate comentário de Marlene Mattos e cita "excessos" com paquitas

Longe da TV há 7 anos, atriz fala de início com Xuxa, bastidores de novela na Globo e projetos atuais


Juliana Baroni
Juliana Baroni foi paquita entre 1990 e 1995. "Minha biografia não se resume a isso, apesar de ser uma uma parte importante", diz - Foto: Reprodução/Globo/Instagram
Por Walter Felix

Publicado em 10/08/2023 às 04:30,
atualizado em 10/08/2023 às 11:39

Juliana Baroni tem acompanhado as polêmicas de Xuxa, O Documentário, que estão diretamente ligadas ao seu início de carreira. A atriz, produtora e roteirista de 45 anos começou sua trajetória como a paquita Catuxa Jujuba em 1990, aos 11 anos de idade. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, ela rebate o comentário feito pela ex-diretora Marlene Mattos, que disse à produção do Globoplay: “Elas vivem até hoje de ser paquitas. Se elas não fossem paquitas, ninguém nem saberia que elas existiam”.

“Tenho muito orgulho de ter sido paquita. Ter sido escolhida mudou a minha vida, e até hoje eu recebo muito carinho por conta disso. Mas a minha biografia não se resume a isso, apesar de ser uma uma parte importante dela”, afirma Juliana Baroni, que deixou o posto em 1995.

A atriz acrescenta: “A Marlene respondeu ali [no documentário] de uma maneira muito reativa, que era uma característica muito forte dela. Mas o que ela disse não se aplica a mim nem a várias outras que viveram o ápice de suas vidas e de suas carreiras depois desse período como paquitas”.

Ela cita as atrizes Letícia Spiller e Bianca Rinaldi, a diretora Ana Paula Guimarães e ainda Priscilla Couto, que virou advogada. “Também tenho uma carreira sólida. Sempre trabalhei muito e vou continuar trabalhando. Minha meta é ser uma Laura Cardoso, que tem 96 anos e trabalha até hoje.”

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Foi a própria Marlene Mattos quem escolheu Juliana Baroni para ser paquita em 1990. “A palavra final era dela em tudo. Todas nós tínhamos uma relação com a Marlene de muita obediência. Era ela quem fazia tudo aquilo acontecer. Ela ensinava tudo sobre disciplina e sobre como a TV funcionava.”

Juliana não fica alheia às polêmicas do documentário, especialmente em relação ao comportamento da ex-diretora, apontado como abusivo pela própria Xuxa. “É totalmente natural [a repercussão]. Mesmo quem viveu aquela história hoje tem uma leitura diferente das coisas.”

Ela recorda: “Cheguei no Rio aos 11 anos, vindo de Limeira [cidade do interior de São Paulo], e vi uma engrenagem já estabelecida. Ou eu me adaptava àquela engrenagem ou havia milhares de outras meninas que queriam estar ali ocupando aquele lugar. Então, eu não tinha muito senso crítico”.

“Algumas coisas eram permitidas e hoje não seriam nem pela empresa [a Globo], nem pela sociedade, nem pelos nossos pais. Naquela época, a gente achava que era daquele jeito mesmo que as coisas funcionavam, e funcionavam muito bem. Mas é claro que tinham alguns excessos, sim, tanto no tratamento com a gente como com a Xuxa.”

Juliana Baroni

Juliana concorreu com 1.200 meninas e, por cinco anos, teve suas primeiras experiências como atriz, cantora e dançarina nos projetos com a Rainha dos Baixinhos. “Se você perguntar para qualquer ex-paquita, vai ouvir que aquela foi a melhor escola que a gente poderia ter.”

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Recentemente, Juliana Baroni estava em viagem com a família na Califórnia quando encontrou Wagner Moura. Foi ele quem lhe contou que A Lua me Disse (2005), novela em que os dois atuaram, seria resgatada pelo Globoplay. Na trama, a atriz deu vida à arrivista Soraya.

“A Soraya era uma personagem muito controversa, bem interesseira, meio piriguete e deliciosa de fazer. No começo da novela, ela tinha uma falha de caráter, tinha sido criada pela mãe para dar um golpe do baú e se dar bem na vida. Só lá pelas tantas é que ela começa a se apaixonar mesmo pelo milionário.”

Juliana Baroni

“Quando cheguei no Brasil, a primeira coisa que eu fiz foi assistir a alguns capítulos. Os bastidores eram sempre uma festa. Foi uma novela muito engraçada e bem escrita, carregada nas tintas, meio Almodóvar”, relembra. Curiosamente, uma das assistentes de direção, Roberta Richard, também começou com Xuxa: era uma das Irmãs Metralhas.

A certa altura da novela, Soraya é desmascarada e abandonada vestida de noiva por Pedro (Rafael Paiva) quando estavam a caminho da lua de mel. “Passei duas noites correndo numa estrada deserta perto do Projac fazendo essa cena. Até hoje, me emociono assistindo, porque foi um divisor de águas para mim. Recebi muitos elogios na época por conta dela.”

As lembranças também envolvem uma saudade: a de Aracy Balabanian (1940-2023), que morreu na última segunda-feira (7). “Lembro dela, sempre muito querida, rodeada de jovens atores, contando histórias do teatro e dos trabalhos que fez na TV. Sempre com muito humor, com aquela gargalhada gostosa, e com muita generosidade com quem estava começando.”

 

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A atriz está longe das novelas desde que fez Cúmplices de um Resgate (2016), no SBT. Depois, ela foi protagonista e produtora de um espetáculo musical infantil, que ficou em cartaz entre 2017 e 2018. Nos anos seguintes, passou a se dedicar à filha, Maria Eduarda, hoje com 9 anos de idade. Também estudou interpretação e se tornou roteirista profissional.

Nesse tempo, assinou o roteiro de websérie independente Já Deu Certo, que conta com duas temporadas no YouTube. Também desenvolveu uma peça de teatro sobre o luto, baseada na morte do pai, em 2020, e um longa-metragem sobre relacionamentos, ainda não produzidos.

Juliana está no elenco do filme Avassaladoras 2 e da série Americana, que vão estrear futuramente no Star+. “Tive que aprender a falar o inglês americano com sotaque do Alabama e de época, porque a série se passa em 1876. Foi um desafio gigante, passei três meses estudando. É uma personagem muito densa, com uma história de vida pesada.”

Os trabalhos também incluem a curadoria de um auditório vinculado ao canal ICL Notícias, mantido pelo marido, o empresário Eduardo Moreira. “As pessoas estavam mais acostumadas a me ver em novelas, porque eu fazia uma atrás da outra. Mas sete anos se passaram e eu fiz muitas outras coisas”, avalia.

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