Alerta

A saúde mental no foco do trabalho em 2025

Samanta Padilha, especialista em RH, explica como as empresas precisam se preocupar com o bem-estar emocional dos colaboradores


Samanta Padilha
Samanta Padilha é Head de Gente e Gestão do Grupo BGB, especialista em RH

Falar de saúde mental nem sempre foi um assunto confortável. Até bem pouco tempo, falar em ansiedade, depressão ou até mesmo sobre uma ida ao psicólogo ou psiquiatra, acendia uma luz vermelha, e digamos, até preconceituosa sobre alguém em questão. Era normal a sociedade acreditar que indivíduos que tinham alguma condição psicológica diversa da considerada “normal”, era inapto para a convivência e até mesmo para o trabalho.

Na verdade, havia muita falta de entendimento em relação à saúde mental e sobre seus impactos no corpo, no rendimento e em todo o mecanismo que envolve ser uma pessoa saudável. No passado, a saúde mental era uma questão frequentemente negligenciada no ambiente corporativo. Condições como ansiedade e depressão eram, muitas vezes, vistas sob a lente do estigma, resultando em julgamentos equivocados sobre a capacidade ou a produtividade do funcionário. Era comum que empresas desconsiderassem essas condições, tratando-as como falhas e fraquezas pessoais em vez de questões médicas legítimas.

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Avançando no tempo, a conscientização cresceu, e muitos empregadores começaram a perceber o impacto que um ambiente de trabalho solidário e mais acolhedor pode ter no bem-estar e na performance de suas equipes. Enquanto ainda há passos importantes a serem dados, atualmente vemos iniciativas como assistência psicológica, horários mais flexíveis e programas voltados ao bem-estar surgindo em empresas que entendem que cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo.

Os dados sobre saúde mental no trabalho são alarmantes e refletem muito a realidade. Segundo a OMS e a OIT, cerca de 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e à ansiedade, o que significa também perdas milionárias em questões financeiras para as empresas.

No Brasil

Para se ter uma ideia, no Brasil, a situação não é diferente. Em 2023, os afastamentos por transtornos mentais cresceram 38% em relação ao ano anterior, totalizando quase 290 mil benefícios concedidos pelo INSS e os principais motivos foram depressão moderadas e graves e ansiedade generalizada.

Nova Resolução visa priorizar a saúde mental os funcionários

A partir de 26 de maio de 2025, as empresas brasileiras terão que implementar medidas para promover a saúde mental dos colaboradores.

As empresas terão que incluir a avaliação de riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). A exigência é resultado da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em agosto de 2024.

A mudança destaca que riscos psicossociais, como estresse, assédio e carga mental excessiva, devem ser identificados e gerenciados pelos empregadores como parte das medidas de proteção à saúde dos trabalhadores.

Essa exigência vem da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 2024, que agora inclui a avaliação e gestão de riscos psicossociais no ambiente de trabalho.

O que são riscos psicossociais?

Riscos psicossociais são os fatores presentes no ambiente de trabalho que podem prejudicar a saúde mental dos funcionários. Alguns exemplos:

  • Sobrecarga de trabalho

  • Jornadas prolongadas

  • Assédio moral ou sexual

  • Falta de suporte organizacional

  • Pressão por metas inatingíveis

A nova NR-1 exige que as empresas identifiquem e gerenciem esses fatores para prevenir transtornos mentais entre seus colaboradores.

A medida reforça a necessidade de ambientes de trabalho saudáveis, promovendo a saúde mental dos trabalhadores e contribuindo para a redução de afastamentos e aumento da produtividade. Empregadores que já adotam boas práticas relacionadas aos riscos psicossociais terão menos dificuldades na adaptação às exigências.

Para a Psicóloga e Neurocientista Luciana Soler, isso só será possível se: “A cultura organizacional precisa estar alinhada com o objetivo de promover esse ambiente, incentivando diálogos abertos sobre saúde mental e prevenindo o estigma em torno do tema. Mas fazer tudo isso sem investir pesado no treinamento de líderes e gestores que sejam capazes de identificar sinais de ansiedade entre os funcionários e promover um ambiente de acolhimento e compreensão seria um erro”.

Outro passo importante é ir além da “ginástica laboral”. Proporcionar atividades que promovam bem-estar, como programas de incentivo à prática de exercícios físicos e momentos de descanso se mostra uma estratégia mais eficiente.

E certamente as empresas que oferecem esses benefícios não apenas demonstram preocupação com seus colaboradores, mas também percebem um impacto positivo na produtividade e na satisfação da equipe.

E maior produtividade é igual a melhores resultados.

Resumindo: “É preciso entender que cuidar do colaborador dá lucro”, finaliza a psicóloga Luciana Soler.

Especialista em RH explica como funciona na prática

Conversamos com a Head de RH e gestão de pessoas do Grupo BGB, Samanta Padilha, e ela nos explicou como todos esses processos são aplicados na empresa como devem acontecer na prática:

O que a saúde mental significa hoje para as empresas?

