Padre Patrick superou depressão e se assustou ao viralizar e superar três milhões de seguidores
Religoso responde perguntas tabus de forma divertida, zoa sogras, crossfit e casamento e diz que tem dificuldades em lidar com as críticas
Publicado em 03/09/2021 às 06:24,
atualizado em 03/09/2021 às 10:43
Se você ainda não o segue, provavelmente já esbarrou com algum vídeo do padre Patrick Fermandes sendo compartilhado por aí! Em poucos meses, o religioso de 34 anos, pároco da igreja de São Sebastião, na cidade de Parauapebas, no Pará, se espantou ao viralizar no Instagram e ver seu número de seguidores saltar de 50 mil para três milhões. Isso sem contar os 1,4 milhões conquistados no Tiktok.
"Tinha colocado como meta que até o final do ano, eu queria chegar a 100 mil seguidores. Isso era uma meta otimista e, antes de chegar dezembro, a gente já passou de três milhões, me assustou muito a repercussão. Tenho muita dificuldade de lidar com as críticas e quanto mais você se expõe na internet, mas isso vai acontecer. Tenho trabalhado até o meu emocional em relação a isso", conta.
Ao mesmo tempo que a exposição abriu muitas possibilidades, inclusive para a evangelização, ela traz também um aumento de críticas e comentários de haters. "Esses discursos de ódio, isso nos fere e talvez seja nestes momentos que a gente tome mais consciência da expansão da coisa, o que não deveria. A gente deveria dar mais importância para o alcance positivo, do que esse aí para algumas pessoas", avalia.
Até o momento, padre Patrick diz que não recebeu nenhuma chamada dos seus superiores da igreja por conta das postagens cômicas na internet. Ele se popularizou ao responder a caixinha de perguntas do Instagram sobre temas variados. "Tenho um bispo que é muito pai, amigo e ele me conhece. Os vídeos não definem quem eu sou. Pela minha saúde mental, não costumo ler comentários e ir atrás das críticas, mas inevitavelmente chega. Mas nunca sofri nenhuma punição da igreja, até porque não tenho feito nada de errado. A minha prioridade sempre vai ser o meu ministério. Estou numa paróquia muito grande, na Amazônia, no interior do Pará, que me exige muito. O Instagram é o que me sobra de tempo, não é a minha prioridade", esclarece.
Quem o vê tão bem humorado nas redes sociais não imagina, mas padre Patrick passou por um sufoco há dois anos. Uma depressão severa quase o derrubou e o tirou da frente da paróquia São Sebastião por um período. "No final de 2019 passei por um período muito doloroso de depressão, me vi no fundo do poço. Fiquei muito desregulado em questão de alimentação, deixei de comer, de dormir e achei até que ia me afastar das obrigações da igreja porque senti que não tinha mais nada para oferecer naquele momento. Não tinha mais forças, nem vontade estar aqui", conta.
Naquele momento, tudo se tornou um grande sacrifício e o religioso demorou a perceber que precisava buscar ajudar. "É sempre o primeiro passo para se libertar de depressão. Procurei ajuda médica, comecei a tomar remédio, fazer terapia e num determinado momento percebi que era a hora de retomar a minha vida, de me sentir útil de novo", lembrou.
O desejo do retorno aconteceu no início da pandemia, em março de 2020. As missas tinham sido suspensas, não tinham mais as participações dos fiéis, as celebrações aconteciam só online e o padre começou a gravar vídeos no Instagram para uma conta ainda considerada pequena, com cerca de três mil seguidores, a maioria deles fiéis da sua paróquia. "Não tinha pretensão nenhuma que isso viesse crescer e se espalhar. Aos poucos ali, conversando com o pessoal da paróquia, o Instagram foi se espalhando e criando uma proporção que jamais imaginei. Esse crescimento de seguidores me assustou muito", diz ele, que reconhece que as redes sociais o ajudaram a superar mais rápido o período difícil de depressão. "A internet foi essencial, serviu como uma distração, como uma terapia. Quando recebo feedbacks positivos, são combutíveis, me dão força, fizeram com que eu recuperasse o ânimo. Não sei se estou curado da depressão, mas me sinto bem hoje".
