Pastor que "orou" pela morte de Paulo Gustavo é condenado pela Justiça
O religioso foi condenado pelo crime de racismo após fala homófobica
Publicado em 27/04/2022 às 21:35,
atualizado em 27/04/2022 às 22:12
O pastor José Olímpio, da Igreja Assembleia de Deus, que orou pela morte do ator Paulo Gustavo, quando ele ainda estava vivo, foi condenado pela Justiça de Alagoas pelo crime de racismo. Nesta época, o humorista estava internado em estado grave após complicações causadas pela Covid-19. No entanto, o pastor vai poder recorrer em liberdade.
Conforme decisão do juiz Ygor Vieira de Figueirêdo, o comentário feito pelo pastor ocorreu devido à orientação sexual do artista. Durante o processo, o religioso tentou se defender que não era essa a intenção. "No caso em apreço, diante das evidências existentes nos autos, da foto escolhida para a postagem e do reconhecimento nacional do qual gozava o ator, inclusive por seu engajamento na pauta da comunidade LGBQTIA+, o tom discriminatório é cristalino, motivo pelo qual resta demonstrada que a conduta preconceituosa foi feita em virtude da orientação sexual do senhor Paulo Gustavo", diz parte da decisão.
Vale lembrar que desde 2019 a Justiça brasileira trata homofobia como crime de racismo. O pastor irá cumprir pena de 2 anos e 9 meses de prisão, que será realizada, inicialmente, em regime aberto, com a prestação de serviços à comunidade. Paulo Gustavo morreu no dia 4 de maio do ano passado.
Após repercussão negativa, pastor apagou comentário homófobico contra Paulo Gustavo
No ano passado, o pastor publicou em seu Instagram a mensagem: "Esse é o ator Paulo Gustavo que alguns estão pedindo oração e reza? E você vai orar ou rezar? Eu oro para que o dono dele o leve para junto de si". Após repercussão negativa, ele apagou a postagem, que já tinha viralizado. Posteriormente, ele tentou se desculpar por meio de nota.
O pastor foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MP-AL) pelo “crime tipificado no art. 20 da Lei 7.716/1989 praticar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional- racismo".
No processo, a defesa do religioso disse que foi um “mal entendido”. "Ao dizer que ora para que 'o dono dele o leve para junto de si', o Sr. José Olímpio fez referência ao que difunde diuturnamente em suas pregações. Qual seja, que para um indivíduo ser salvo, deve buscar estar ao lado do 'Pai' (Deus), seguindo todos os dogmas e o texto Bíblico. O desejo do Sr. José Olímpio era o de trazer o ator Paulo Gustavo para a Igreja, jamais que ele morresse em decorrência da Covid-19", afirmou.
Porém, para o magistrado, a intenção da postagem é clara. "Primeiro porque se o réu queria que uma entidade sobrenatural levasse Paulo Gustavo para junto dele era porque, evidentemente, ele desejava sua morte. Segundo, porque, conforme a crença que o réu manifestou ter em audiência, ele entende que Deus é o dono de todos os seres humanos, razão pela qual, caso ele quisesse se referir que o ator deveria ficar na companhia do mesmo Deus na qual o acusado acredita, ele teria escrito 'para que o nosso Dono o leve' e não para que 'o dono dele o leve', expressão que traz a clara distinção de que, sem dúvida, o réu destacou que o Ser que pertence o ator era diferente do Deus a que ele pertencia", concluiu Figueirêdo.
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