Saúde mental deixou de ser um tema secundário e passou a ser um pilar estratégico para as empresas que desejam ter equipes produtivas, engajadas e inovadoras. Empresas que ignoram essa pauta enfrentam altos índices de absenteísmo, turnover (alta rotatividade de colaboradores) e baixa performance. Hoje, cuidar do bem-estar emocional dos colaboradores não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também um diferencial competitivo. No Grupo BGB, entendemos que investir em saúde mental é investir no sucesso do negócio.

Como lidar com colaboradores que estão passando por dificuldades emocionais?

Acolhimento, escuta ativa e suporte real são essenciais. Não basta apenas ter um canal aberto para conversas, é preciso agir. O colaborador precisa sentir que pode falar sem medo de julgamento e que terá apoio, seja com acesso à terapia, flexibilidade em momentos críticos ou um ambiente que respeite seus limites. Além disso, a capacitação das lideranças é fundamental para que saibam reconhecer sinais de sofrimento emocional e agir de forma humanizada, destaca Samanta Padilha.

Quais os principais desafios que as empresas enfrentam quando se fala em saúde mental dos colaboradores?

Um dos maiores desafios ainda é o tabu em torno do tema. Muitas empresas falam sobre saúde mental, mas poucas criam políticas reais para apoiar os colaboradores. Outro ponto crítico é equilibrar a alta performance com o bem-estar, produtividade não pode ser confundida com sobrecarga. Além disso, garantir que as lideranças estejam preparadas para lidar com essas questões de forma empática e assertiva é um desafio constante.

É possível criar um ambiente de menos pressão nas empresas?

Sim, e esse deve ser um compromisso de qualquer organização que valoriza seu capital humano. Pressão faz parte do mundo corporativo, mas ela precisa ser saudável. Um ambiente onde há comunicação transparente, reconhecimento do trabalho e equilíbrio entre vida pessoal e profissional reduz o estresse excessivo. No Grupo BGB, investimos em uma cultura organizacional que prioriza resultados sustentáveis, sem renunciar à qualidade de vida do nosso time.

O que pode ser feito para que o colaborador se sinta acolhido?

Acolhimento vem da cultura, e não apenas de ações isoladas. Criar um ambiente seguro, onde as pessoas possam falar sobre suas dificuldades sem medo, é o primeiro passo. Além disso, oferecer benefícios que incentivem o cuidado com a saúde mental, como acesso a terapia, e ter lideranças preparadas para apoiar seus times faz toda a diferença. No Grupo BGB, o colaborador sabe que não está sozinho, ele tem suporte real.

Mulheres estão mais propensas a segurar os problemas emocionais até mesmo porque cuidam dos seus lares sozinhas. Muitos homens escondem qualquer problema por acharem que não podem fraquejar. Como a empresa consegue ter um olhar sobre esses casos?

Com um olhar atento, inclusivo e empático. Reconhecemos que as mulheres enfrentam uma dupla jornada e que os homens ainda lidam com um estigma forte quando o assunto é vulnerabilidade emocional. Por isso, criamos canais de escuta onde todos se sintam à vontade para buscar apoio. Além disso, incentivamos a conversa aberta sobre saúde mental e capacitamos nossas lideranças para identificar sinais de sobrecarga e oferecer suporte adequado, sem julgamentos.

O RH gere pessoas e, como tal, tem um olhar sobre os colaboradores na questão da saúde mental? Ele consegue ver pequenos sinais de que o colaborador está com algum problema?

Sim, e esse é um dos papéis mais importantes do RH moderno. Mais do que gerir processos, estamos aqui para cuidar de pessoas. Um RH bem estruturado observa mudanças sutis de comportamento, queda de desempenho, aumento de absenteísmo e até mesmo alterações no humor dos colaboradores. Mas, para além da observação, é essencial agir: criar espaços de escuta, incentivar diálogos e garantir que o colaborador receba o apoio necessário para superar seus desafios emocionais.

O que você acha importante nessa questão da saúde mental dos funcionários?

O mais importante é que saúde mental seja tratada com a mesma seriedade que a saúde física. Ninguém questiona a necessidade de um afastamento por uma doença física, mas ainda há resistência quando se trata de questões emocionais. Precisamos normalizar essa conversa, oferecer suporte real e garantir que nossos colaboradores tenham acesso aos recursos necessários para cuidar do seu bem-estar.

O que a empresa em que você trabalha faz para auxiliar o colaborador nessa questão?

No Grupo BGB, não apenas falamos sobre saúde mental, nós agimos. Contamos com a escuta terapêutica, um canal de acolhimento onde os colabo os colaboradores podem compartilhar seus desafios emocionais com profissionais capacitados. Além disso, oferecemos benefícios que garantem acesso à terapia e promovemos uma cultura organizacional que valoriza o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Nosso compromisso é criar um ambiente onde as pessoas possam crescer e se desenvolver sem abrir mão do seu bem-estar.

Investir em saúde mental e no bem-estar dos colaboradores não é apenas uma moda passageira e tampouco um favor, é uma opção muito necessária e certeira das empresas que vislumbram construir uma cultura organizacional mais sólida e ter equipes mais eficientes e leias.


Samanta Padilha é Head de Gente e Gestão do Grupo BGB, especialista em RH.

Reconhecida como uma das Top 50 Executivas de RH - projeto inscrito: treinamento e capacitação em dev's de TI de pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

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