Padre Patrick recebe cantadas, zoa crossfit e faz piadas de sogra
Além de postar sua rotina na igreja, vídeos de força e fé sobre o evangelho, o religioso tem muito mais alcance quando fala sem tabus naturalmente sobre temas considerados polêmicos, como traição e crises de casamento. "Não tenho problema de conversar de absolutamente nada, consigo conversar sobre tudo. Se a gente foge de assuntos hoje que são pertinentes para o mundo de hoje, a gente se omite, a gente tem que dar a nossa opinião. A gente precisa trazer leveza às coisas porque se esses assuntos que são tabus, forem tratados de forma tão ortodoxa, a gente não vai conseguir entrar no coração das pessoas", opina.
"Gosto que as pessoas me vejam como alguém próximo, acessível, não alguém distante. Atraio pelo humor, mas depois vou trazer uma mensagem de verdade. Ele é uma ferramenta para eu atrair as pessoas", explica.
Vez o outra, ele recebe mensagens mais ousadas e até cantadas de alguns seguidores e conta como reage: "Finjo demência, que não é comigo, que não entendi nada e segue. Tem muitas coisas assim na internet, mas não costumo dar assunto porque foge um pouco da minha vida. Quando é pessoalmente, alguém que já me conhece, uma mulher que nutre um sentimento por mim, a gente vai procurar conversar, mas na internet muitas pessoas não entendem a questão do celibato, que padre não pode casar", diz ele.
O padre também conquista fãs toda vez que faz piada com sogra e zoa os crossfiteiros de plantão. "Crossfit é verdade, já fui algumas vezes, saí de lá passei em coma quase uma semana e nunca mais voltei", brinca ele, que deixa claro que é super a favor do casamento. "A inspiração é o próprio povo, escuto pessoas todos os dias, então vou construindo histórias na minha cabeça. O casamento tem seus pontos fracos também, momentos de desgaste, levo isso para a caixinha de perguntas, óbvio que é uma brincadeira. Sou muito a favor do casamento, aposto muito na família e caso muita gente por aqui, gosto muito até de participar porque é uma oportunidade de falar sobre o amor verdadeiro", conta.
Recém contratado da NonStop Produções, que agencia grandes influenciadores, entre eles, Whindersson Nunes e Isaías, padre Patrick está moderninho, com planos de canal no Youtube, mas avisa que ainda não deu para ficar rico com o sucesso nas redes sociais. "Ainda não deu para enriquecer, fiz pouquíssimas publicidades e tenho negado muita coisa para não perder o foco. A maioria das coisas que divulgo são de graça, de pessoas que conheço. Procuro ponderar para não fazer nada que possa ferir meu ministério".
Por enquanto, padre Patrick não pretende seguir o mesmo caminho de outros padres famosos, como Fábio de Melo e Marcelo Rossi na música, mas não descarta trabalhar futuramente na TV. "Se eu cantasse, com certeza eu seria um nojo, mas infelizmente é impossível eu seguir este caminho. Temos projetos de vídeos no Yotube trazendo uma mensagem mais séria do evangelho. Televisão teria que trabalhar em mim porque sou muito tímido, consigo controlar meu nervosismo, mas ficar em frente de uma câmera precisa ficar mais confortável", avalia.
Natural de Santo Antônio do Canaã, no Espírito Santo, ele se mudou para a cidade de Marabá, no Pará, aos 10 anos de idade. A princípio, ser padre não estava em seus projetos, já que Patrick não é de uma família religiosa, mas, após o convite de um amigo para participar de um retiro para jovens, tudo mudou e ele decidiu que queria seguir na igreja Católica até se ordenar com apenas 25 anos, a idade mínima permitida.
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