Douglas Souza detalha homofobia que sofreu na Holanda: "Situação constrangedora"
Atleta e o namorado foram discriminados na Europa
Publicado em 08/09/2021 às 17:07,
atualizado em 08/09/2021 às 17:26
O jogador de vôlei Douglas Souza usou as redes sociais nesta quarta-feira (8) e aprofundou um pouco mais sobre o caso de homofobia que sofreu ao lado do namorado, Gabriel. O caso ocorreu em um aeroporto de Amsterdã, capital da Holanda, quando o atleta estava se preparando para viajar para a Itália, país onde mora atualmente.
“Não vou entrar em muitos detalhes porque não quero carregar essa energia, mas vou contar mais ou menos. Basicamente a gente estava eu e meu namorado, a gente pegou um voo de São Paulo para Amsterdã e lá tivemos que passa pelo controle de passaporte para ir para Roma”, iniciou.
“Até então estava tudo tranquilo, na hora que a gente foi passar no controle, o cara estava super de boa, perguntou para mim o que eu ia fazer na Itália, expliquei que eu era jogador de vôlei, que tinha sido contratado por tal time. Aí ele perguntou quem era o Gabriel e eu expliquei. Quando falei que era meu namorado a fisionomia dele mudou na hora e o tratamento também”, acrescentou.
Douglas contou para o homem que tinha união estável com Gabriel e mostrou o documento, explicando que o namorado iria acompanhá-lo e trabalhar na Itália. “Ele chamou um cara no telefone e disse que ele ia cuidar da gente. Levaram a gente para um outro lugar do lado da fila, onde tinha umas 20 pessoas, largaram a gente ali por umas cinco horas sem nenhum tipo de explicação”, relatou.
E prosseguiu: “Chegava para ele para perguntar o que aconteceu, se a gente podia ajudar, passar o telefone do meu clube porque já tinha acontecido isso com outra pessoa conhecida. Ligaram para o clube e aí deu tudo certo, liberaram. Eu achei muito estranho. Depois de umas cinco, seis horas me chamaram em uma salinha e fizeram uma entrevista para perguntar o que eu ia fazer lá, até então achei normal, tranquilo. Mas aí bateram de novo na tecla de quem era o Gabriel e eu tentava explicar que era meu namorado e eles tinham muita dificuldade de entender. A gente tinha o documento da união estável... Não queriam de jeito nenhum deixar o Gabriel passar”, desabafou.
Douglas questionou se poderia ligar para o seu clube e percebeu que o tratamento era preconceituoso quando foi levado para um canto, reparando que só tinham no espaço pessoas negras e latinas. “Uma das pessoas ali com a gente se revoltou muito com a situação porque uma moça passou na frente dele, ficou uns 15 minutos, uma loirinha de olho azul, começou a gritar por que estavam atendendo ela, se era porque ela é branca. Eu já tinha pensado nisso, mas achei que era coisa da minha cabeça”, declarou.
“A gente ficou literalmente o dia inteiro lá esperando. Quando deu 23h, que o aeroporto já estava fechado, não tinha mais voo para Roma aí liberaram a gente e mais esse moço que estava revoltado. A gente teve que dormir no aeroporto porque já tínhamos passado pela imigração, não tinha nem como ir para um hotel. Ficamos largados no chão até 7h da manhã que era o próximo voo para Roma”, comentou.
E continuou: “Então foi o que eu senti. Foi uma situação muito estranha, muito difícil porque a gente se sente fragilizado nessa situação porque não pode fazer nada. Era contra a polícia, então se a gente falasse alguma coisa, se exaltasse poderia ter dado problema pra gente. Se eu não tivesse vindo a trabalho, se fosse turismo, com certeza nem estaria aqui, teria voltado para casa”.
“Até tentei pedir meu passaporte de volta, mas não quiseram devolver ali na hora. Passei 15h no aeroporto que era para ser 3 horas no máximo. Infelizmente foi o que aconteceu, eu não achei normal essa situação. É uma coisa que acontece em todas as partes do mundo... Eu vivi aquilo, eu sei o que vivi, sei o olhar, o jeito que trataram eu e meu namorado na frente de todo mundo e foi uma situação muito constrangedora”, concluiu.
Douglas Souza é vítima de homofobia
Na terça (7), Douglas Souza, jogador da seleção brasileira de vôlei, usou as redes sociais para relatar caso de homofobia do qual foi vítima (veja vídeo abaixo). "Hoje é um dos piores dias da minha vida. Foi horrível. Está sendo horrível. Eu só não vou contar realmente o que aconteceu hoje porque eu tenho medo deles tirarem a minha passagem e me deportarem", afirmou.
"Puro preconceito, homofobia, vocês não tem noção. Eu vou sim explanar isso, porque eu não mereço, ninguém merece isso", finalizou o atleta, prometendo contar tudo quando desembarcar em seu destino final. Promessa que cumpriu.
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